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Defesa Civil de Nova Petrópolis começa a avaliar hoje os tremores em Linha Imperial

17/02/2021 - 11h04min

Maira (de preto), o filho Júlio Marciniak, a mãe Maria Beutler e o marido Diego Cibils sentiram de perto os estrondos (Créditos: Felipe Faleiro)

Nova Petrópolis – A Defesa Civil começa a avaliar hoje os tremores registrados nos últimos dias por moradores da Linha Imperial. Segundo o coordenador Fábio Steckel, há uma suspeita do que estaria acontecendo, mas nada pode ser afirmado ainda. “O sucesso do nosso trabalho depende dos moradores. Vamos entrevistar as pessoas e fazer um levantamento”.

Na manhã do último sábado, houve diversos relatos ao Corpo de Bombeiros Voluntários sobre estrondos no solo, de causa ainda desconhecida. O fenômeno pegou de surpresa quem mora na área próxima à ERS-235, como a família da pedagoga Maira Cibils, 42 anos. Eles têm um sítio às margens da rodovia, e contaram o que sentiram naquele dia.

“É como se fosse um soco de baixo para cima. Dá um tremor, mas não de terremoto. É um barulho forte e bem instantâneo, a gente sente que vem alguma energia do subsolo”, comenta Maira. Embora nenhuma hipótese seja conclusiva, eles concordam que os estrondos parecem ter sido gerados por ondas de choque provenientes de possíveis explosões.

Sismógrafo de Canela detectou tremor em Nova Petrópolis (Créditos: Divulgação/USP)

Há uma pedreira em Linha Imperial, e depois do tremor do dia 13, os Bombeiros foram ao local, mas os funcionários negaram que houvesse detonações naquele dia ou antes. “Ainda não foi feito nenhum estudo técnico, mas não acredito que seja por causa de terceiros, mas sim um fenômeno natural”, afirma o presidente da Associação de Moradores da Linha Imperial, Vagner Neumann.

“É como se fosse um soco de baixo para cima. Dá um tremor, mas não de terremoto. É um barulho forte e bem instantâneo, a gente sente que vem alguma energia do subsolo”

Os estouros no solo, segundo os familiares de Maira, ocorrem geralmente às sextas-feiras, sábados e domingos. Primeiro, aconteciam à noite, mas nos últimos tempos, são em qualquer horário. As ocorrências teriam iniciado por volta de 2018, ano em que um tremor de 2.2 graus na escala Richter, usada para medir terremotos, foi sentido em Linha Brasil, Linha Imperial e Linha Araripe.

Especialista sugere causa para fenômeno

No último dia 13, um sismógrafo da Rede Sismográfica Brasileira localizado em Canela, a 40 km de distância, anotou 2.0 graus. Nada suficiente para causar danos, mas que pode assustar quem está por perto. “É possível que seja um fenômeno natural, mas nada pode ser descartado”, comenta o técnico em sismologia da Universidade de São Paulo (USP), José Roberto Barbosa.

A hipótese mais provável, segundo o técnico, pode ser a perfuração de poços tubulares na região, em regiões com solo de basalto, como ocorre, por exemplo, no município vizinho de Caxias do Sul. “A pessoa perfura a rocha, 100, 200, até 300 metros, e como ela é em camadas, no meio dela podem haver bolsões onde a água se acumula”, informa ele.

Barbosa ainda explica que, na época de chuva, quando não há mais bombeamento, a água penetra novamente nos trincos da rocha subterrânea, ocupando os espaços outrora vazios. Ocorre, então, a acomodação do solo, em que estas camadas “escorregam” umas nas outras, gerando um atrito que libera uma tensão, causando o tremor.

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