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Único município da região com PIB em queda, Lindolfo Collor planeja “virada” na economia
Lindolfo Collor – Na contramão dos demais municípios da região, Lindolfo teve queda, tanto no Produto Interno Bruto (PIB), quanto no PIB por habitante entre os anos de 2017 e 2018. Os dados, divulgados pelo IBGE na quarta-feira, mostram uma retração relativamente pequena, mas significativa, em razão de o município ser a exceção à regra.
Em 2017, o PIB colorense era de R$ 305,1 milhões, número que caiu para R$ 296,6 milhões no ano seguinte, queda de 2,7%. O PIB per capita, por sua vez, teve diminuição maior, de 6,25%. Foi de R$ 52,9 mil para R$ 49,6 mil no mesmo período. Números que, de certa forma, não necessariamente refletem a realidade atual do município, mas já servem de alerta na economia.
O prefeito eleito, Gaspar Behne (PP), diz que pretende realizar ações para alavancar o aspecto econômico em Lindolfo, e já há conversas para a instalação de, pelo menos, duas empresas no bairro Industrial. Uma delas é de calçados, com expectativa de gerar 40 novos empregos, e outra de bolsas, gerando cerca de 10 empregos. Ambas são do Vale do Paranhana.

Gaspar Behne, prefeito eleito de Lindolfo Collor
“Vamos sentar com elas no começo de janeiro para realizar estas definições. Ambas querem empregar mão de obra do município”, revela o novo chefe do Executivo. Ele afirma também que, com o reinício das aulas em 2021, a folha de pagamento deverá subir mais uma vez, mas que a intenção é não ultrapassar o limite legal. “Não vamos repor onde não for preciso”, diz ele.
“Vamos sentar com duas empresas no começo de janeiro que querem construir no município. Ambas querem empregar mão de obra de Lindolfo”
Um dos grandes desafios do novo prefeito na área econômica é legalizar as áreas do Industrial, o que deve beneficiar não apenas estas empresas que intencionam se instalar em Lindolfo Collor, mas outras já existentes. “Depois de legalizado, queremos adquirir novas áreas de terra para atrair novas empresas. Claro, fazendo tudo dentro da lei”, salienta Gaspar.
Além disto, ele pretende trazer agências bancárias, como do Banco do Brasil e reforçar os atendimentos do Banrisul, para que os funcionários públicos e das empresas privadas possam receber seus salários em Lindolfo e gastá-lo no município. Hoje, como as pessoas precisam sacar o dinheiro em Ivoti, muitas vezes é mais cômodo para elas gastar no município vizinho, diz Gaspar.
Outra proposta é investir no produtor rural. “Vou trabalhar bem forte em cima dos incentivos dos produtores que têm interesse em construir aviários. Não apenas este, mas outros programas para incentivar aqueles que querem começar novos empreendimentos, mantendo eles próprios e seus filhos no interior. É uma atividade que dá muito retorno ao município”, comenta o prefeito eleito.

Giovani é proprietário de uma pequena fábrica de tapetes (Créditos: Felipe Faleiro)
O que dizem os empresários colorenses
Em Lindolfo, no ano de 2018, a indústria representou 62,1% da economia, contra 64,4% em 2017. Ou seja, ainda que a atividade industrial tenha perdido um pouco de terreno no campo econômico de um ano para o outro, ela ainda é responsável por uma grande fatia do PIB municipal. E uma economia forte é representada por empresas igualmente fortes.
Proprietário de uma indústria de móveis sob medida no bairro Industrial, Ivan Schneider afirma que a queda pode ser algo relativo. Os anos de 2017 e 2018 foram, de fato, bastante complicados. “Houve grandes dificuldades, e tivemos a primeira queda em vendas em 15 ou 16 anos que atuamos”, sublinha ele. Na mesma época, a empresa se mudou de Estância Velha para Lindolfo.
Porém a empresa se recuperou, mas o começo da pandemia, por volta de março, abril e maio deste ano, trouxe novo susto. Mas nos últimos meses, houve nova recuperação e o futuro é promissor, diz Ivan. “Estamos tendo uma procura ‘inexplicável’, e não nos falta serviço”, comemora ele, cuja empresa tem cinco funcionários, mais dois sócios.
Também no Industrial fica a fábrica de tapetes e artefatos de couro cujo proprietário é Giovani Pedroso da Silva. Com 10 funcionários próprios e mais oito terceirizados, hoje a empresa está em um caminho de crescimento, segundo ele. Mas se, atualmente, a trajetória é virtuosa, o começo foi difícil e tortuoso.
“Os anos de 2017 e 2018 foi a época em que a empresa começou, então não tínhamos muita procura. Mas os tapetes são produtos que sempre têm demanda, porque os consumidores geralmente têm um padrão maior de vida”, afirma ele, que hoje vende seus produtos para o mercado interno, mas pretende começar a exportá-los a partir de 2021.
Maior empresa do município se reinventa
Grande parte do PIB de Lindolfo Collor gira em torno do Grupo Minuano, uma das maiores empresas em faturamento e quadro de funcionários da região. Contudo, também ali, houve tempos menos promissores do que os atuais. Agora, a empresa também está retomando o ciclo de crescimento que sempre a destacou, e relativiza a queda aferida pelo IBGE.
“Acreditamos que a queda no PIB foi mesmo relativamente baixa a nível municipal. Mas estamos cientes de que estamos expandindo novas fronteiras, e o grupo, em si, está mantendo a meta de faturamento devido ao dólar, cuja alta nos ajudou bastante. Estamos nos reinventando”, salienta o gestor do Curtume Minuano, Mateus Leão Enzweiler.
