“É isso que nos faz continuar”, diz médico que ajudou a salvar vida de rapaz acidentado

Herval – Ainda era madrugada. O telefone celular dele tocou. Do outro lado da linha era um colega, também médico, pedindo ajuda. Sem pensar duas vezes, o cardiologista de Santa Maria do Herval, Mauro Billodre, não se importou que era um domingo de folga e saiu de Dois Irmãos com destino ao município vizinho por volta das 5h30. Ele iria ajudar o colega que estava com dois pacientes em estado grave após acidente de trânsito e outro terceiro chegando que havia infartado em casa. A mesma atitude de Mauro, colocando a vida dos pacientes e a missão de salvar em primeiro lugar, também foi tomada por enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas naquele domingo, dia 7 de julho.

A equipe praticamente triplicou em uma situação que não é comum em Herval. “Atendemos muitos pacientes graves, mas de chegar três praticamente ao mesmo tempo, é atípico. E toda a equipe se sensibilizou e foi ao Ambulatório Municipal para ajudar”, conta ele, orgulhoso.

ENTRE A VIDA E A MORTE E A TENSÃO DE CONSEGUIR VAGA 

O caso mais grave era do jovem Josterdan Wermeier, mais conhecido como Joster, de 25 anos, de Ivoti. Ele e o amigo Henrique Alves, 25 anos, de Esteio, sofreram um grave acidente na VRS-873, ainda no Centro de Herval. O estado de saúde de Joster, que sofreu lesões graves pelo corpo e cabeça, se agravava a cada minuto que passava e a equipe não conseguia vaga da UTI do Hospital de Pronto Socorro (HPS), de Canoas. “O caso era gravíssimo, ele estava entre a vida e a morte. Lutamos contra o tempo e todas as dificuldades para conseguir tentar estabilizar e conseguir a remoção. Ele precisava urgente de cirurgia para conseguir sobreviver”, lembra Mauro, que após ter dois pedidos de vaga negado porque a emergência do HPS estava lotada, conseguiu uma vaga através do Samu Vaga Zero. “Uma equipe ficou no posto e eu segui com outra na ambulância. Como trabalho na emergência do HPS, logo que cheguei e vi a situação que estava, realmente super lotado, consegui autorização e já entrei para fazer tomografia e, imediatamente, conseguimos encaminhar ele para cirurgia”, recorda Mauro, que somente retornou para Herval por volta das 13 horas do domingo.

O MELHOR SENTIMENTO, SE IMPORTAR COM O PRÓXIMO E SALVAR UMA VIDA

Para o amigo de Joster, a equipe não conseguiu vaga. Porém, como o caso dele não era tão grave e tinha plano de saúde, foi transferido de forma particular para Porto Alegre. “Ele tinha uma fratura no rosto, mas não corria de risco de morte como o amigo. Tanto que conseguia caminhar e estava consciente”, conta Mauro. Infelizmente, a outra paciente em estado grave não sobreviveu. Ela já chegou no ambulatório inconsciente e, apesar de todos os esforços e manobras de ressuscitação, não resistiu. “Todos trabalhamos juntos e fizemos tudo que podíamos para ter o melhor resultado”.

Sobre o sentimento de conseguir salvar a vida de Joster, que ficou 33 dias internado, Mauro reforça todo o empenho e preparo da equipe. “Não foi trabalho de apenas uma pessoa; foi o esforço de toda a equipe, tanto de quem estava de plantão como de todos que saíram da folga. Temos uma equipe que está preparada para atender casos graves, que participa das capacitações e que se importa”, conta o cardiologista, que ao lado da equipe, acompanhou a evolução de Joster. “Ficamos muito felizes. É isso que nos faz continuar, conseguir estes resultados. Não tem dinheiro que pague isso, de fazer a diferença. Temos um grupo de trabalho que se preocupa, há esse diferencial em Herval. A gente se envolve, quer fazer o melhor para conseguir salvar e também procuramos acompanhar a situação”.

EQUIPE DE FOLGA E PLANTÃO

Médicos Guilherme e Mauro, enfermeiros Jaqueline e Eder, ténicos em enfermagem Tânia, Irineo, Graciele e Vivian e os motoristas Plínio, Mauri e Luis. Normalmente, a equipe é formada por um médico, um técnico, um enfermeiro e um motorista.