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Cineasta de Picada Café inicia contagem regressiva para o Alasca

17/08/2022 - 09h57min

Viagem terá início em Picada Café (Créd.: Dário Gonçalves/Arquivo)

Picada Café – Cerca de 100 dias. Este é o tempo que falta para o início da viagem de Rodrigo Castelhano, cineasta, e De Niro, um fusca 1974, até o Alasca. A ideia é sair entre 20 e 25 de novembro para o Ushuaia, na Argentina. A cidade é conhecida como “o fim do mundo” por ser o local mais ao Sul do Planeta em que se pode chegar por terra.

A viagem será em duas partes. A primeira é justamente até o Ushuaia, descendo pelo Rio Grande do Sul e Uruguai. Depois volta pelo Chile e retorna para Picada Café, onde passará o Natal e o Ano Novo. No Brasil, ele retoma suas produções e, no início de abril, vai para a segunda parte que é ir até o Alasca. Desta vez, subirá até Guarapuava, sua cidade natal no Paraná, e então entra no Paraguai através de Foz do Iguaçu e subirá o continente.

Rodrigo Castelhano fará viagem a bordo de seu fusca, De Niro (Créd.: Dário Gonçalves/Arquivo)

Preparativos

A ideia surgiu em 2015, quando Castelhano foi morar em Picada Café para produzir o filme Pura Ficção, gravado também em Nova Petrópolis. Ele e sua namorada, Joice, são apaixonados por fuscas e comparam um modelo 1976, vermelho, que foi chamado de Forrest. “Todos os meus carros tiveram um nome, o último foi em referência ao Forrest Gump, um filme que gosto muito. O personagem do Tom Hanks tem algumas limitações, mas tem uma imaginação e determinação incrível. Era um limitado, mas que ia longe, assim como o Fusca”, conta ele.

Com o Forrest, planejavam ir até o Peru e nele viajaram metade do Brasil. O veículo estava sendo preparado para a viagem ao Alasca, mas acabou sendo furtado. Nessa altura, Castelhano já tinha gasto cerca de R$ 30 mil no carro. Aliás, quando o cineasta fala em “todos os meus carros”, não é por ter vários, mas porque já teve sete fuscas furtados. Inclusive, um deles por duas vezes e no mesmo local. Esta história poderia ser um filme da Sessão da Tarde com um nome ao estilo “Ei cara, cadê meu Fusca?”, mas infelizmente é real.

Cineasta tem 42 anos (Créd.: Dário Gonçalves/Arquivo)

A vez do De Niro

Pura Ficção foi mais extenso do que se esperava e logo Forrest foi levado. Veio a Covid-19 e o tempo parado o fez pensar, até que decidiu que, se a pandemia fosse superada, a viagem de Fusca do “Fim do Mundo” ao Alasca aconteceria. Em 2020, comprou o carro atual e o batizou de De Niro, em homenagem ao ator Robert De Niro, que coincidentemente completa 79 anos justamente hoje, 17 de agosto. “Quando comprei o De Niro, pensei em nomes relacionados ao cinema e ao filme O Poderoso Chefão. Eu estava com um amigo que sugeriu De Niro. Sou muito fã, acho um dos maiores atores que existem e tem um papel muito marcante n’O Poderoso Chefão”, explica.

Rodrigo Castelhano e sua namorada, Joice, em viagem com o Forrest (Créd.: Arquivo Pessoal)

Inspiração em Jesse e Shurastey

Jesse Koz, um paranaense que vivia em Balneário Camboriú, e seu Golden Retriever chamado Shurastey, tinham o mesmo desejo de dirigir em um Fusca até o Alasca. A jornada dos companheiros era acompanhada por milhares de pessoas através do Instagram. No entanto, no dia 23 de maio deste ano, um acidente com o Fusca em que viajavam tirou a vida dos amigos. Jesse tinha 29 anos e Shurastey 9. Embora a ideia de Castelhano tenha surgido antes de conhecer a dupla, os dois foram fontes de inspiração.

“Vi a página do Jesse e do Shurastey e achei muito inspirador. Eles estavam sem muito preparo e planejamento, mas com muita paixão de chegar no Alasca. Falar deles é bem complicado porque foi muito triste o que aconteceu”, conta o cineasta. Ambos chegaram a trocar mensagens e, quando Castelhano chegar ao Alasca, pretende dedicar o feito aos dois. “Eles me inspiraram a não deixar nada pra amanhã, sem desculpas. Além dos conteúdos diários, farei um documentário no final e citar os dois porque eles mudaram e deram coragem à vida de muitas pessoas”, acrescenta.

Jesse, Shurastey e o fusca chamado Dodongo (Créd.: Redes Socias)

Rota cervejeira

Castelhano unirá sua paixão pelo cinema à paixão por cervejas. Pelos continentes viajará conhecendo o maior número de cervejarias possíveis. Para isso, criou o projeto Expedição Malte (@expedicaomalte), que já conta com mais de 5 mil seguidores. “Adaptei meu projeto para que eu pudesse sobreviver financeiramente, a pandemia acabou com todas as economias. Quero mostrar um pouco desse universo cervejeiro do Novo mundo, e unir a viagem em uma ótica cinematográfica”, diz.

Além disso, ele fará um roteiro de mecânica preventiva para a cada 6 ou 7 mil quilômetros trocar peças para evitar problemas. “O Fusca recebeu rodas e pneus novos. Estou mexendo na parte interna para ter mais espaço. Antes ele tinha roda 14, agora são 15 para se adaptar aos terrenos”.

Sozinho, ele cruzará os três continentes americanos (Créd.: Dário Gonçalves/Arquivo)

Patrocínios

Somete para atravessar com o carro pelo Canal do Panamá, o custo fica entre 15 e 20 mil reais. Por isso, ele busca patrocinadores que possam lhe auxiliar nesse projeto e, em setembro, abrirá uma vaquinha virtual. “Estou com patrocinadores, uns fechados, outros negociando, mas ainda aberto a novos. Tenho um plano de mídia muito interessante, com várias contrapartidas”, afirma.

Trabalho atual

No momento, o diretor está filmando uma série chamada Taking Back, em Balneário Camboriú, com temática dos anos 80. O projeto conta mais uma vez com Dedé Santana, que interpretará um mafioso ao estilo Poderoso Chefão, e sua filha, Yasminn Santana. A série faz parte do projeto cultural Partiu Santa, produzido pela Nucleoset (produtora de Castelhano) por Mia Maia e Vanessa Garcia, e roteiro de Ayrton Batista. Taking Back será lançada em março, pela Record SC em quatro episódios, e depois relançada como filme em uma versão maior.

Viagem começará em novembro (Créd.: Dário Gonçalves/Arquivo)

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