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“Se não chover em dois, três dias a situação vai ficar muito crítica”; falta de chuva afeta a região

28/12/2021 - 18h58min

Atualizada em 28/12/2021 - 19h20min

Jaime mostra sua plantação de milho, que está entrando na fase de polinização, sendo impactada pela falta de chuva (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval / região – Enquanto o pensamento de muitos é onde e como vão festejar a virada do ano, os agricultores estão constantemente atualizando a previsão do tempo e olhando para o céu à espera de chuva, preocupados. “Já temos perdas, mas se não chover em dois, três dias a situação vai ficar muito crítica. Vamos ter perdas irreparáveis”, alerta Jaime Morschel, secretário de Agricultura de Santa Maria do Herval e, também, agricultor, que plantou nove hectares de milho neste ano.

Quando Jaime diz que as perdas poderão ser irreparáveis é porque nesta época os milhos estão no processo de polinização. É o momento em que o pendão libera o pólen sobre a espiga, que, através dos estigmas (cabelo), leva-o até o óvulo do milho e, a partir de então, surge o grão.

Plantação que esta entrando na fase de polinização está sendo fortemente afetada pela falta de chuva (FOTO: Cleiton Zimer)

Para tentar driblar a cigarrinha os agricultores plantaram cedo neste ano, ou seja, os milhos que ainda não estão com o pendão o terão logo – com disparidade de duas semanas, aproximadamente, no município. E é aí que mora o problema. Com o sol ardente, sem chuva, o processo de polinização está sendo ameaçado de forma grave, o que implicará diretamente a produção e rentabilidade desta safra.

Cenário não é bom

“Quando está muito quente e não chove o pendão ‘sapeca’ em questão de dois três dias e, aí, não acontece o processo de polinização”, explica Jaime. E depois disso, claro, a chuva contínua sendo necessária para que os grãos se desenvolvam da forma adequada.

Mas, o que está sendo visto nas lavouras é um cenário ruim. Os pendões que já desabrocharam estão sendo queimados e os que estão por vir devem enfrentar o mesmo problema. As folhagens, da mesma forma, começam a secar afetando o próprio processo de fotossíntese e, posteriormente, o desenvolvimento do grão.

Lavouras estão secando. Na foto, milho às 9h30 da manhã de terça-feira, 28, já todo murcho (FOTO: Cleiton Zimer)

Só a chuva pode trazer

prosperidade para 2022

O problema não é só aqui. É em toda a região, Estado, parte de Santa Catarina e Paraná. Inclusive, a região é uma das menos afetadas – por enquanto—no contexto geral.

Da mesma forma a chuva não afeta só a produção de milho, mas todas as culturas. A reportagem trata sobre o grão pois, em Santa Maria do Herval, é o que mais está sendo cultivado neste momento.

E não é só o agricultor que é afetado por isso. Neste primeiro momento até sim, mas, o preço vai chegar para todos os consumidores. “Sem milho não temos suínos, bovinos, aves, ovos, leite… isso muitos não sabem, ou melhor, não querem saber”, lamenta Jaime.

Ainda não há registro de falta de água para consumo em Santa Maria do Herval, Morro Reuter e Dois Irmãos. Mas, o gasto consciente deve ser uma constante: economizar para ter amanhã e depois.

Temerosos, os produtores esperam por um único presente na virada de ano: a chuva. É ela que poderá trazer prosperidade para 2022. A previsão indica chuva para esta sexta-feira.

A expectativa é grande

O aumento do preço do grão na safra anterior, atrelado aos incentivos oferecidos para os produtores pela Prefeitura de Herval fez aumentar em, pelo menos, 15% a área de milho plantada em relação ao ano passado.

O investimento é gigante e, o risco, também. A colheita precisa justificar o valor investido e gerar lucro para que os produtores possam, no próximo ano, plantar novamente.

O custo de uma plantação de milho praticamente triplicou neste ano. Jaime explica que no início do ano um balde de roundup custava R$ 300, metade do ano foi para R$ 600 e, agora, está em R$ 2.200. A ureia da mesma forma: passou de R$ 140 para R$ 300; o adubo de R$ 100 para R$ 200. “Como trabalhar? E ainda falamos em seca? É para acabar com tudo”. Isso sem levar em conta o valor do óleo diesel e outros detalhes.

As perdas já são consideradas

No caso de Jaime, que plantou nove hectares, estima-se que colheria cerca de 150 sacos por hectare se tudo corresse bem. Agora, já não se sabe mais. Em uma projeção diante do atual cenário, o agricultor acredita que a rentabilidade já possa ter caído para 120 por hectare até o momento.

O chão chega a apresentar rachaduras diante do tempo sem chuva (FOTO: Cleiton Zimer)

Se a colheita for afetada o agricultor perde e, o município, proporcionalmente. “Investimos muito, também à nível de Administração, contando e fazendo todo um trabalho em cima do retorno da emissão das notas”. Ou seja, perde também a saúde, infraestrutura, segurança, educação. Todos.

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