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Falta de vaga em UTI neonatal gera verdadeira luta contra o tempo
Dois Irmãos – A busca por uma vaga em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) é sempre uma luta contra o tempo, que envolve médicos e toda a equipe de profissionais da saúde, seja da emergência 24 horas ou do hospital. Ter um paciente na linha entre a vida e a morte dependendo de uma vaga dessas é estar na tensão desde o primeiro momento da confirmação da necessidade da vaga até o recebimento da ligação da Central de Leitos do Estado confirmando a liberação da mesma. Às vezes a notícia entre uma e outra pode demorar horas ou até mesmo dias. E toda essa tensão se multiplica quando a vaga é por uma UTI neonatal. São duas vidas em jogo: da gestante e do bebê, que já luta pela vida antes mesmo de nascer. Aquele momento mais sublime se transforma no de maior tensão para a futura mamãe. Dois Irmãos já viveu lutas angustiantes e, felizmente, na história recente, todas as mães e bebês conseguiram a vaga a tempo.
O secretário da Saúde, Afonso Bastian, ressalta que a vaga em uma UTI pediátrica é uma das mais difíceis de conseguir, tanto pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como também pela rede particular. “Quando recebemos uma paciente que se diagnostica a necessidade de uma vaga, iniciamos uma verdadeira luta contra o tempo. Cada uma hora que passa, é tensão que aumenta, e tudo vai se tornando mais difícil dependendo da evolução do quadro de saúde dela. Tanto no hospital como no Postão 24h, a rotina muda completamente com um paciente que necessita de UTI. No caso de gestante, os cuidados são todos no hospital. A equipe se dedica completamente com a paciente, fazendo exames constantes para acompanhar a evolução”.
REGULAÇÃO – O primeiro passo é colocar a paciente na regulação do Estado e, com isso, a vaga pode surgir em qualquer lugar do Rio Grande do Sul. Há situações que a pressão de ordem judicial auxilia e, dependendo da gravidade, o município tenta comprar a vaga diretamente em um hospital particular. “Porém, já tivemos casos, que mesmo pedindo para comprar uma vaga particular, os hospitais não tinham leito. Temos os hospitais de Sapiranga e Novo Hamburgo particulares aqui perto e, às vezes, eles também estão com os leitos lotados”, comenta o secretário.
ALTO INVESTIMENTO NO CUSTEIO DA VAGA
A maioria das vagas em UTI neonatal é conseguida através da Central de Leitos, pelo Samu Vaga 0 ou até mesmo por ordem judicial – na maioria dos casos o Ministério Público a pedido da família interfere e bloqueia determinado valor do Estado (principalmente) para o custeio. No entanto, há casos que o município, pela gravidade e por não poder esperar por uma vaga através destas condições acima, acaba custeando a mesma porque a vida da mãe e bebê estão em risco, não tendo mais como esperar por nada. Nos últimos meses do ano passado, a Prefeitura precisou pagar por duas vagas, sendo que em uma delas, também foi necessário custear semanas no leito da UTI, até o bebê, que nasceu prematuro, se fortalecer. Nas duas situações, o investimento foi de cerca de R$ 120 mil. “É uma conta alta, mas há situações que essa é a melhor decisão a se tomar, porém, há reflexos no orçamento. Claro, a vida está acima de tudo. Toda necessidade de uma vaga em UTI exige muito de todos e a gente não mede esforços cada vez que uma situação dessa ocorre, como já disse: é uma luta contra o tempo. Infelizmente, os hospitais estão enfrentando cada vez mais dificuldades e as vagas em UTI´s neonatais são poucas no Estado. Nosso hospital é de baixa complexidade, mas até que a paciente seja transferida, damos um suporte qualificado”. O município também é responsável pelo custeio da transferência, com o pagamento da ambulância para o transporte, independente da cidade que a vaga for aberta.