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ANIVERSÁRIO DE PICADA CAFÉ: O sino que ecoa no Jammerthal é tocado pelas mãos da família Holz há mais de 40 anos
A tradição foi repassada aos membros da comunidade que vivem na lá ‘desde sempre’
Todas as manhãs cedinho, às 6h e às 11h30, Maria Ilse Holz, que comemorou 77 anos início deste mês, tem um compromisso sagrado: tocar o sino da Igreja Sagrado Coração de Jesus, na localidade de Jammerthal, no interior de Picada Café. Ela e o marido, o professor aposentado Quirino Holz, de 81 anos, foram convidados a assumir este compromisso com a comunidade há mais de 40 anos e, todos os dias, o casal toca o sino nos horários pré-definidos de manhã e ao meio-dia, e quando tem missa ou algum velório. “Só não toco no domingo de manhã”, revela dona Ilse, que não falha nenhum dia.
A tradição de tocar o sino diariamente e em momentos ecumênicos é antiga na igreja católica, que tem forte expressão espiritual através dos símbolos e sinais. No Jammerthal, o sino toca de manhã e ao meio-dia, nas missas, nos falecimentos e, é claro, nas festas. “Desde que me lembro, sempre teve o sino, alguém que tocava”, conta a moradora. Dona Maria diz que sempre morou na comunidade. “Eu nasci no Pinhal Alto, mas com 10 meses viemos morar aqui”, conta ela que viveu a vida toda na localidade, também colônia onde seu pai morava.
Atualmente, o professor Quirino tem dificuldades de locomoção e por isso a tarefa de tocar o sino ficou toda por conta de Dona Maria. “É uma tradição muito bonita”, diz ela que pretende continuar tocando o sino enquanto puder. “Se não toca parece que falta algo”, completa a católica.
A VIDA NO JAMMERTHAL – Maria Ilse se casou com Quirino Holz, que nasceu no Morro dos Bugres (hoje Santa Maria do Herval) e os dois formaram família e viveram toda vida na comunidade de Jammerthal. Quirino recorda que era ‘professor de tudo e de todos’. “Naquele tempo era mais difícil de lecionar, porque eram alunos de muitas idades diferentes e a gente tinha que ensinar todos”, recorda. O professor trabalhou por sete anos em Rio Loch (Wallachai/Morro Reuter) e, depois, começou a dar aula na escola da comunidade do Jammerthal, onde continuou dando aula por mais 23 anos, até se aposentar com 30 anos de carreira.
Naquela época, Quirino lembra que “trabalhava meio dia trabalhava na escola e meio dia na roça”. Quando se aposentou, a família continuou na agricultura. “As famílias inteiras trabalhavam na roça naquele tempo”, lembra a esposa Ilse. Eles produziam para eles e às vezes vendiam também. “Porco, leite, as vezes dava bastante laranja”, recorda. “Eu não quero sair daqui. Daqui, só para o cemitério”, completa a moradora.