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Isev desviou R$ 24 milhões do hospital de Dois Irmãos e de outras cidades
Dois Irmãos – O Instituto de Educação e Saúde Vida (Isev), que administrou o Hospital São José de Dois Irmãos de 2014 até meados de outubro do ano passado, é alvo de denúncia do Ministério Público (MP) local. Uma investigação de mais de um ano e meio, comandada pelo promotor público Wilson Grezzana, descobriu que os gestores do Isev criaram uma conta fraudulenta e desviaram pelo menos R$ 24 milhões do hospital de Dois Irmãos e de outras cidades, cujas casas de saúde eram administradas por eles, para não pagar as dívidas das unidades.
DENÚNCIA REVELOU MANOBRA FRAUDULENTA
Conforme apontado pela denúncia, o Isev transferia com frequência dinheiro da sua conta para a Associação São Bento, com sede em Porto Alegre. A associação foi criada, segundo o promotor, como uma conta laranja e a investigação dessa manobra fraudulenta com o dinheiro público começou através de uma denúncia anônima ao promotor. A pessoa fez revelações sobre a fundação da São Bento e repassou os dados necessários para conseguir a quebra do sigilo das contas bancárias da mesma e, assim, confirmar as transferências.
A denúncia por improbidade administrativa contra quatro pessoas foi feita ao Judiciário no último dia 23. Grezzana pediu, em caráter liminar, a indisponibilidade dos bens dos denunciados. Veículos e imóveis não poderão ser vendidos e ficarão como garantia, caso estes sejam condenados. Os bens são a garantia de que a sentença possa ser paga.
QUEM SÃO OS DENUNCIADOS
A denúncia do MP é contra Isev, Associação São Bento e nas pessoas de Juarez Ramos dos Santos, Reni dos Santos, Beatriz Brandi Vieira e Lucia Bueno Mainieri, todos de Porto Alegre e vinculados às instituições. Juarez é o diretor do Isev e também consta como um dos fundadores da São Bento. Reni é presidente da São Bento e Lúcia vice-presidente e Beatriz tesoureira do Isev. “Ambos têm vínculos com o instituto e a associação. A São Bento nunca prestou serviços, ela é uma conta laranja para receber os depósitos do Isev”, destaca o promotor. Ele explica que o Isev estava fazendo diversas transferências para a São Bento a fim de evitar que valores existentes em sua conta bancária fossem penhorados. Essas transferências e a fundação da associação começaram justamente depois que os atrasos de fornecedores, prestadores de serviços e demais ‘não pagamentos’ foram denunciados ao Conselho de Saúde e o mesmo começou a solicitar documentos. “A contabilidade do Isev era fragilíssima. Apresentar um balancete é fácil, a transparência é com a apresentação de notas”, conclui.
ESTRATAGEMA – No período de 29 de setembro de 2017 a 30 de abril de 2018, o Isev transferiu de sua conta para a São Bento mais de R$ 24 milhões. “Essas transferências não envolvem apenas a unidade de Dois Irmãos, mas também valores vinculados a outras unidades onde serviços análogos eram prestados”, relata o promotor Grezzana. Além disso, Grezzana revela que também foram feitos depósitos entre as contas dos denunciados e funcionários. Em audiência na promotoria, Lucia chegou a confessar que até para contas pessoais houve transferência.
REPORTAGEM EXCLUSIVA SOBRE INVESTIGAÇÃO E
DENÚNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA EDIÇÃO DESTA SEGUNDA-FEIRA