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Diário da 3ª Idade: Saudade: os bailes pararam e hoje todos ficam em casa

23/04/2021 - 01h16min

Por Cândido Nascimento

 

Ivoti – Para o casal presidente do grupo da 3ª idade Encontro da Saudade, Isolde e Ernesto Skonetzky, que há 15 anos comandou todas as atividades do grupo sediado na Sociedade Harmonia, e que foi rei e rainha do grupo e também o Kolonistenpaar da Festa do Colono (Kolonistenfest) em duas oportunidades, não se sabe quando tudo voltará ao normal.

A preocupação maior, segundo Isolde, é que muitos estão isolados em casa, sem sair ou receber a quantia de familiares que vinham visitar com frequência e, devido a esse isolamento, em que o desânimo, a tristeza e até a depressão, além das doenças normais que surgem no decorrer dos anos.

Enquanto que Ernesto, 80 anos, tem na limpeza do pátio e da propriedade familiar situada na Picada 48 Alta a sua ocupação, a esposa Isolde, 76, tem os afazeres do lar e ainda aproveita para fazer crochê como passatempo. Os trilhos de mesa e guardanapos, resultantes desse trabalho, são doados para as suas amigas e conhecidas.

 

Fazer crochê é uma das atividades da presidente do grupo (Foto: Iv3eidade2cn) (3×10)

Origem do grupo Encontro da Saudade

O Grupo Encontro da Saudade foi fundado em 1989, por Marna Petry, que trabalhava na Emater na época, Renata Appel, a esposa do Dr. Appel, e a secretária era a Isolde Sedt. No ano seguinte foi dado o nome ao grupo.

Para regularizar a documentação, houve o apoio do grupo da 3ª idade de Dois Irmãos, cuja coordenadora era Leonida Backes. Os primeiros encontros ocorreram no Galpão Crioulo, existente atrás do Ginásio Municipal 20 de Setembro. Ao longo do tempo, as reuniões passaram para a Sociedade Harmonia, onde começaram os bailes.

“Somente em 2005, quando nós assumimos a presidência, é que foi registrado oficialmente o nosso grupo, como Associação de Aposentados e Pensionistas da 3ª Idade Encontro da Saudade”, destaca Isolde.

A primeira banda a fazer a animação dos encontros foi a Bandinha da Socaltur, que tinha o seu Armindo Robinson como um dos participantes. Depois, com o tempo, surgiu a Banda do Balcão. Esta segunda banda tinha o Rui Dhein, Ari Dhein, o Estélio Klabunde, e alguns músicos que vinham de Nova Petrópolis para tocar aqui em Ivoti.  “Há pouco tempo faleceu o gaiteiro do grupo, e também o Adélio, um outro músico”, lembra o casal.

 

Banda do Balcão animou diversos bailes do grupo

 

Algumas lembranças da reunião de amigos

Quando o grupo surgiu, os próprios participantes levavam bolos, tortas e cucas e também tomavam chá para fazer o tradicional frühstük (lanche) durante os encontros.

Também foi criado o Grupo de Dança Niegedacht, que se apresentava junto com o grupo em outras cidades como Nova Petrópolis, Novo Hamburgo, entre outros municípios. “Vinha a professora Líria, de Dois Irmãos, para dar aulas”, relata Isolde.

Esse grupo veio a ser desativado, devido ao fato de que alguns integrantes não puderam mais dançar, devido à idade e outros faleceram.

Isolde lembra da frase de uma amiga idosa, a Valesca Gernhardt, que a impactou: “a gente fundou esse grupo, não deixa ele terminar”. Tanto a presidente como o marido sentem falta das amizades e da alegria do tempo dos bailes, mas realmente não têm ideia de quando tudo poderá voltar ao normal.

 

Grupo de danças se apresentou em várias cidades da região

 

Visita às mesas e dança da polonese

Isolde e Ernesto têm cinco filhos e sete netos e lembram com saudade das visitas a municípios como Feliz, Bom Princípio, Carlos Barbosa, Gramado, Dois Irmãos, Paverama, Montenegro, Linha Nova, entre outros. Em muitos deles eram convidados para “puxar” a polonese, tomando a frente dessa dança coletiva.

Uma das maiores alegrias era poder visitar as mesas dos amigos dos grupos dos municípios visitantes e conversar. Esse é realmente um momento de muita saudade. “Agora, é um momento em que os idosos têm que ficar em casa, e não tem mais aquela alegria de dançar, se mexer e encontrar os amigos”, lamenta o casal.

 

Os bailes eram momentos de alegria constante

 

Rei e rainha do grupo

Ernesto e Isolde já foram Rei e Rainha do Grupo Encontro da Saudade, cujo papel é motivar os demais companheiros para se animarem e envolverem nas atividades. E como Kolonistenpaar participam das atividades da Festa do Colono e do desfile na Avenida Presidente Lucena.

A eleição do grupo acontece a cada dois anos, mas a princípio, ninguém quer assumir a coordenação do grupo. Como a última eleição ocorreu em 2019, a próxima será em agosto deste ano, destacam Ernesto e Isolde.

“Nós entramos no Encontro da Saudade porque a minha mãe, Eli Sander, era uma das integrantes”, destaca Isolde. A presidente anterior era Sibila Bockorny, já falecida, e que foi muitos anos dirigente do grupo. O atual casal rei e rainha é Alípio Arnhold e Lidia Schneider.

 

O objetivo dos reis é animar os bailes

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