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Efeito contrário

25/11/2019 - 11h11min

A Associação dos Defensores de Animais de Ivoti – Adai – elaborou um projeto de lei que foi apresentado pelos vereadores Rafaela Lima e Márcio Guth com o objetivo de acabar com os maus tratos e abandono de animais no município. A iniciativa é das mais elogiáveis. Quem não quer acabar com o abandono de animais e maus tratos? Todo mundo anseia por isso. E para diminuir esta incidência, devemos fazer o que? É uma boa pergunta: porque não basta instituir uma lei extremamente complexa, punitiva, restritiva e cara, que vamos diminuir os maus tratos e abandono de animais. Lendo uma parte do projeto de lei porque não dá para ler tudo (são 37 páginas) é fácil de constatar que o objetivo almejado será o contrário. No dia em que instituída esta lei da forma como está, vai diminuir o número de pessoas que tem animais de estimação e aumentar os animais de rua. O efeito será o contrário. Se colocar em lei o mundo dos sonhos, viveríamos todos num paraíso. E o Brasil não é nenhum paraíso, porque já tem leis demais. A área trabalhista é um belo exemplo para os integrantes da ADAI. Nos EUA não existe Justiça Trabalhista e tudo é resolvido entre empregado e empregador. Aqui você contrata um empregado e paga dois. O resultado: todo mundo quer ir trabalhar nos EUA porque lá tem emprego e o salário é 5 vezes maior. Lá o desemprego é mínimo e aqui temos 50 milhões de desempregados e pessoas sem carteira assinada.

RESULTADO

O resultado se fosse transformado em lei este projeto dos animais de estimação seria parecido. Por exemplo, se hoje 50% das casas tem animal de estimação, este número cairia com o tempo para 10% e olha lá. Posso citar aqui exemplos práticos.
– Tenho um Labrador chamado Príncipe. Ele foi abandonado com 3 pernas quebradas na estrada da Cascata. Ajudei a pagar no hospital veterinário da Ufrgs as cirurgias a que foi submetido. Quando ganhou alta, meio ano depois, ficou uma pergunta no ar. E agora, o que fazer com ele. Adotei o Príncipe e ele está comigo até hoje. Com esta lei aí jamais faria isso.
– Outro dia apareceu uma gatinha de uns 3 meses na porta do Diário, magrinha e precisando de ajuda. Adotei a Bolinha e por falta de castração a família já se transformou em seis gatos. Jamais faria isso com esta lei aí em vigor.
– Há uns 8 anos num dia de chuva e frio, nos fundos do Diário, tinha um filhote miando ao amanhecer. Recolhemos ele e o tratamos. Transformou-se numa bela gata chamada Bola que está conosco até hoje. Com esta lei aí jamais faria isso.
– E temos ainda a Redação, uma gata de uns 12 anos que foi adotada por causa de uma ninhada indesejada de funcionário do Diário. A Redação recebe todos os dias o carinho de todos os funcionários. Com esta lei jamais faria isso.

INCENTIVO

Por mim a lei que está na Câmara pode ser aprovada como está. No entanto, deveria ser retirada pelos seus autores para um debate mais amplo em torno do assunto. Esta lei desestimula a adoção acima de tudo. As pessoas de bem vão se afastar dos animais. Portanto, devemos fazer uma lei que puna os responsáveis pelos maus tratos e que abandonam animais. E esta lei já existe. Nem vou mais comentar aqui os artigos da lei porque virou chacota na cidade. Tem um vereador com mais de 20 cães. Como só pode ter 16 segundo o projeto, o que será feito com o excedente de quatro? Este é o momento em que as pessoas têm que ser chamadas à razão e parar de agir passionalmente e de forma emotiva.

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