Aves de São José do Hortêncio vão parar nos pratos do Oriente Médio

Diário Rural

Pavilhões modernos se destacam na Estrada do Passo Fundo

São José do Hortêncio

Cândido Nascimento

Valdemir Franz pensou além do horizonte quando procurou investir em dois modernos aviários, situados na Estrada Passo Fundo, em São José do Hortêncio, próximo à VRS-874, que dá acesso a São Sebastião do Caí. Ele projetou dar continuidade ao serviço rural por parte das filhas Eduarda, 27 anos e Camila, 19. É o que se chama de sucessão rural. Na propriedade eram plantados aipim e laranjas, e ele procurou uma alternativa de renda. A granja já estão no segundo lote, com aves tipo exportação, que vão para o Oriente Médio, alcançando países da Arábia Saudita, Israel, Emirados Árabes, entre outros.

SÃO 864 MIL AVES

Por vários anos ele trabalhou no curtume Sulino, até encaminhar a aposentadoria e procurar investir na propriedade rural da família. Em 2021 ele fez um financiamento para construir dois modernos pavilhões, ambos totalmente automatizados, com painéis para controle de temperatura, alimentação e para dar água às aves. Cada lote é de 55 mil aves por pavilhão, alcançando um total de 108 mil aves por lote e 864 mil unidades em oito lotes anuais.

Os pavilhões possuem 124 placas de energia solar, o que representa bastante na economia e ajuda na gestão do negócio. Só a economia com a energia já paga a prestação do financiamento, por exemplo. O produtor conta ainda com o trabalho do genro Eliandro Gonçalves. A empresa integradora é a JBS. O atual lote completa 15 dias nesta sexta-feira.

CLIMATIZAÇÃO

São 5.940 m² de área construída, sendo que cada pavilhão mede 18x165m. Os espaços são dotados de climatizadores automáticos, quatro fornalhas e 14 exaustores, estes necessários para a renovação do ar no interior dos criatórios. É o sistema mais moderno que existe na atualidade para uma produção em grande escala. A grande preocupação é aquecer os pintos no inverno e deixar uma temperatura adequada no verão. Se alguma coisa der errado com a temperatura soa um alarme para alertar os cuidadores dos espaços e fazer o reparo que for necessário.

Amor pelo meio rural vem dos antepassados

Valdemir comenta que o interesse pelo meio rural vem dos antepassados, pois os avôs paternos e maternos já eram produtores rurais, que plantavam, milho, feijão e fumo e alguma produção de hortaliças para consumo próprio. “Essas terras eram dos meus avós, que tinham citros e plantavam aipim”, afirma ele, que deixou os pomares para abrir caminho para a produção de frangos dark house 4.0.

O sistema de criação dark house apresenta maior eficiência de conversão alimentar, reduzindo a taxa de mortalidade e o tempo de alojamento. Tem melhor conforto térmico do animal, sem que eles se estressem, não se agitem ou se machuquem. O nome vem de um ambiente mais escuro.

SUCESSÃO RURAL

Valdemir destaca que são oito anos para pagar o investimento, feito através do BNDS, mas defende que trata-se de investir no futuro da família. A energia solar será paga em seis anos. “Temos cinco hectares aqui e um hectare é para os aviários. Depois de tudo pago é com elas e o genro”, observou.

A filha mais velha de Valdemir, Eduarda, ajuda nas horas vagas, pois trabalha na farmácia municipal. Ela afirma que o interesse dos mais jovens pelo meio rural está cada vez maior, pois muitos preferem trabalhar na cidade.

A irmã dela, Camila, também observa que está cada vez mais difícil os jovens querem permanecer na roça ou na atividade rural, mas acredita que é importante pensar no futuro.

Apoio da Prefeitura

Valdemir comenta que é muito importante o apoio da Prefeitura no que se refere à terraplanagem da área e no custo do telhado, além de melhorar o acesso à propriedade. Ele destaca a importância desse apoio, através dos inventivos aos produtores, e sem eles não seria possível fazer esse investimento. Por sua vez, há o retorno através do ICMS gerado.

O prazo de um ano e meio de carência para começar a pagar as prestações é o tempo necessário para produzir e obter o resultado esperado. Nos dias atuais, os juros altos inviabilizaria o empreendimento, acredita o produtor.