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Indiciado por homicídio de idoso em Herval permanece preso em Montenegro
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Leandro Arnold, 28 anos, permanece recolhido na Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro. Ele foi indiciado pelo homicídio do idoso Ladislau Cândido do Amaral, 70 anos – seu vizinho -, ocorrido no dia 6 de janeiro deste ano (o primeiro homicídio da região registrado em 2021).
Ele ainda não foi condenado pelo crime. O processo tramita em segredo de justiça, estando na fase introdutória aguardando um laudo pericial.
Desde que foi preso a defesa do réu entrou com três pedido de liberdade provisória, porém, todos lhe foram negados. Os pedidos foram feitos nos dias 4 de abril, 24 de junho e 30 de outubro.
Preso minutos após o crime
A Polícia Civil e a Brigada Militar prenderam Leandro em flagrante minutos depois do crime. Em menos de um mês a Delegacia do município, coordenada pelo delegado Augusto de Moraes Hartz, concluiu o inquérito indiciando-o por homicídio doloso por motivo fútil, tentativa de homicídio e porte irregular de arma de fogo.
A Justiça poderá levar em conta o somatório dos três crimes cometidos. Somente a pena para homicídio doloso qualificado, de acordo com o Código Penal, é de 12 a 30 anos de prisão. Ele já tem uma Maria da Penha em seu desfavor, cometida contra sua ex-companheira em 2020.
Relembre o caso: a morte em ‘pinguela’ de Padre Eterno Baixo
De acordo com a investigação da Polícia Civil, Leandro voltava do trabalho de moto na tarde daquela quarta-feira, por volta das 16h30, e encontrou a vítima na ponte (uma pinguela) que fica sobre o Rio Cadeia na localidade de Padre Eterno Baixo. As circunstâncias de como esse encontro aconteceu são desconhecidas, portanto, não se sabe se houve alguma provocação ou discussão que levou as vias de fato.
Até onde se tem conhecimento, Ladislau estava retornando de um mercado que fica ali perto, pois, ao lado do seu corpo, ainda estavam algumas compras que havia realizado – dentre elas um saco de pão.
A partir do encontro deu-se o conflito. Através de testemunhas e da dinâmica dos fatos, a Polícia Civil acredita que a briga ocorreu não só em cima da ponte, mas, também, embaixo dela – onde o corpo ficou caído. Ao lado do cadáver havia uma pedra seca usada durante o conflito, diferente das demais que estão no rio; ou seja, ela foi pega de outro lugar.
Tudo leva a entender que Leandro matou Ladislau a pedradas naquela pinguela.
Foi pegar a arma e tentou
matar um dos filhos de Ladislau
O assassino, até então, não estava armado. Depois do ocorrido na ponte, Leandro foi para a sua casa na localidade de Padre Eterno Ilges. Pegou um revólver calibre 22 de sete tiros e foi atrás de um dos filhos de Ladislau, o Antônio, do qual morava a menos de um quilômetro.
Mais uma vez de moto Leandro encontrou sua vítima numa bifurcação e, sem falar nenhuma palavra, teria atirado cinco vezes contra Antônio mas não o acertou – para a polícia, ele relatou que sentiu os zunidos dos projéteis passando.
A vítima correu até sua casa, que fica a alguns metros, na tentativa de se proteger. O atirador foi atrás. Ao chegar na porteira da propriedade Leandro efetuou mais um disparo, dessa vez acertando a mão de Antônio. Um outro irmão e um amigo da família também estavam próximos e Leandro os mandou entrar na residência, ordenando que não saíssem de lá.
De acordo com o relato das vítimas à polícia, Leandro ficou em frente à porteira por cerca de 15 minutos, vigiando, dizendo que já havia encontrado com o pai deles dando a entender que houve um confronto. Instantes depois, o atirador foi embora.
Testemunhas ouviram pedras sendo jogadas e gritos
Uma testemunha que mora próximo à pinguela revelou à reportagem na época, sob condição de anonimato, que escutou barulhos de pedras sendo jogadas no rio e gritos.
Em um primeiro momento a impressão era de alguém estaria brincando na água e, logo depois, escutou-se uma moto arrancando. Como não é comum pessoas pararem para se banhar naquele trecho, o morador foi ver o que estava acontecendo junto com sua mãe e, ao chegar perto encontraram um corpo caído no meio do rio, com pedras por cima. Imediatamente acionaram a Brigada Militar.
Filhos souberam pela polícia da morte do pai
A BM foi acionada por volta das 17h. Foram ao local, isolaram a cena do crime e coletaram dados de testemunhas. A Civil, com o apoio da Brigada e informações de que suspeito estava de moto e usando uma camisa azul de uma empresa do município, foi direto para a localidade de Padre Eterno Ilges.
Os policiais chegaram na propriedade de Ladislau e, lá, encontraram os filhos dentro de casa, relatando que haviam sido vítimas de disparos feitos por Leandro. Nesse momento as duas ocorrências foram interligadas e os filhos souberam da morte trágica do pai.
Confessou informalmente,
depois, permaneceu em silêncio
Os policiais foram até a casa de Leandro que, em um primeiro momento, negou. Depois, vendo que os agentes tinham elementos de testemunhas, assumiu que tinha dado os tiros e mostrou onde tinha escondido a arma do crime – que estava no mato, próximo à bifurcação.
Leandro foi, então, conduzido à Delegacia. No meio do caminho os policiais questionaram sobre o que aconteceu com Ladislau. “No começo ele desconversava. Continuei falando com ele, explicando que seria feita perícia no local e que a gente não tinha entendido o que ocorrera, o que motivou um fato daqueles”, afirmou o inspetor Victor Guarda de Almeida, na época. “Aí ele começou a contar e disse: na verdade fui eu”. Mas Leandro não chegou a dar elementos de como foi a ação.
Não assumiu, mas também não negou
Apesar de ter confessado informalmente o ato para os policiais durante a condução, no auto da prisão em flagrante junto ao delegado Leandro optou por permanecer em silêncio e declarar somente em juízo. Ele não confessou, mas também não negou.
A motivação fútil
De acordo com a polícia, a motivação fútil associada ao homicídio é de que Ladislau e os filhos ‘estariam dirigindo olhares para a mãe e atual namorada de Leandro, o que às incomodava’. Nenhum outro elemento, além disso, foi encontrado.