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Ivoti é 3º município do país com mais marcas de cachaças registradas

28/07/2020 - 09h44min

Guilherme Bockorny é gerente da Cachaçaria Bockorny, um dos empreendimentos tradicionais de Ivoti (Créditos: Felipe Faleiro)

Ivoti – Assim como em 2018, o número de registros de cachaças fez o município figurar novamente entre os líderes dos produtores nacionais. É o que mostra dado da pesquisa “A cachaça no Brasil – dados de registro de cachaças e aguardentes”, com dados de 2019, divulgado pelo Ministério da Agricultura na semana passada.

Conforme o relatório, Ivoti tem 99 marcas (3º lugar no País) e 32 registros (7º lugar nacionalmente). Em 2019, o município tinha 89 registros. “Isto mostra novamente que Ivoti continua sendo destaque neste mercado, assim como o foi em outros anos, mas infelizmente talvez tenha sido um setor com muitas perdas em razão da pandemia”, aponta o prefeito Martin Kalkmann.

Nacionalmente, o número de cachaças e aguardentes apresentou queda de 22,2% em 2019, muito em função do recuo de 41% em fabricantes de aguardente no ano passado na comparação com o período anterior. Já as marcas de produtos classificados apenas como cachaças aumentou de 3.648 em 2018 para 4.003 em 2019, crescimento de 9,7% no índice.

Martin Kalkmann, prefeito de Ivoti

O número de marcas pode ser igual ou superior ao de registros, conforme o ministério, já que cada marca, ou empresa, pode ter vários tipos de cachaça ou aguardente. Em Ivoti, três cachaçarias se destacam: a Weber Haus, a Bockorny e a Buchmann, todas com lojas próprias e relativo destaque no mercado, inclusive com premiações dentro e fora do Brasil.

“Todos estes resultados positivos se devem ao esforço destes moradores de Ivoti, que acreditaram e empreenderam. A cachaça daqui tem tanta qualidade quanto a de Minas Gerais”, aponta o presidente da Associação Brasileira dos Responsáveis Técnicos de Destilarias, Alambiques e Engarrafadoras de Bebidas (ABTRB), Paulo Ramos.

A tradição de Ivoti e da região da Encosta da Serra no cooperativismo, assim como ocorre em toda a região, também representa um incentivo aos produtores investirem na aguardente, assim como em outras atividades da agricultura familiar. “Todos os produtos que são fabricados em Ivoti são de primeiríssima qualidade”.

“Todos estes resultados positivos se devem ao esforço destes moradores de Ivoti, que acreditaram e empreenderam”

Vantuir Schneider trabalha na Casa Buchmann, estabelecimento tradicional (Créditos: Felipe Faleiro)

Rodrigo Sasso, da Emater de Ivoti

Estudo quer tornar Ivoti polo produtor de cana

Fatores naturais também contam a favor do município, no que diz respeito à produção, bem como a tradição das famílias. “Ivoti está na transição de serras baixas para Serra, e tem ainda boa condição de clima, umidade, encostas voltadas para o norte e boa insolação”, analisa o engenheiro agrônomo do escritório de Ivoti da Emater, Rodrigo Sasso.

Há um estudo da regional da Emater de Porto Alegre, em conjunto com a Embrapa Solo Temperado, de Pelotas, que busca aproveitar estas condições para que Ivoti possa eventualmente se tornar um polo de produção da cana-de-açúcar. A planta é matéria-prima não apenas da cachaça, mas de açúcar, melado, entre outros, além de poder ser utilizada na alimentação animal.

Variedades da Weber Haus, uma das cachaçarias mais premiadas no município e Estado (Créditos: Divulgação/Weber Haus)

A reinvenção dos produtores na pandemia

A Covid-19 trouxe uma redução de vendas no mercado, mas quem soube se reinventar não teve prejuízos de fato. “Mesmo que a comercialização tenha caído, conseguimos manter nosso quadro de funcionários, pois estamos no período de safra. Pensamos agora no crescimento pós-pandemia”, diz o diretor da Weber Haus, Evandro Weber.

“Os produtores, de forma geral, tiveram uma queda significativa nas vendas, mas mais pela dependência, muitas vezes, de outros eventos. Percebo que houve uma retração inicial, mas depois houve uma retomada no consumo”, comenta Ramos, salientando ainda que o isolamento social e a permanência em casa fizeram com que as bebidas alcoólicas fossem também mais consumidas.

Gerente da Cachaçaria Bockorny, Guilherme Bockorny afirma que pessoas vêm de longe para saber sobre as cachaças ivotienses e, logicamente, comprá-las. A fábrica, com 35 registros, produz 150 litros por dia do produto e tem, em estoque, 80 mil litros. “Vejo como positivo este aspecto. A procura aqui é quase igual a das cervejarias”.

Já Vantuir Schneider, que trabalha na Casa Buchmann, comenta que o diferencial dos produtos é mesmo a qualidade. “Têm muitas pessoas que vêm aqui, vindos de outros lugares especialmente para procurar as cachaças, e entendem que nosso produto é bom. São consumidores que já estão acostumados a apreciá-las”.

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