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Diário Rural: A arte e o dom de amansar Zebu garante prêmio ao agricultor Paulo Müller em Picada Café

10/09/2022 - 07h54min

Picada Café – Quem um dia viveu na agricultura, nunca, nunca mesmo, esquecerá suas raízes. Numa pequena propriedade as margens da Rua Carlos Utzig, Bairro Esperança, um agricultor aposentado de 66 anos cultiva o dom de amansar e domar zebu, uma raça de gado forte e de grande porte. Seu Ari Paulo Müller, ou simplesmente Paulo Müller, divide o dia entre trabalhar como pedreiro e fazer aquilo que fez a vida toda, amansar seus animais. Os “meninos”, como ele mesmo se refere, são hoje três zebus mansos que ele leva para eventos na região e recentemente lhe garantiram prêmio.

DA PRODUÇÃO LEITEIRA AO DOM DE AMANSAR
Seu Paulo e a esposa Suzana Müller já foram fortes produtores de leite em Picada Café. Durante cerca de 15 anos essa foi a principal renda da propriedade do casal que criou cinco filhos. Mas, a mudança na legislação e as exigências no ramo, fizeram o casal desistir das vacas e da produção leiteira. Seu Paulo foi para a construção civil, mas nunca largou uma paixão: criar zebus e deles fazer animais mansos de canga. Uma tarefa que ele faz com amor, carinho, mas que também lhe garante renda. “A vida toda eu fiz isso e vou continuar enquanto puder”, destacou. Inicialmente, quando tinha vacas, ele pegava as crias para amansar na canga. “O zebu é uma espécie muito forte, boa para a canga e para os serviços como lavrar ou puxar a carroça. Uma boa junta lhe garante anos de serviços, um investimento que vale a pena”, destacou.

O DOM QUE LHE GARANTIU CONVITES E PRÊMIOS
Amansar animais de grande porte como os zebus requer trabalho e meses de carinho e dedicação. No caso do cafeense, ver o resultado e ter o reconhecimento de uma sociedade que cada vez menos está vendo esse tipo de atividade, é gratificante. Recentemente Paulo Müller e seus três zebus foram premiados no desfile da cidade de Araricá. O cafeense faz parte de uma equipe de criadouros da raça da cidade de Presidente Lucena e, sempre que convidados, eles vão até as cidades participar do desfile e mostrar seus animais. O prêmio que recebeu, seu Paulo ainda não sabe. “Nós tivemos que voltar antes nesse dia devida a distância a percorrer. Mas vamos procurar os organizadores e buscar saber o que ganhei e buscar o prêmio”, destacou. Além de Araricá, o cafeense e seus animais já desfilaram em Lomba Grande, Presidente Lucena, Nova Petrópolis, dentre outras cidades da região.

Música na estrebaria e carinho diário: o segredo de Paulo Müller
<10>Entre um papo e outro, o agricultor Paulo não tira os olhos do potreiro que possui nos fundos da casa. Lá estavam os três “meninos” do aposentado. Chamados de “Mineiros” pelo cafeense, eles logo identificam sua voz e correspondem aos chamados. Até na hora das fotos, os três ficam perfilados, lado a lado, para receber o carinho e a atenção de quem os amansou. Essa atenção, e esse carinho, afirmam Paulo, são quase que diários. “Lá na estrebaria, onde passam a noite, sempre tem música. Passo bastante tempo com eles dando e recebendo carinho. Eles gostam e retribuem”, frisou. O segredo, afirma o aposentado, está na persistência e de ensinar os animais desde pequenos. “Eles são acostumados na canga desde pequenos. Seja puxando um pneu leve, um pedaço de madeira ou uma carroça. Eles crescem se acostumando a vida na canga”, frisou.

ANIMAIS SÃO ACOSTUMADOS COM PESSOAS
Levar seus zebus para eventos requer anos de trabalho. No evento que participou em Araricá seu Paulo colocou pela primeira vez três animais na canga. Ele adaptou o equipamento com um boi central e dois laterais. “Eles já estavam acostumados. Claro, apesar de serem mansos, tomo alguns cuidados como caminhar ao lado deles. Isso transmite segurança para mim e para eles”, destacou. Quando são amansados, os zebus também passam perto de pessoas e muitas vezes são usados para levar os netos de seu paulo e da esposa Suzana. “Eles se divertem com isso e a gente também”, brincou dona Suzana que já acompanhou o marido em alguns eventos.

MAIS QUATRO ANIMAIS NO PROCESSO
Além dos três zebus que seu Paulo está utilizando e levando para os eventos atualmente, ele conta com mais quatro animais no rebanho atualmente. Estes também estão passando pelo processo para, em breve, serem usados no dia a dia ou até para formarem animais de canga e serem vendidos. Indagado de quanto vale cada junta de bois, Paulo disse que varia. “Depende da idade dos animais e do porte”, destacou. Ao longo dos anos, afirma o agricultor, já vendeu juntas para Santa Maria do Herval, Pinhal Alto, 9 Colônias, Sapiranga, Lomba Grande e outras cidades.

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