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Picada Café 29 anos: Padre Inácio Schabarum, uma história de amor e dedicação à sua comunidade

20/05/2021 - 11h37min

Picada Café – Na capela que construiu na propriedade da família, onde vive, em Joaneta, em Picada Café, Padre Inácio Schabarum, que vai completar 67 anos dia 4 de maio, agradece a benção da vida. O pequeno santuário foi construído em homenagem a Nossa Senhora das Abelhas – As filhas do sol, nome que escolheu para batizar a sagrada mãe e as abelhas, uma paixão que preserva desde criança, quando cuidava de sua colmeia mirim. As filhas do sol é a marca do mel que ele produz na propriedade e em diversas paróquias onde trabalhou.
Servir com alegria e simplicidade é o lema do padre, um dos dez filhos de Edvino Schabarum e Eugênia. Uma foto de seus 25 anos como padre, recebendo a benção de Padre Miguel Royer, que ficou 42 nos na paróquia de Joaneta, tem destaque especial. “É como um sacramento pra mim”, diz ele referindo-se a benção do amigo. Entre as fotos, ele homenageia também os pais e irmãos. Ordenado padre em 1o de janeiro de 1983, Padre Inácio guarda também o título de Cidadão Taquarense, por ter trabalhado em Taquara por 18 anos. Um baú trazido da Alemanha por seu tataravô, João Miguel Kuhn, e guardado durante anos por uma tia, hoje ocupa lugar de destaque no altar da capela.
O lugar onde vive padre Inácio é repleto de lembranças. É ainda preservada a casa construída em 1870 por José Klein, mais tarde vendida para a família Hoffmann e posteriormente adquirida pelo seu avô que presenteou sua mãe quando ela tinha 18 anos. Nesta casa ele diz que nasceram seus irmãos e acredita ter nascido la também. “Nesta casa nasceu Dom João Hoffmann, bispo de Erechim, quando eu tinha 7 anos”, diz padre Inácio.

Aos 13 anos, foi para o Seminário
Filho de agricultores padre Inácio até hoje lembra da infância na Joaneta, onde brincava de bola de gude. Conta que pensou em ser padre quando o hoje bispo, Clemente Weber, então promotor vocacional da Diocese de Porto Alegre, visitou a escola das irmãs Santa Joana Francisca de Chantal. “Ja falava em ser padre e essa visita me despertou”, aponta.
Aos 13 anos de idade, foi para o Seminário, em Bom Princípio e pouco tempo depois, orientado por padre Stoffel, foi para Salvador do Sul, em 1969, onde deixou claro que desejava ser vigário como Cônego Miguel Royer.
A partir de 1982 e por três anos, foi padre auxiliar em Sapiranga. De lá, foi pela primeira vez como vigário para Riozinho, onde permaneceu por três anos, participando da emancipação do lugar. “La queriam o padre como prefeito”, revela lembrando que a comunidade procurou o bispo, Frei Boaventura que o convidou para ser promotor vocacional da Diocese de Novo Hamburgo. “Construímos o Seminário de Dois Irmãos”, diz o padre que foi transferido para um dos maiores desafios da carreira: atender a comunidade de Santa Cristina do Pinhal, próximo a Parobé, onde permaneceu por 18 anos.
Padre Inácio trabalhou na Igreja São José, de Nova Petrópolis e permaneceu por oito anos na comunidade de Santa Maria do Herval. Em 2015, por motivos de saúde, voltou ao lugar onde nasceu, onde viveu sua família e onde conhece toda a comunidade e optou por dedicar-se ao que gosta muito, cuidar de abelhas, trabalhando ainda como padre auxiliar na igreja da Joaneta e em Sapiranga.

As filhas do sol é a marca do mel que ele produz
As filhas do Sol dá nome ao sítio onde vive e é à marca do mel que produz. O nome surgiu no seminário, quando ele e os colegas tinham a rádio PX 40 e ao mesmo tempo editava um jornalzinho com nome em alemão. Foi quando alguém sugeriu que ele mudasse o nome para a língua portuguesa. Para isso, fez uma campanha na rádio, anunciando que o autor do nome mais bonito seria premiado com 10 quilos de mel. “Choveu ideias e muitas bobagens” diz o padre, lembrando que haviam no seminário mais de 200 seminaristas. “Uma das sugestões me chamou a atenção: As filhas do sol, indicado por um padre e mais tarde tornou-se bispo, Sinésio Bohn”, aponta. Inácio diz que aprovou a sugestão por considerar que fazia sentido com o trabalho das abelhas, que só funcionam quando tem sol e por isso ficou a sua marca.
A produção de mel é administrada por ele e os irmãos Sérgio e Celso. Em 2020 eles venderam para exportação 16 toneladas do produto. Diz que a prioridade são as missas, que ele continuará rezando enquanto tiver saúde, em segundo plano o trabalho com mel. “Fico contente cada vez que levanto pela manhã, olho na janela e lembro que bonito, encontrar tudo isso onde vivi minha infância. Fico contente e agradeço a Deus”, aponta o padre.

Esforço para trazer uma fábrica de calçados à Joaneta
Padre Inácio foi um dos responsáveis pela empresa Calçados Brochier, hoje Copershoes, ter se instalado na Joaneta. Sabendo da existência de mão de obra na localidade, conta que foi a Novo Hamburgo conversar com Henrique e Celso, donos da fábrica que estava no auge da produção. Teve como resposta que, se ele conseguisse 40 pessoas para trabalhar, abririam a fábrica na Joaneta. Diz que foi com a bicicleta do atual dono da empresa Sugarshoes procurar interessados em trabalhar na fábrica, tendo conseguido 49 pessoas.
Sempre empenhado em buscar melhorias para sua comunidade, padre Inácio conseguiu até um salão emprestado, para começar a fábrica. “A produção começou com gente de tudo quanto era lugar, fazendo AllStar, uma potência”, diz.

Histórias de cura
Pelo menos duas pessoas que visitaram a capela de Padre Inácio relataram ter se curado de câncer. Ele conta que em uma festa no sítio, uma senhora de Canoas visitou a capela em honra a Nossa Senhora das Abelhas e fez o pedido de cura, retornando tempos depois curada do câncer. “Ela se curou, antes da pandemia”, diz padre Inácio. Outra pessoa da comunidade local também lhe relatou ser curada após orações e pedidos à Nossa Senhora das Abelhas junto a capela. “É uma relação que envolve natureza, a nossa e a das abelhas, tudo tem um envolvimento bonito, que faz as coisas acontecerem”, diz.

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