Conecte-se conosco

Destaques

Nova Petrópolis: mulher está há mais de um mês na UTI após parto e marido pede ajuda

21/12/2021 - 09h58min

Atualizada em 21/12/2021 - 09h58min

Heloísa nasceu no dia 8 de novembro (Créd.: Divulgação)

Nova Petrópolis – O que era para ser um momento de felicidade em família com o nascimento da filha Heloísa, tornou-se uma angustia para o casal Rudimar de Souza, 26 anos, e Angela Mombaque Oliveira, de 19. Após o parto cesariano no dia 8 de novembro, Angela foi para casa, mas passou a sentir dores. Uma semana depois, no dia 15, passou por uma cirurgia de urgência pois, conforme contou Rudimar, seu intestino havia sido perfurado durante a cesárea. Desde então, ela está internada em leito de UTI em Farroupilha. O marido alega erro médico e disse que processará o Hospital Nova Petrópolis e a obstetra que realizou o parto.

Sem poder trabalhar há mais de um mês, e diariamente necessitando ir para Farroupilha ficar com a esposa, Rudimar tem pedido ajuda da comunidade para custear a ida e vinda, aluguel, alimentação e outros gastos. Heloísa, que está com um mês e meio de vida, nasceu completamente saudável e está sendo cuidada na maior parte do tempo por uma vizinha. A menina pouco teve contato com a mãe e não pôde ser amamentada.

Angela e Heloísa (Créd.: Redes Sociais)

Como aconteceu, segundo o marido

Rudimar conta que tudo ocorreu normalmente durante a gravidez e o pré-natal não apresentou problemas. Então, no dia 8 de novembro, uma segunda-feira, foram para o Hospital Nova Petrópolis para o nascimento da filha, que estava marcado para às 18h30 via cesariana. No dia seguinte, terça-feira, 9, Angela recebeu alta e foi pra casa. No entanto, ela queixava-se muito de dores e, na sexta-feira, 12, foi levada novamente ao HNP pois vazava um líquido mal cheiroso da sua cicatriz. A Dra. teria dito que aquilo eram gazes e que era normal. Ainda receitou alguns remédios que Rudimar comprou ao preço de cerca de R$ 400,00.

No domingo, Angela foi levada para Gramado, onde fez tomografia. No dia seguinte, 15 de novembro, o resultado mostrou uma perfuração do intestino e informaram que ela precisaria urgentemente de uma cirurgia. Após o procedimento no Hospital Nova Petrópolis, aguardou a liberação de um leito e, quando disponível, foi transferida para a UTI do Hospital Beneficente São Carlos, em Farroupilha, onde permanece internada há mais de um mês.

Mais cirurgias

O marido conta que eram fezes o que saiam da barriga da esposa e que foi feita uma lavagem completa no intestino de Angela. Para isso, foram necessários 11 litros de soro. “A médica em Farroupilha disse que nunca tinha visto algo assim. Ela ficou cinco dias sem poder comer e nem beber, apenas se alimentando por sonda e precisou ter o útero retirado porque foi mal feita a cesárea”, disse Rudimar.

Desde então, a esposa passou por mais cinco cirurgias e ainda não tem previsão de alta. Na primeira semana, esteve intubada com uma bolsa de colostomia e um dreno acoplados em seu corpo. “Se eu não tivesse brigado, minha esposa teria morrido. De cinco metros de intestino, ela ficou com apenas 1,5 metro. As fezes foram coletadas para fazer exames e saber que tipo de bactéria estava causando a infecção e saber qual tipo de tratamento com antibiótico realizar”, contou o marido.

Consequências

Rudimar com Heloísa logo após o nascimento (Créd.: Redes Sociais)

Angela não pôde amamentar a filha e nem poderá fazer isso futuramente. Como teve seu útero removido, não voltará a engravidar. Também será preciso uma mudança alimentar completa. “Por ter perdido a maior parte do intestino, ela ficará ‘cheia’ muito rápido e será preciso comer aos poucos. Terá acompanhamento médico particular com nutricionista por, no mínimo quatro meses”, explica.

Além disso, Angela passa muito tempo nervosa e ansiosa para voltar para casa e reencontrar a filha. Na UTI, não pode usar celular e nem assistir televisão, e como só é liberada a visita do marido, ela fica a maior parte do tempo sem ter notícias. Recentemente, foi liberado para que ela fizesse uma rápida chamada de vídeo para ver Heloísa.

Pedido de ajuda

Rudimar precisa ir diariamente a Farroupilha para ficar com a esposa e oferecer o apoio necessário à Angela. São cerca de 100 km ida e volta e, por estar nessa situação, há mais de um mês que o marido não pode trabalhar. “Muitas pessoas ajudaram com leite, fraldas e dinheiro”, contou.

Ele conta ainda que o HNP não deu apoio, e que foi à Prefeitura pedir ajuda, mas lhe passaram para a Assistência Social que disse poder ajudar somente com cestas básicas. Em Farroupilha, um grupo de pessoas conseguiu uma vaga para ele em um albergue da cidade para que pudesse se hospedar. Lá, ele entra Às 19 horas, tem direito a banho, café e uma cama. Às 7 da manhã, toma café novamente e precisa sair. O almoço também, às vezes, é custeado por este grupo.

No início, só podia entrar para visitar a esposa às 17 horas, então passava 10 horas pelas ruas de Farroupilha desde que saáa do albergue até poder entrar no hospital. Porém, ele não pode ficar sempre neste albergue porque precisa voltar para Nova Petrópolis e cuidar da filha recém-nascida. Após um tempo, liberaram para que ele ficasse das 13h30 às 17h30.

Doações em dinheiro podem ser feitas via Pix: 042.263.840-40 (CPF), ou entrar em contato diretamente com Rudimar pelo fone (54) 99628-3554.

O que diz o Hospital

De acordo com o gerente administrativo do Hospital Nova Petrópolis, Henrique Gomes, todo o apoio e suporte foi fornecido. Ao ser internada no dia 12 de novembro, Angela recebeu tratamento por antibióticos e, constatado o problema, foi imediatamente feita a cirurgia e se buscou um leito de UTI. “Tudo o que estava ao nosso alcance, foi feito, com exames quase diários”, disse o gerente.

Gomes ainda explicou que o HNP está atento ao caso e que conversa com os médicos para saber se houve alguma falha e que todos os prontuários estão sendo verificados. Sobre processo, ele diz que se há algum em andamento, a instituição ainda não foi informada.

O médico que participou da cirurgia no dia 15 de novembro, atendeu a’O Diário, mas disse não poder comentar o caso por questões de sigilo médico. A obstetra que fez o parto e também realizou a cirurgia do dia 15, também disse que, por questões éticas, não pode se pronunciar.

Secretaria de Saúde

Questionada se tomaria alguma atitude se for constatado um erro médico, a secretaria de Saúde e Assistência Social respondeu: “A análise de qualquer ato médico, ou de qualquer outra profissão, é realizada por seu respectivo conselho profissional, a quem também compete a aplicação de eventuais penalidades, caso haja alguma irregularidade. A secretaria de Saúde ou outro setor da Administração Municipal não tem competência para tais processos”.

Sobre o pedido de ajuda, a secretaria informou que os benefícios e auxílios dependem de requerimento, atendimento, avaliação e análise técnica. “No entanto, detalhes de benefícios e auxílios concedidos não podem ser tornados públicos para preservar a privacidade das pessoas assistidas”.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.