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Como e por que o clube São Luiz de Ijuí se engajou na causa da jornalista Ana Veiga

08/04/2021 - 09h38min

Ana nunca escondeu a paixão pelo time do município em que nasceu (Créditos: Arquivo pessoal)

Região/Ijuí – Enfrentar uma grave doença é uma batalha sempre difícil e árdua. Mas há pequenas atitudes que fazem a diferença e podem trazer alento ao paciente e às pessoas ao redor. A jornalista Ana Paula dos Santos da Veiga, 30 anos, diagnosticada com leucemia mieloide aguda, vive esta batalha diariamente, enquanto segue internada no Hospital Santa Rita, em Porto Alegre.

Ana, que fez história no Diário por muitos anos, é conhecida do grande público da região, que, de fato, se mobilizou por meio de diversas ações, a exemplo de doações de sangue e plaquetas. Natural de Ijuí, ela já conseguiu atrair a atenção de pessoas e instituições, a exemplo do Esporte Clube São Luiz, time da Série A do Campeonato Gaúcho, e considerado o “segundo time” de Ana.

Há algumas semanas, a torcida organizada do São Luiz, a Fanáticos da Geral, da qual faz parte um primo dela, Eduardo, estendeu uma faixa no Estádio 19 de Outubro, casa do Rubro, com a inscrição “Força Ana Veiga”. O gesto gerou grande repercussão, mostrando que, mesmo de longe, o time das Missões, que autorizou a ação, estava junto da jornalista.

“O São Luiz tem tradição de se engajar. Temos uma identificação muito forte com nossa região”

“O São Luiz tem tradição de se engajar. Temos uma identificação muito forte com nossa região. Sempre que possível, o clube se posiciona e se manifesta em assuntos que são pertinentes à nossa comunidade. E a Ana é filha da região, embora trabalhe há algum tempo fora de Ijuí”, explica o vice-presidente de Marketing do EC São Luiz, Rogério Hansen.

Ana torce pelo Inter, algo que sempre deixou claro em suas redes sociais e que é reconhecido pelo próprio Hansen. Contudo, por ser de Ijuí, nunca escondeu seu amor pelo time de onde nasceu. “Ela sempre foi uma embaixadora do São Luiz por onde passou. Sempre esteve muito próxima como torcedora. Para nós, isto é importante”, comenta o executivo do clube.

Placa instalada pela organizada Fanáticos da Geral (Créditos: Divulgação)

Time das Missões organizou vídeo de apoio

Em meados de março, o clube gravou um vídeo para a jornalista, no qual participam atletas como os atacantes Juba e Gustavo Xuxa, além do meia Paulinho Santos. “Foi algo muito simples de se fazer. Organizamos com nosso elenco este material no qual mandamos forças a ela, que sempre interagiu com o clube nas redes sociais e vinha ao estádio quando possível”, diz Hansen.

O time não demorou a perceber a importância da jovem torcedora, especialmente na Encosta da Serra, onde Ana fincou raízes, embora Hansen diga que o clube procure abraçar muitas causas, especialmente em um contexto de pandemia. O VP de Marketing salienta que não necessariamente houve auxílio financeiro à família de Ana, mas sim o compartilhamento de ações positivas.

O apoio também poderia vir pelo transporte. “Sempre alguém do São Luiz está indo a Porto Alegre. Se precisasse levar alguma coisa, trazer, ou até disponibilizar alguma carona a alguém, evidentemente a diretoria, ou qualquer membro do clube, jamais se negaria. Nos colocamos à disposição para isto. Mas, de fato, não se mostrou necessário”, diz ele.

“Somos muito unidos. Cada batalha vencida é, para nós, como um campeonato ganho”

“Foi com o São Luiz que eu aprendi a gostar de futebol”

Ana está acompanhada da mãe, Tania Veiga, no hospital porto-alegrense, que pertence ao complexo da Santa Casa. A história dela também foi tema de uma edição recente do podcast Rubro na Veia, produzido pelo time de Ijuí. E uma frase atribuída à jornalista ilustra bem o sentimento dela em relação ao Rubro: “Foi com o São Luiz que eu aprendi a gostar de futebol”.

O carinho recíproco que também tocou o coração da comunidade ijuiense vai além da relação clube-torcedor. “Não levamos em consideração o fato de ela ser ou não torcedora, ser ou não sócia. Mas o fato de ela estar na nossa comunidade faz com que o São Luiz se engaje na campanha. Temos um carinho especial por nosso torcedor e associado, mas não discriminamos”.

Por enquanto, o clube não tem pretensões de ampliar as ações para ela, mas Hansen afirma que o São Luiz está de olho na situação de Ana, e fará uma campanha maior caso seja necessário. E da mesma forma, com qualquer outro membro da comunidade. “Somos muito unidos. É uma luta muito forte que ela tem pela frente. Cada batalha vencida é, para nós, como um campeonato ganho”.

Equipe de Ijuí disputa o Campeonato Gaúcho (Créditos: Divulgação)

Um pouco da história do clube

O São Luiz é um dos clubes mais tradicionais do futebol do Estado. Com 83 anos de história, o time teve seu auge em dois momentos: em 1970, quando enfrentou a Seleção Uruguaia e venceu por 1×0, em pleno Centenário, em Montevidéu, e em 2013, ocasião em que chegou à final da Taça Piratini, 1º turno do Gauchão daquele ano, mas foi derrotado pelo Internacional.

Hoje, o clube tem mais de 2 mil sócios ativos, e possui, nas palavras de Hansen, um dos maiores quadros societários do interior do RS. O time já participou 30 vezes do Campeonato Gaúcho da 1ª Divisão e 19 vezes da Divisão de Acesso, obtendo três títulos – 1990, 2005 e 2017. Recentemente, participou também da Série D do Campeonato Brasileiro e ainda da Copa do Brasil.

“Temos nossas dificuldades, como qualquer clube do interior, mas estamos sobrevivendo”, comenta ele. O São Luiz também costuma se envolver em causas sociais. Em março, jogadores, comissão técnica e dirigentes também doaram cestas básicas a famílias de Ijuí cujas residências foram atingidas por dois incêndios.

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