Diversidade: trisal de passistas é novidade no Carnaval da região

Dois moradores de Estância Velha compõem o trisal de passistas da Escola Protegidos da Princesa Isabel, de Novo Hamburgo 

Por Leila Ermel

Estância Velha – Inovando mais uma vez e dando destaque a diversidade, a Escola de Samba Protegidos da Princesa Isabel (Novo Hamburgo) leva para a avenida em 2022 um Trisal (três pessoas) de Passistas. Isso quer dizer que, ao invés de manter o tradicional casal de passistas ou de mestre-sala e porta-bandeira, a agremiação decidiu criar um trisal formado por Isis Bragança e Ezequiel, moradores de Estância Velha, e Ronaldy.

O diretor de Carnaval da Protegidos, Israel Ávila, destacou que a iniciativa surgiu a partir da vontade de oportunizar uma reflexão sobre a diversidade, contando com uma passista trans e com dois passistas que formam um triângulo amoroso entre os personagens Colombina, Arlequim e Pierro.

Uma reflexão

Ávila ressaltou a importância da responsabilidade social e cultural de visibilizar questões de políticas públicas. “Damos espaço e voz a diversidiade, por isso termos uma passiosta trans, tem tudo a ver com nossa proposta, é um motivo de orgulho”, pontua. “O Carnaval é um teatro a céu aberto, nele você pode escolher ser qualquer coisa, e por isso é um espaço de contos, de fala das políticas públicas, um espaço para as pessoas discriminadas na sociedade. Você pode ser o que quiser naqueles minutos do Carnaval e colocarmos na avenida assuntos de relevância faz parte do nosso comprimisso cultural”, afirma.

“Excelente passista, a Isis conquistou este espaço por merecimento, assim como Ezequiel e Ronaldy. Então, decidimos configurar um trisal que criamos. Podemos mostrar que podem ser formados trisais diversificados, pois o importante é o talento de cada pessoa. Queremos usar o Carnaval para mexer e mudar a vida das pessoas”, finaliza.

Rainha da Diversidade da Asas da Liberdade

A jovem Isis Bragança tem passado por um período de transição com muita força e responsabilidade. “O processo de transição é algo meio lento, já tenho alguns procedimentos realizados. Neste momento o que mais precisamos é de apoio, procuramos em todos os lugares estarmos seguros e decididos do que queremos, principalmente por ser algo que não podemos reverter, e está em nós mesmos de principalmente se aceitar e decidir o que dali em frente será de nós”, pondera.

Ela está lisongeada com o convite e ser chamada para ser uma das passistas deste formato inovador. “Estou muito feliz também pelo respeito com os cidadãos LGBTQIA+. É um prazer fazer parte desta escola, que tem tanta história e por onde já passaram e estão grandes nomes do carnaval e cultura afro-brasileira. Essa visibilidade é algo que precisa se tornar mais presente na comunidade em geral, em todos os segmentos, pois independente de nossas diferenças Culturais, Sociais, Étnicas, Ideológicas, Religiosas e entre outras, somos todos capazes de contribuir com uma sociedade melhor, tendo como base o respeito.”, afirma Isis.

Isis Bragança é também Rainha da Diversidade pela Academia Asas da Liberdade de Estância Velha (Arquivo Pessoal)