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Última despedida de Adélcio Haubert comove Santa Maria do Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Após seis dias de angústia diante do ocorrido na noite de quarta-feira, 21, o desfecho trágico foi anunciado na tarde de segunda-feira, 26, com a notícia de que Adélcio Haubert veio a óbito por não resistir ao ferimentos causados pelo tiro que levou na cabeça em sua própria residência, na localidade de Boa Vista do Herval. Ele estava internado na Unimed em Novo Hamburgo, onde havia passado por uma cirurgia ainda na noite de quarta e, depois disso, permaneceu em coma no estágio quatro até sua morte. O município decretou luto oficial de três dias.
Familiares e amigos se despediram do empresário e ex-vice-prefeito na tarde dessa terça-feira, no Cemitério Católico do Centro. Seu corpo já estava sendo velado desde o início da manhã e, a cada instante vinham amigos e conhecidos para, de alguma forma ou de outra, trazer palavras de conforto para a família que está muito abalada. Ao lado do caixão, sua mãe Lucinda, sua esposa Flávia junto com os filhos e netos buscavam forças para assimilar a partida precoce de Adélcio que morreu aos 65 anos.
Após o velório o corpo de Adélcio foi sepultado em uma cerimônia simples, com a presença dos familiares, amigos, ex-funcionários e pessoas que o admiravam por tudo o que fez pelos moradores e o município de Santa Maria do Herval.
Ficam enlutados a viúva Flavia Haubert, os filhos Rafael e Patricia, a nora Karol, o genro Júnior e os netos Rafaela, Diogo, Valentino e Henry mãe Lucinda e a irmã Dulce Alles.
Lembranças que marcam
Cada um que vinha fazer sua última homenagem trazia em seu semblante a tristeza de ver partir um amigo, alguém próximo à comunidade e que buscava ajudar sempre que possível. Nas conversas lembranças de algumas épocas surgiam e mesmo diante da inconformidade e tristeza, alguns sorrisos remetendo à saudade eram esboçados quando se falava de Adélcio e da pessoa que ele foi. “Era um alguém muito humilde; andava por aí de chinelo de dedo, cumprimentava a todos e se importava com as pessoas”, disse um morador.
Outro acrescentou que Adélcio sempre fazia parte das promoções da comunidade. Lembrou que ele trazia a carne do seu frigorífico, na época Matadouro Haubert, para fazer o churrasco dos eventos. Deixava o caminhão frigorífico lá para que fosse usado para gelar a cerveja e as demais bebidas. “Depois, quando a festa ou baile acabava, nós o perguntávamos o quanto estávamos devendo por ter ajudado com o caminhão. Ele nunca nos cobrou nada”, afirmou.
Um morador recordou que quando era candidato à vice-prefeito, ao se defender de alguma crítica na campanha, Adélcio usava a famosa frase: “Essa é para boi dormir”. A frase, de acordo com ele, ficou marcada. “Mesmo passados muitos anos ainda lembramos disso. É uma pena ver ele partir assim”.
“Um homem que representou
muito para a comunidade”
Adélcio é o segundo ex-vice-prefeito de Herval, sendo o vice de Ademir Schneider na gestão de 1993 a 1996. Ademir conta que considera Adélcio um irmão de coração, pois, além de terem sido parceiros na política cresceram juntos sendo amigos desde criança. Ademir, que esteve ao lado da família desde a noite do ocorrido, lamentou profundamente a partida de Adélcio. “É uma perda irreparável de um amigo, de um parceiro para todas as circunstâncias. Foi um conselheiro leal na Prefeitura quando administramos juntos. É um homem que representou muito para a comunidade, sempre envolvido de alguma forma ou de outra”.
Em suas recordações, Ademir conta que lembra do tempo em que o empresário transportava a carne do então Matadouro Haubert em um Corcel Azul, no início de todo o projeto da empresa que, depois, expandiu e se tornou uma grande potência. “A empresa representou muito para o município. Por muitos e muitos anos era a que mais trazia de retorno de ICMS para o Herval”, disse. O Frigorífico Boa Vista, que fica ao lado da residência de Adélcio na localidade de Boa Vista do Herval foi vendido para um empresário de Santa Catarina há cerca de dois anos.
“Ele foi levado tão precocemente, poderia ter vivido muitos anos ainda”, disse Ademir, ressaltando, diante do ocorrido, que “falta mais amor entre as pessoas”.
O crime
Segundo o delegado Eduardo Hartz de São Leopoldo, que está coordenando o caso juntamente à Delegacia de Herval, a polícia está tratando o caso como homicídio mas ainda está tudo nebuloso e não sabe o que poderia ter motivado a ação. A perícia no local foi realizada na noite do crime, logo após o ocorrido, e tem-se ciência, até o momento, que dois tiros foram disparados contra a residência e um atingiu Adélcio na cabeça enquanto estava na sala com a esposa olhando TV; ela também foi atingida, mas, somente de raspão e passa bem, apesar de estar com a bala alojada no rosto, cuja cirurgia deve ser feita ainda essa semana. De acordo com as cápsulas recolhidas o autor usou um armamento do calibre 38.
Também não há informações de quantos envolvidos há na tentativa de homicídio, nem como tiveram acesso ao local e como fugiram. De acordo com a polícia, acredita-se que o atirador tenha se espreitado no mato em torno da casa, já que a residência é envolta por um matagal e, de lá, efetuado o disparo. Segundo o delegado Eduardo as imagens das câmeras de segurança da propriedade foram recolhidas e está sendo feito um levantamento para tentar identificar algo que possa dar um norte para a investigação.