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Após dois meses, pedreiro recebe de volta dinheiro perdido

02/04/2019 - 12h49min

Atualizada em 02/04/2019 - 13h20min

Herval/Morro Reuter – Em tempos onde nos deparamos com a desonestidade, malas de dinheiro público sendo desviadas, encontramos um paradoxo interessante que contradiz um pouco do que estamos acostumados a ver nos noticiários. Após dois meses, um pedreiro de Morro Reuter conseguiu recuperar R$ 1.315 perdido no ano passado. O que parecia quase impossível aconteceu: uma pessoa honesta encontrou a quantia e por todo esse tempo a guardou. Foi assim que a vida de Batista Clement, morador da Vila Ferraria, em Herval, cruzou o caminho do pedreiro Nelson Dapper, de São José do Herval. Ele encontrou o dinheiro no dia que foi perdido, mas só conseguiu descobrir o verdadeiro dono dois meses depois, quando fez a entrega. Durante todo esse tempo, nunca cogitou ficar com a quantia que não era sua. Batista trabalhava no período noturno em uma empresa de calçados de Picada Café. Todo dia ele dirigia uma Kombi, na qual ele e demais funcionários se deslocam para o trabalho. No final de outubro, por volta das 8h, enquanto voltava da empresa, na altura da divisa entre Morro Reuter e Herval (perto da antiga mecânica Dapper), alcançou um Toyota Etios branco e, de longe, avistou algo em cima do porta-malas que chamou sua atenção. Era um maço de dinheiro, que caiu quando o veículo arrancou. Batista seguiu e logo parou. Porém, no tempo que desceu do carro, pegou o dinheiro e tentou ir atrás da pessoa que tinha perdido, a perdeu de vista. Também não conseguiu anotar a placa. Por dois meses, Batista tentou localizar o dono do dinheiro e, por todo o tempo, manteve a quantia guarda. Mesmo que neste período ficou desempregado e sua esposa teve um filho.

“O QUE NÃO É MEU EU NÃO TENHO DIREITO”

Dois meses depois do ocorrido, ficou sabendo de alguém que tinha perdido dinheiro em São José do Herval. “Fiquei muito feliz quando finalmente consegui um sinal de quem perdeu o dinheiro”, disse. “Antes disso, em dezembro, fiquei desempregado e meu filho nasceu. Eu poderia muito bem ter feito uso desse dinheiro para suprir minhas necessidades, mas eu sabia que isso não seria o certo a ser feito. Eu fui criado assim pelos meus pais, essa educação veio do berço, o que não é meu eu não tenho direito”, afirmou.

“QUASE NÃO ACREDITEI”

Nelson e Batista não se conheciam. “No início de janeiro, o Batista veio lá em casa, disse que veio me devolver o que eu tinha perdido no ano passado. Eu nem entendi o que ele queria dizer, mas aí ele me perguntou se eu tinha perdido dinheiro, me perguntou a quantidade e toda a história fechou. Ele me entregou exatamente a quantia que eu tinha deixado em cima do carro do meu irmão e, além disso, ele me devolveu as mesmas notas, na mesma borrachinha velha”, fala sorridente. Tamanha foi a alegria do Nelson, que ainda hoje guarda aquela velha borrachinha em casa. “Fiz isso para me lembrar todo dia que existem pessoas boas nesse mundo, que fazem o bem sem importar a quem”, disse, que chegou a querer presentear Batista com uma quantia em dinheiro, mas ele recusou. “Eu quis que ele ficasse com a metade do dinheiro, pois para mim esse valor já estava perdido. Mas o Batista não aceitou, disse que ele fez apenas a sua obrigação. No fim eu insisti para que, de coração, aceitasse pelo menos R$ 400 como recompensa por ter tido essa boa fé, exemplar para todos”, disse. “Para mim não importa o valor, o que importa é a atitude. Ele teve a honestidade que precisamos que todas as pessoas tenham, principalmente nossos governantes. Se todos fossem assim, com certeza estaríamos em um mundo melhor”, comenta Nelson.

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