Conecte-se conosco

Estado - País - Mundo

Família Kolling: herança da imigração alemã em Dois Irmãos

16/09/2022 - 14h29min

Heriberto e Paulo mostram fotos antigas da cantaria. Créditos: Giordanna Benkenstein Vallejos

Por Giordanna Benkenstein Vallejos

 

Otto Bruno Kolling, a direita, na usina. Créditos: Arquivo pessoal

 

 Miguel Kolling é o ancestral de Heriberto Kolling e de Paulo Nicolau Kolling, entrevistados para essa reportagem. Assim como eles, existem diversos descendentes que Miguel deixou na região de Dois Irmãos. Antônio Kolling é filho de Pedro Kolling e neto de Miguel Kolling. Antônio nasceu em 1881, era alfaiate e agricultor. Ele teve oito filhos, entre eles, Otto Bruno Kolling, pai de Paulo Nicolau Kolling e Frederico Hugo Kolling, pai de Heriberto Kolling. Hoje existem aproximadamente 45 tataranetos de Antônio.

Miguel veio da Alemanha, e era o mais novo dos nove irmãos homens. Eles chegaram no Brasil com o pai, pois a mãe faleceu no embarque para a nova pátria. Nem todos que desembarcaram ficaram em Dois Irmãos, por isso, o sobrenome Kolling existe em diversas cidades do estado. Dizem que Miguel era o mais pequeno dos filhos que vieram no navio. Como havia uma escassez de alimentos, cada filho tinha direito a uma fatia de pão por dia. Por Miguel ser o menor, recebia duas fatias. “É curioso pensar que talvez só existimos porque ele recebeu esse reforço alimentar, que permitiu o seu crescimento, apesar de ser o mais frágil dos irmãos. ”, disse Heriberto.

 

Paulo Nicolau Kolling mostra um dos documentos antigos, de 1912, que guardou da família. Créditos: Giordanna Benkenstein Vallejos

 

Casa Kolling

A família Kolling se estabeleceu nas terras ao lado da Sociedade Santa Cecília, na lateral da Estrada Sapiranga, até a divisa com a Picada dos Nabos e tinham 33 hectares de terra. A casa que viviam fica na Av. São Miguel, n° 555, sendo parte do patrimônio histórico da cidade, sendo há alguns anos utilizada pelo comércio. Heriberto Kolling também nasceu nesta casa. Ele conta que o dormitório era de um lado e a cozinha de outro, sempre dividida por um corredor.

 

Usina Hidroelétrica

O pai de Paulo, Otto Bruno Kolling, foi funcionário da CEE e agricultor, por isso, eles sempre tiveram energia elétrica em casa. A energia gerada pela usina hidroelétrica, na Cascata São Miguel, era distribuída para toda a cidade na época. Paulo lembra que sempre precisava ter alguém olhando nos relógios da usina e anotando quanta energia era gerada de hora em hora. “Às vezes os funcionários tinham que limpar de madrugada a represa, quando ficavam galhos. A enchente que ocorreu em 1965 fez parar os trabalhos. ”, disse ele.

 

Lembranças do passado

Cantaria Santo Antônio existe há quase 55 anos. Créditos: Giordanna Benkenstein Vallejos

 

Heriberto relata que na propriedade de seus avós, havia um galpão com estrebaria. Também conta que todos os seus tios desempenhavam a função de agricultores, pois cultivavam parreiras e hortas com diversas leguminosas, que eram vendidas para visitantes de Porto Alegre e região. ”A principal diferença para mim, é que naquela época eu conhecia 90% das pessoas da cidade. Hoje em dia, não posso dizer que conheço 10%. ”, conta ele.

Paulo relembra que quando era mais jovem, com ventos um pouco mais fortes, a energia elétrica parava de funcionar. O telefone também era por voltas, não haviam números para serem discados. Relembra que depois do Kerb, os irmãos da família se reuniam e cantavam músicas em alemão. “Meu pai vinha da Picada 48 até o centro a pé, apenas para poder cantar com seus irmãos depois do Kerb.”

Desde pequeno, Paulo tinha que ajudar nas tarefas do campo, assim como os demais irmãos. Ele ajudava a fazer pasto e tirar leite das vacas. Lembra também que dificilmente eles compravam carne, porque a família tinha o hábito de carnear o próprio gado. “A vida do colono não é que nem a nossa, com um salário fixo. No campo tem que economizar para ter as coisas e o dinheiro vai entrando aos poucos.”, explica.
Em 1968 foi criada a Cantaria Santo Antônio. Vão completar 55 anos que existe a empresa em Dois Irmãos. O fundador é o pai de Heriberto, Frederico Hugo Kolling e mais três sócios. No começo da cantaria, na Rua Sapiranga, só entravam carroças e não existiam muitas coisas naquela região, que hoje em dia é um dos pontos movimentados da cidade. “Naquela época tudo era a mão e agora tudo se faz com maquinário. Antes vinham os blocos inteiros e agora a matéria prima vem praticamente pronta. ”, conta Heriberto.

 

 

 

*VEJA MAIS REPORTAGENS DO ANIVERSÁRIO DOS 63 ANOS DE DOIS IRMÃOS NO SITE DO JORNAL, NA EDIÇÃO ONLINE E NO IMPRESSO QUE JÁ ESTÁ NAS RUAS.

 

 

 

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.