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Diário Rural: plantio de aipim é o trabalho da família de Edgar Knob há 60 anos
Por Cândido Nascimento
São José do Hortêncio – Os antepassados de Edgar José Knob, 71 anos, plantavam verduras para se manter no meio rural, tinham algum gado de corte, porcos e vacas leiteiras, plantando ainda batata-doce, cana e milho. Segundo conta, o seu bisavô, de nome Mathias Knob é quem veio da Alemanha, e se instalou na Capela do Rosário. Lembra que seu avô chamava-se Pedro e a avó Bárbara.
Os pais de Edgar, Leopoldo Mathias Knob e Olga Mohr Knob, tiveram cinco filhos, três homens e duas mulheres, e a família tinha cerca de 2,5 hectares. Atualmente, o produtor tem 5,1 hectares, onde planta aipim, e tem diversas árvores frutíferas, algumas plantadas pelo filho Jairo, como as cerejeiras e amoreiras.
“Naqueles tempos mais antigos era mais foco no plantio de batata e cana, e se criava porcos e gado, mas também tinham vacas de leite”, conta Edgar. O produtor tinha 11 anos quando a família começou a plantar aipim que seria vendido nos mercados de Porto Alegre. Ele recorda que os produtos eram repassados para o morador Danilo Velter. Também recorda que entre os primeiros produtores de aipim do município estavam os já falecidos Bruno e Otto Heck e Alfredo Schneider.
JUNTAS DE BOI
Outro detalhe importante que faz parte das memórias do morador, é que o serviço era feito com juntas de boi. “A gente sempre tinha até quatro juntas de boi, e eu me lembro de uma junta de bois que a gente chamava de Floreado e Queimado”, conta. Atualmente ele tem um trator Valmet, mas já teve um Massey Ferguson.
“Me criei aqui nessa propriedade”
Edgar comenta que logo que casou morou com os pais, e chegou a trabalhar em uma indústria, mas por pouco tempo, pois não se adaptou trabalhar em um local fechado, e preferindo voltar para a agricultura, onde há mais liberdade, apesar de ter que levantar bem cedo, por volta das 4h30 e 5h da manhã e só parar quando já está escurecendo.
Ele casou com Melita Knob em 1984, e o casal vai completar 38 anos de matrimônio neste ano. Eles têm um casal de filhos, Jairo Luiz, de 34 anos, e Janaína Luiza, de 30. E tem uma neta, Bertha Helena, de 11 meses.
Melita trabalhou por quatro anos e meio em uma indústria de calçados, depois trabalhou na Prefeitura, por 18 anos, como servente. Ela também se elegeu vereadora, de 2012 a 2016, foi candidata a vice-prefeita, quando não se elegeu, e se foi novamente vereadora para o mandato de 2020 a 2024, e já recebeu prêmios de 1º e 2º lugar na Festa do Aipim. Só de aipim a família colheu 1700 caixas, e a expectativa para colheita desse ano é cerca de 3000 caixas. As culturas de citros envolvem a bergamota poncan, laranjas e limão taiti. Após o raleio das bergamoteiras, quando se tira o excesso de frutas (60%), o resultado é vendido, agregando valor à propriedade rural.
Financiamento e apoio
Edgar comenta que já precisou de fazer financiamento junto ao Sicredi, para custeio de produção, e destaca a importância dos juros baixos, pois são valores que ficam na mão até a próxima colheita, dando sustentabilidade ao serviço da roça
BÔNUS
Outro fator importante no meio rural é o uso de 100% dos bônus, através dos benefícios concedidos pela Prefeitura aos pequenos produtores familiares rurais. O valor é calculado sobre as notas extraídas no bloco de produtor.
Esses bônus revertem em adubo e horas e cloreto, produtos que utiliza no plantio do aipim e em outras culturas. Depois que colhe o aipim, Knob utiliza as ramas para tratar os animais, e esse é um alimento que eles gostam bastante, garante o produtor. Atualmente, a família tem na propriedade quatro cabeças de gado, dentro de um sistema de sustentabilidade familiar.
O Financiamento é importante para tocar o negócio na roça
Sucessão rural
Edgar e a esposa apostam na sucessão rural, esperando que os filhos deem continuidade ao serviço da roça, que vem sendo realizado há várias gerações da família Knob. Mais recentemente, o filho mais velho, Jairo está investindo na produção de geleias. Ele está construindo um prédio, que servirá para a produção das geleias.
“Daqui um tempo não vai mais ter jovens que vão querer ficar na roça”, lamenta Edgar. Melita destaca que a continuidade é necessária, e que cabe aos mais jovens se dedicarem e darem sequência aos que os pais e avós começaram.