Conecte-se conosco

Destaques

Vítimas que tiveram fraturas no acidente em Herval estão estáveis

12/11/2020 - 17h01min

Atualizada em 12/11/2020 - 17h11min

Vítimas foram socorridas por equipes do Ambulatório 12 de Maio (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – De acordo com a assessoria do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas, todas as vítimas envolvidas no acidente de quarta-feira, 11, e que tiveram fraturas estão estáveis e ainda permanecem internadas. Dos 12 feridos, quatro sofreram fraturas e tiveram que ser transferidas para o HPS, as demais tiveram apenas escoriações.

O acidente

O acidente aconteceu às 8h20 da manhã. O motorista do caminhão vinha buzinando desesperadamente tentando, como último recurso, avisar quem estivesse à frente que algo com seu caminhão estava errado, que não conseguia mais controlá-lo. A fumaça saía das rodas e nada poderia de fato pará-lo, a não ser consumar a tragédia anunciada na “Curva da Morte”.

E foi o que aconteceu, resultando em 12 feridos. O caminhão baú com placas de Lages-SC vinha trazendo cebolas para uma empresa de Herval e colidiu lateralmente contra um ônibus que levava 15 funcionários haitianos para o Frigorífico Boa Vista.

O coletivo foi empurrado para a lateral da pista pelo caminhão que seguiu adiante até bater em um muro de pedras – já colocado pelos moradores devido ao histórico e receio de novos acidentes -, arrastou uma pedra enorme por pelo menos 10 metros levando a cabine a se desprender devido ao atrito da carga, parando somente 15 metros depois ao bater contra a casa da família Closs. A carga de cebolas rompeu o baú do caminhão e se espalhou pela residência. Isso tudo foi testemunhado por Antônio Lauxen, que mora em outra rua, mas, viu tudo acontecer da sua própria casa que fica em uma parte mais alta. “Foi apavorante”, disse.

Havia acabado de pegar o jornal

OSegundos antes o morador Gilberto Closs, o Beto de 74 anos, havia ido até o portão para pegar o jornal e fazer sua leitura matinal. Ao voltar para dentro de casa ouviu o estrondo e, mais uma vez, a tragédia se repetia. O portão onde ele pegou o jornal foi destruído e, por pouco, não foi atingido.

Ele, a esposa Alice Lindemann Closs, 73 anos e sua filha Suzana Dolores Closs Boeff estavam em casa. O barulho apavorou a todos. Ao olharem para fora viram um caminhão sem a cabine, um ônibus pendurado na lateral da estrada, pessoas gritando e uma carga de cebolas sobre seu pátio e até mesmo dentro de casa, na garagem, no quarto… a cabine do caminhão parou contra a parede da casa e, nela, estavam um casal e duas crianças de dois e três anos; no ônibus, os 15 haitianos mais o motorista.

O socorro às vítimas mobilizou equipes

Equipes do Ambulatório 12 de Maio socorreram as vítimas (FOTO: Cleiton Zimer)

As equipes do Ambulatório 12 de Maio logo foram acionadas e prontamente foram ao local, prestando todo o primeiro atendimento às vítimas, conduzindo-as para a Unidade de Saúde de onde os casos mais graves foram transferidos posteriormente. De acordo com a Secretária da Saúde, Adelaide Acker, as duas crianças que estavam no caminhão sofreram apenas escoriações leves e foram encaminhadas para o Ambulatório onde ficaram em observação, assim como seis ocupantes do ônibus do Frigorífico Boa Vista.

Outros quatro – após o atendimento no Ambulatório – foram transferidos para São Leopoldo e Dois Irmãos e posteriormente para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas: o motorista do caminhão e a mulher, pais das crianças, e dois dos ocupantes do ônibus. Ambos apresentaram fraturas devido ao impacto do acidente, mas, estão bem.

A caminho do trabalho

O casal do caminhão assim como as crianças são de Lages-SC, já os ocupantes do ônibus são haitianos residentes em Canoas que vieram de metrô até Novo Hamburgo e depois usaram o transporte para se deslocar para Boa Vista do Herval, onde estão trabalhando no Frigorífico; o motorista do ônibus é de Herval e está bem.

Além das equipes do Ambulatório que socorreram todas as vítimas, o SAMU, Corpo de Bombeiros e Pronto Atendimento 24h de Dois Irmãos, além do Posto de Saúde de Morro Reuter, vieram para prestar apoio. A Brigada Militar de Herval isolou o local.

De acordo com o motorista do ônibus, Rodrigo Seibel, ele estava atrás do caminhão até a divisa com o Herval e, depois, o ultrapassou. “Quando eu estava atrás já sentia cheiro de uma lona de freio, até imaginei que fosse no ônibus. Mas quando o ultrapassei vi pelo espelho que levantava fumaça das rodas do caminhão. Logo depois vi que ele vinha atrás fazendo sinal de luz e buzinando, até tentei acelerar para não me pegar perto do posto, mas bem na curva antes do acidente, já atingiu a lateral do ônibus e me levou para o barranco”, disse.

28 acidentes e seis mortes no mesmo local

Beto, assustado, diz que escapou por pouco; sacos de cebolas voaram para dentro do seu quarto e da esposa, destruindo o que tinha pela frente (FOTO: Cleiton Zimer)

A parede do quarto do casal de aposentados foi danificada, e provavelmente, terá de ser demolida. Dentro do quarto havia sujeira para todos os lados, sacos de cebolas voaram numa distância de 20 metros e entraram pela janela quebrando móveis. Diversos estilhaços ficaram pelo chão. Uma lojinha da família que fica ao lado, anexa à casa, foi danificada. Os produtos também pararam dentro da garagem onde o carro de Beto está parado, danificando-o na parte traseira.

Beto diz que a sensação é de impotência. Estão temerosos diariamente pela própria vida pois, há qualquer momento, um acidente pode acontecer. Nessa quarta-feira o 28° foi consumado e, desses, resultaram seis vítimas fatais. Providências já foram solicitadas e imploradas. Mas o morador lamenta dizendo que até agora nada foi feito, nem pelo Daer nem pelas autoridades municipais – já que o trecho fica entre o limite da rodovia estadual VRS-873 e da área administrada pelo município. Somente alguns tachões foram instalados, mas, como forma paliativa, segundo o morador.

Deixaram de cuidar de crianças por causa do perigo

Ele conta que há alguns anos, junto com a esposa Alice, cuidavam de crianças mas tiveram que abandonar a função diante do perigo que a estrada oferece para os pequeninos e para o próprio casal. “Há qualquer momento um carro ou caminhão pode entrar no pátio e causar uma tragédia”, lamenta.

Há exatos seis anos, uma vítima fatal

No dia 11 de novembro de 2014, há exatos seis anos do ocorrido ontem, o morador de Novo Hamburgo João Carlos Petry, 40 anos, perdeu o controle do caminhão com piche que dirigia e o tombou no mesmo local. Ele foi arremessado para fora e foi atingido pela carga. Além dos ferimentos decorrentes da capotagem, ele teve grande parte do corpo queimado pelo asfalto quente. João chegou a ser socorrido por policiais militares e pela equipe do Ambulatório, mas não resistiu.

Daer foi acionado

Imediatamente após o ocorrido o Daer foi acionado pelo vice-prefeito Gilnei Capeletti (MDB). O engenheiro civil do departamento, Ricardo Vuaden, foi até o local do acidente e de acordo com Gilnei será feito um dossiê dos últimos registros. Mas não foi apresentada solução.

Há algumas semanas o vereador Tarcísio Schuck (PP) havia encaminhado um ofício ao Daer solicitando que uma cancha de escape fosse instalada na descida da VRS para que, numa eventual situação de pane mecânica ou perda de freios os veículos tenham um refúgio.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.