Conecte-se conosco

Geral

Diário Rural: Mariana Marcon é liderança na agricultura e Rainha na cultura

25/05/2022 - 09h30min

Atualizada em 25/05/2022 - 09h37min

Mariana em seu trator com os pais Nilo e Marina (Créd.: Dário Gonçalves)

Nova Petrópolis – Mariana Caroline Marcon tem 25 anos e cresceu com os pais no meio da agricultura e atividades rurais, em Linha Araripe, limite com Gramado. Na propriedade, que era de seus avós, desde cedo ela sempre ajudou no cuidado com os animais, no plantio de figos e abóboras e na produção de leite. Com o passar dos anos, seguiu a vida profissional dedicando-se à área rural, fez o curso Técnico em Agropecuária, formou-se Engenheira Agrônoma e tem pós-graduação em Nutrição e Adubação Racional de Cultura de Lavoura. É também a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Nova Petrópolis e Picada Café, coordenadora da Juventude Rural Serra e, desde abril, é também a Rainha do Festival Internacional do Folclore, representando o Grupo de Danças Folclóricas Sonnenschein, de Linha Brasil e Linha Araripe.

Mesmo com faixa e coroa, a jovem não deixa o trabalho do campo (Créd.: Dário Gonçalves)

Agricultura familiar

Mariana atua principalmente à frente dos jovens, incentivando-os e trabalhando sua importância em relação à Agricultura Familiar. No início de maio, ela e mais 20 jovens, além de outras quatro lideranças que compunham o grupo, estiveram em Brasília para tratar sobre o assunto. Além de muita formação fomos ao congresso em encontro com deputados, principalmente da área rural, e com o senador Paulo Paim serviu justamente para destacar o papel das famílias na agricultura. “Queremos mostrar o destaque do jovem, principalmente nesse âmbito nacional. Para que possamos entender um pouco do cenário atual político, mas também do campo, se reconhecer de fato como jovens agricultores, reforçar essa identidade e sermos valorizados por tal”, disse.

Na ocasião, foi entregue uma carta, elaborada em novembro do ano passado, para mostrar quem são esses jovens e mostrar que eles querem lugar de fala porque podem também contribuir. “É importante valorizar os jovens, porque são eles que darão continuidade a agricultura familiar, que vai passando de geração em geração”, acrescenta. Segundo ela, a sucessão rural possui diversos desafios e cada propriedade possui os seus. “Faz parte do nosso trabalho, acolher e juntos buscarmos soluções para isso. Muitos acabam desistindo do campo e indo para outras áreas justamente por não encontrarem seus espaços, e os jovens não vão esperar para sempre”, explica.

Alimentando as galinhas e pintinhos (Créd.: Dário Gonçalves)

Trabalho no campo e administrativo

Durante a semana, Mariana trabalha no sindicato, que tem sua sede no Centro de Nova Petrópolis. Mas, nos finais de semana, tira leite das vacas e, quando é época, também participa das colheitas de abóboras e de figo. “Quando é preciso, tiro leite também antes de vir para o sindicato”, afirma. Em sua propriedade, quem toma conta do dia a dia são os seus pais, Marina e Nilo. Mas, ao voltar para casa, troca de roupa e já põe a mão na massa, ou melhor, na terra.

Cumplicidade com os animais

A jovem agricultora conhece todos os seus animais, desde os gatinhos que passeiam pela casa, às galinhas e pintinhos e as vacas que ficam pelo campo. Sabe qual é a mais “chegada” aos carinhos, qual dá mais leite, entre outras particularidades. Basta ela chamar “kommt”, ou seja, “vem” em alemão, que o gado já se aproxima pois sabem que receberão alimento. “Só não vou chamar elas agora porque não tenho nada par oferecer e não gosto de enganar elas”, conta.

(Créd.: Dário Gonçalves)

Também é ela quem acompanha a reprodução das vacas, mantendo registros sobre todos os detalhes de cada animal. Tudo anotado e catalogado. Os animais doentes recebem tratamento especial, como o caso de um terneiro (foto) que estava com uma virose. Mariana esquentou o leite tirado de uma das vacas para deixá-lo na temperatura natural, e o alimentou com o auxílio de um balde.

Relação com a dança

A caminhada até tornar-se Rainha do 49º Festival Internacional do Folclore de Nova Petrópolis começou cedo. Ela conta que, quando pequena, ficou apaixonada ao ver a apresentação de um Grupo Internacional em sua escola. Desde então, não deixou mais este universo. Iniciou no Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Miesbach de Gramado e, há 8 anos, participa do Grupo de Danças Folclóricas Sonnenschein, a convite de sua irmã. Foi dançando que conheceu Odair Berwanger, com quem se casou no último sábado, 21. Foi também Rainha da Festa do Figo em 2013 e Princesa da Festa da Colônia de Gramado, em 2017.

Dia em que foi eleita a nova rainha do Folclore (Créd.: Dário Gonçalves)

Agora, como Soberana do Folclore, vive uma rotina agitada dividindo-se entre o trabalho em casa, no sindicato e na divulgação do Festival, que ocorre de 14 a 31 de julho. “O Festival contribuiu muito pra mim como pessoa. E cabe a mim e a nós que dançamos retribuir isso para o festival. Estudei bastante para esse título e fico muito grata”, comenta. Em menos de dois meses, já estiveram em diversos eventos, como o Kerb im Tannenwald, bailes de comunidades, Tricofest, escolha das soberanas de Bom Jesus e na Festa da Batata em Santa Maria do Herval. “Tudo isso é muito desafiador, mas é gratificante. Fazer o que a gente ama é leve”.

Importância feminina

Por fim, Mariana destaca o quanto é importante que mulheres agricultoras se candidatem e ocupem esses espaços, não só o de soberanas, mas também de liderança. “Nós mulheres do campo somos importantes também, podemos ocupar os espaços que desejarmos”, finaliza.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.