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Conheça a história do primeiro diretor de ensino de Dois Irmãos
Dois Irmãos – Lembrado como um entusiasta da educação de Dois Irmãos, Plínio Weber foi o primeiro diretor de ensino do município. Ele fez o que amava, em um lugar que escolheu para viver, desenvolver seus ideais e objetivos que se perpetuaram e, até hoje, são lembrados por aqueles que, de alguma forma ou de outra, compartilharam a história de Dois Irmãos com ele.
Natural de Salvador do Sul, então distrito de Montenegro, Plínio nasceu em 05 de janeiro de 1929. Começou a estudar no Seminário Menor São João Maria Vianney, em Bom Princípio. Depois, concluiu o ginásio no Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre. No dia 06 de maio de 1948, quando tinha 19 anos, Plínio se formou em magistério em Guaporé, no Ginásio J. Conceição E.N.R.
Depois que se formou, começou a lecionar para turmas multisseriadas na Escola Agrícola da localidade de Linha Comprida, no distrito de Salvador do Sul. Em 1955 a mesma escola passou para o Estado, e Plínio foi o primeiro professor e diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental Adolfo Flor, até 1960.
Após isso, por ser professor estadual, Plínio foi transferido e passou a dar aula em Porto Alegre durante dois anos, pedindo, então, transferência pois, de acordo com a família, estava “enjoado” da Capital. O pedido dele foi aceito e, não muito tempo depois, em 1961, surgiu uma vaga no departamento de educação de Dois Irmãos. Como Plínio tinha as qualificações necessárias, ele foi destinado para o município, sendo, dessa forma, cedido pelo Estado para a prefeitura de Dois Irmãos, para ocupar o cargo de coordenador de ensino.
Algum tempo depois depois, ele foi convidado pelo então prefeito Walter Fleck (Partido Libertador – PL), a tomar a frente da Diretoria de Ensino de Dois Irmãos.
Com um olhar visionário sobre a educação e demais temas pertinentes à sociedade, Plínio Weber foi um personagem que marcou a história de Dois Irmãos, sendo lembrado pelos trabalhos desenvolvidos e legados deixados.
Promovendo ao máximo a educação
Desde o momento que assumiu a Diretoria, que naquela época atendia também os distritos de Morro Reuter e Santa Maria do Herval, Plínio enalteceu a educação acima de tudo. “Meu marido sempre considerou a educação muito importante e, assim, deu oportunidades para muitas pessoas, que, da mesma forma como ele, tinham o objetivo de trabalhar em prol de uma educação de qualidade”, comentou sua esposa, Veronica Leocádia Weber, ressaltando ainda que, na época, tinha poucas pessoas formadas em magistério para lecionar.
Diante dessa dificuldade, Plínio deu oportunidades, até mesmo à jovens, para darem aula. E mesmo que os professores não tivessem magistério, o secretário sempre investiu em formação, através de cursos e encontros preparatórios, promovendo o máximo de incentivos para educadores.
Indo muito além da sala de aula
Plínio e Verônica se conheceram quando ele veio lecionar em Linha Comprida, e ela morava naquela localidade. Em 1953 se casam, e tiveram quatro filhos. Ainda em Linha Comprida, Verônica ajudava na escola como servente em um período em que faltou professor. “Eu já havia trabalhado na limpeza da escola e, depois, na época do Leonel Brizola, faltaram professores e eu auxiliei por um tempo na sala de aula”, disse Verônica.
Também em Porto Alegre, a esposa acompanhou Plínio, mas, nesse caso, trabalhou na cozinha do Grêmio Náutico União – experiência que depois foi usada para trabalhar como chefe de cozinha no primeiro refeitório de Dois Irmãos, da indústria de calçados Wirth.
Verônica conta que seu marido deixou marcos muito importantes. Um exemplo, é a criação da primeira biblioteca do município, ao lado da Igreja Católica, no local onde foi criada a primeira sala de aula de Dois Irmãos. “Ele gostava muito de ler. Era uma das coisas que ele mais gostava de fazer. Uma vez, em uma casa de veraneio, ele passou a madrugada inteira acordado para ler Cem Anos de Solidão”, relembra Verônica.
Dedicação
Plínio ia muito além do ofício de diretor de ensino que lhe era designado. “Ele fazia reunião nos colégios, e não falava só com o grupo escolar. Chamava os agricultores para dar conselhos em relação às plantações. Ele tentou ajudar muito os colonos da época, pois eles só plantavam batatas e cebolas. Ai ele foi conversando com eles, dizendo que, se falhassem essas plantações, não teriam nada. Assim, aconselhou que investissem também em outras culturas, para que pudessem ter uma garantia”, comentou a esposa. Além disso, ia com ele também a Irmã Barbarina para falar de saúde e assistência social.
Continuou mesmo aposentado
Plínio se aposentou, mas não parou. No dia em que fez 40 anos, em 1969, prestou vestibular para direito na Universidade do Vale do Rio dos Sinos e passou. Estudou por oito anos, se formando em 1977, exercendo a função até falecer, em 1994, aos 65 anos. “São muitas lembranças boas, mas a melhor, é da companhia dele. Ele era muito sensível, muito solidário, principalmente com quem mais precisava”, disse a esposa.
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