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Muitas famílias da região podem ter vindo de Luxemburgo e não da Alemanha
Por
Rogério Savian
Dois Irmãos/Morro Reuter – A região da Encosta da Serra é popularmente conhecida pela sua forte colonização de descendentes das levas de alemães que chegaram ao Brasil, principalmente no século XIX. Porém, em meio aos tantos sobrenomes tradicionais que se instalaram por aqui, tem vários com origem em Luxemburgo e que inclusive dão direito à cidadania luxemburguesa, mas seus integrantes nem sabem. Um exemplo disso é o caso do professor de Educação Física, Astério Mombach, que acreditava ser descendente de família alemã, mas em 2018 descobriu que o seu sobrenome “Mombach”, no caso de seus ascendentes, veio de Luxemburgo.
Depois de uma longa pesquisa conseguiu montar sua árvore genealógica, o que possibilitou reunir todas as certidões dos familiares que o antecederam e com isso obteve o certificado de reconhecimento de cidadania luxemburguesa. O documento expedido por Luxemburgo também reconheceu a dupla cidadania aos seus dois filhos, sua irmã e sua sobrinha. O mesmo não se estende aos cônjuges. “Eu sempre achei que eu era descendente de alemão e a partir de 2018 comecei a procurar e descobri isso. Assim como eu, acredito que muitas pessoas da região acreditam que são de origem alemã, mas não são”.
A lista abaixo foi elaborada pelo Consulado de Luxemburgo em Santa Catarina e mostra alguns sobrenomes que têm origem no país. Ela não garante que todas as pessoas que tenham esse sobrenome são de origem de Luxemburgo, pois imigrantes com o mesmo sobrenome podem ter vindo de países diferentes. Também é importante observar que ao longo dos anos muitos foram tendo variação em sua forma de escrita e por isso suas derivações. Mas cada caso deve ser avaliado em particular porque alguns havia na Alemanha, Luxemburgo e outros países da região. Por isso a necessidade de buscar a árvore genealógica.
Confira alguns dos sobrenomes com possibilidade de ter origem em Luxemburgo:
Qual a vantagem?
Entre os benefícios estão a abertura do mercado de trabalho europeu; liberdade de mobilidade para transitar dentro dos países da União Europeia sem a necessidade de vistos especiais; custos com educação são menores para nacionais europeus do que alunos de outros países; agilidade na imigração quando entra nos países que fazem parte da União Europeia; em caso de emergência terá direito à assistência consular obrigatória em qualquer país da União Europeia; facilidade em questões previdenciárias; direito a passaporte que libera o trânsito entre todos os países da União Europeia, assim como Estados Unidos, Austrália e Canadá, que não pedem passaporte para cidadãos com cidadania luxemburguesa; é uma das cidadanias mais baratas e mais fáceis de se conseguir; não precisa ter prazo determinado de permanência nos países da União Europeia, entre outros benefícios. No Brasil, a maior população de descendentes de imigrantes luxemburgueses está em Santa Catarina. Estima-se que quase 6 mil pessoas podem ter a cidadania. “Acredito que essa é uma oportunidade que o país (Luxemburgo) está dando para a gente fazer o caminho inverso. Uma possibilidade de retorno às origens. Os antepassados vieram em busca de oportunidades. Agora eles estão dando a oportunidade de voltar para lá em busca de uma vida melhor”, destaca Astério.
Descendente de Mathias Mombach
Astério é descendente de Mathias Mombach, que no passado se estabeleceu em Walachai. Mathias, que é seu 5º avô, saiu fugido de Luxemburgo porque foi guarda pessoal de Napoleão Bonaparte e lutou ao seu lado. Na época, todos que lutaram a favor de Napoleão começaram a ser perseguidos e por isso Mathias teve a oportunidade de vir para Walachai, onde ainda existe sua casa e que em 2018 foi visitada pelo embaixador do Grão-Ducado de Luxemburgo no Brasil, Carlo Krieger. Na ocasião ele esteve acompanhado de Tânia Bian, cônsul honorária do Grão-Ducado do Luxemburgo no Rio Grande do Sul, juntamente com o Felipe Kuhn Braun, historiador e então presidente da Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo, além da prefeita Carla Chamorro.
Como conseguir
Para conseguir a cidadania luxemburguesa, a primeira coisa que tem que fazer é a árvore genealógica de toda a família com as gerações que o antecederam desde a chegada dos imigrantes ao Brasil. A partir daí vai descobrir de onde vieram os antepassados. Depois precisa ir em busca das certidões de nascimento e óbito que provêm sua descendência. Para Astério facilitou bastante porque sua ascendência vem em linha direta pela família paterna. Em seis meses ele conseguiu juntar todos os documentos. A certidão de nascimento de Mathias Mombach conseguiu em Luxemburgo. Já a certidão de óbito, relata o sepultamento do lado da antiga Casa Paroquial, no antigo Cemitério São Miguel.