Analistas do setor de combustíveis atribuem o preço mais alto de Bagé a uma combinação de possíveis fatores. Entre eles, está a localização do município, mais afastado de centros com maior competição, como a Grande Porto Alegre.
– Algumas pessoas passam por regiões como a de Bagé para viagens de lazer. Nessas viagens, o consumidor não está tão propenso a buscar preços mais baixos. Acaba comprando no impulso – analisa o sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, João Luiz Zuñeda. – Nasci em Alegrete. A distância entre os municípios em regiões de fronteira dá a impressão de que tudo fica mais longe. Então, a falta de uma oferta maior acaba influenciando o preço para cima – completa.
Economista-chefe da consultoria ES Petro, Edson Silva entende que há algumas “pistas” que ajudam a entender o cenário local. Com base em dados da ANP, o analista menciona que Bagé tem uma presença menor de postos de bandeira branca – aqueles que não são vinculados a grandes redes de distribuição de combustíveis. Isso, segundo ele, tende a levar o valor médio da gasolina para cima nas bombas.
– Quanto maior a presença de postos de bandeira branca, maior a probabilidade de o preço ser mais competitivo. Esses postos podem não ter a mesma estrutura de um embandeirado, mas têm a seu favor a possibilidade de comprar de qualquer distribuidora – diz Silva.
O analista também cita a distância de Bagé para a principal refinaria gaúcha, a Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas. São cerca de 400 quilômetros.
– Há o impacto da questão logística. Bagé está distante do centro provedor de combustíveis. A refinaria mais próxima é a de Rio Grande (RPR) – diz Silva.
A pesquisa da ANP contempla 15 municípios gaúchos (veja lista abaixo). Aquele com o menor preço médio é Novo Hamburgo. Nos postos da cidade do Vale do Sinos, o valor foi de R$ 4,709 entre os dias 31 de janeiro e 6 de fevereiro. No mesmo período, outro município do Estado esteve na lista dos 10 maiores preços no Brasil. Trata-se de Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, com valor médio de R$ 5,225 por litro da gasolina comum.
ICMS em discussão
A discussão sobre os preços de combustíveis foi aditivada na sexta-feira, 7, pelo governo federal. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que avalia projeto de valor fixo de ICMS sobre os produtos ou a incidência do imposto estadual nos preços das refinarias, e não das bombas, como é hoje.
Os 10 preços mais altos no país
Valor médio do litro da gasolina comum entre 31/1 e 6/2
- R$ 5,708 – Bagé (RS)
- R$ 5,344 – Parauapebas (PA)
- R$ 5,300 – Teresópolis (RJ)
- R$ 5,255 – Rio Branco (AC)
- R$ 5,251 – Niterói (RJ)
- R$ 5,225 – Santana do Livramento (RS)
- R$ 5,189 – Nova Iguaçu (RJ)
- R$ 5,178 – Rio de Janeiro (RJ)
- R$ 5,176 – Itabuna (BA)
- R$ 5,172 – Ilhéus (BA)
Os 10 preços mais baixos no país
Valor médio do litro da gasolina comum entre 31/1 e 6/2
- R$ 4,129 – Macapá (AP)
- R$ 4,342 – Jacareí (SP)
- R$ 4,342 – Sumaré (SP)
- R$ 4,349 – Barueri (SP)
- R$ 4,350 – Bauru (SP)
- R$ 4,352 – Barretos (SP)
- R$ 4,353 – São José dos Campos (SP)
- R$ 4,366 – Hortolândia (SP)
- R$ 4,369 – São João da Boa Vista (SP)
- R$ 4,370 – Paulínia (SP)
Os preços nos municípios gaúchos
Valor médio do litro da gasolina comum entre 31/1 e 6/2
- R$ 5,708 – Bagé
- R$ 5,225 – Santana do Livramento
- R$ 5,158 – Pelotas
- R$ 4,981 – Caxias do Sul
- R$ 4,977 – Alvorada
- R$ 4,914 – Guaíba
- R$ 4,913 – Viamão
- R$ 4,884 – Cachoeirinha
- R$ 4,861 – Gravataí
- R$ 4,857 – Porto Alegre
- R$ 4,806 – Esteio
- R$ 4,736 – Sapucaia do Sul
- R$ 4,730 – São Leopoldo
- R$ 4,725 – Canoas
- R$ 4,709 – Novo Hamburgo
* Com informações de GZH.