Destaques
Perícia conclui que mãe e filha morreram asfixiadas em Dois Irmãos
Por Cleiton Zimer
Dois Irmãos – A Delegacia de Polícia Civil concluiu e remeteu o inquérito da morte de Ana Clara Rubbo Gomes, 7 anos, e de sua mãe Ligia Gomes Rubbo, 42, ainda no final do ano passado. De acordo com o delegado Felipe Borba os dados levantados confirmaram a linha de investigação que, desde o início, apontava para homicídio simultâneo a suicídio – tendo a mãe tirado a própria vida e a da filha.
Os corpos carbonizados foram encontrados no banco traseiro de um Fiat Uno branco, de propriedade de Ligia, na tarde do dia 1º de agosto de 2021. Estavam em um terreno na lateral da Estrada Picada Verão, próximo ao Cemitério Municipal de Dois Irmãos.
Corpo da mãe em cima da menina
O laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP) apontou que ambas foram asfixiadas. Desta forma, entende-se que estavam vivas quando o fogo começou e que morreram por conta da inalação de fumaça – não se sabe se estavam sedadas ou não. Na noite após o ocorrido, quando a perícia chegou ao local, já havia sido constatado que o corpo da mãe estava em cima do da criança.
As chamas deixaram os cadáveres irreconhecíveis e só foi possível identificá-los oficialmente através do material genético da família. Não se pôde determinar de que forma o veículo foi incendiado, mas, de acordo com Borba, tudo indica que com o uso de álcool ou combustível semelhante.
Questão de minutos
Na época uma testemunha contou à reportagem que viu o carro passando sentido Sapiranga, mas retornando em seguida. Instantes depois viu uma fumaça preta subindo entre as árvores.
Bombeiros e Brigada Militar foram acionados e só depois das chamas serem apagas viram os corpos. Inicialmente o da mãe, por cima, e depois, mais claramente, o da menina.
Carta de despedida
Poucas horas após o ocorrido a Polícia Civil conseguiu acesso à casa de Lígia no Vale Esquerdo e, em cima da mesa, encontraram uma carta na qual se despedia, pedindo desculpas para familiares e amigos. Num caderno, dizia que “não aguentava mais” e “que não queria deixar a menina sem mãe”.
Guarda era do pai e Ana Clara estava passando o domingo com a mãe
O pai da criança e Ligia estavam separados desde outubro de 2020. Informalmente ele estava com a guarda da criança e morava com Ana Clara em Canoas; a menina passava os finais de semana com a mãe.
Conforme relatado pelo ex-companheiro à polícia eles teriam se conhecido em 2009. Contou, o que também foi confirmado pela mãe dela, que Ligia enfrentava problemas psiquiátricos e fazia tratamento para depressão e bipolaridade desde os 18 anos.
O casal teria, inclusive, consultado um psiquiatra para avaliar a possibilidade de ter filhos. Nos últimos anos os ciclos de depressão teriam ficado mais intensos.
Química, estava se preparando para da aula
Ligia era química, especializada em desenvolvimento e controle de qualidade de produto, auditoria e gestão de segurança alimentar. Devido aos problemas de saúde ela estava há bastante tempo sem trabalhar, tendo sido internada duas vezes.
Conforme a polícia, ela retomaria suas atividades profissionais como professora em Dois Irmãos, na retomada das aulas, na época paradas por conta da pandemia. O nome da escola onde lecionaria não foi divulgado.