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Vila Germânia é o bairro com mais ocorrências de violência contra a mulher em Nova Petrópolis

25/11/2022 - 11h39min

Atualizada em 25/11/2022 - 11h43min

Coordenadora Liriane fala aos vereadores (Créd.: Jordana Kiekow)

Nova Petrópolis – Os números de violência contra a mulher no município, em 2022, foram apresentados na sessão da Câmara de Vereadores de terça-feira, 22, pela coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres e Idosos, Liriane Kintschner, e pelo delegado da Polícia Civil, Fábio Idalgo Peres.

Até a data, haviam sido registrados 63 boletins, entre os atendimentos realizados pela Brigada Militar, e os boletins de ocorrência, realizados pela Polícia Civil. “Nem todo boletim de atendimento gera um boletim de ocorrência, pois nem toda vítima faz o registro”, destaca Liriane.

O bairro com o maior índice de violência contra a mulher é a Vila Germânia, com 12 registros no ano. Coincidentemente, foi lá que, em agosto de 2021, houve o último feminicídio em Nova Petrópolis. Há menos de dois meses, no dia 1º de outubro, um homem de 33 anos foi preso no bairro após discutir com a mulher, de 49 anos, e ameaça-la de morte. Ele ainda a estrangulou antes de ser preso em flagrante.

Outros casos

Depois da Vila Germânia, os bairros com os maiores índices são o Pousada da Neve, com 8 registros, e Centro com 6. Conforme Liriane, as mulheres de 31 a 40 anos são as maiores vítimas. Dos 63 boletins, 37 apresentam uso de alguma substância e 37 tiveram a presença de crianças e adolescentes no momento da agressão. Além disso, 55 vítimas já tiveram ou estão em atendimento. A coordenadora ressalta que 14 agressores foram atendidos. Quanto aos tipos de violência, os dados são: 31% psicológica, 26% moral, 21% patrimonial e 22% física.

Delegado Fábio Peres também usou a tribuna (Créd.: Jordana Kiekow)

Semana de Combate à Violência

O encontro na Câmara foi em alusão à Semana Municipal de Combate à Violência contra a Mulher, instituída pela Lei Municipal nº 4.987/2021, de autoria da vereadora Kátia Regina Zummach (PSDB). Para o delegado Peres, o trabalho realizado pela Polícia Civil contribui no combate à violência contra a mulher. “A Lei Maria da Penha é muito recente, de 2006, mas é muito importante para a legislação. Recebemos situações muito delicadas e precisamos estar preparados para ouvir as histórias que chegam até a delegacia”, comenta.

Neste ano, foi inaugurado na delegacia a Sala das Margaridas, um espaço especializado para atender as pessoas que sofreram algum tipo de violência. “O atendimento em Nova Petrópolis serve de modelo para outros municípios, visto que a cidade trata essas vítimas de uma maneira mais acolhedora e realiza um trabalho diferenciado, o que gera resultados positivos”, afirma Peres.

Trabalho realizado

Liriane destacou a importância do trabalho realizado pela equipe de psicólogos e assistentes sociais em atendimento às vítimas. “Cada boletim gerado é encaminhado para a coordenaria, onde temos uma equipe formada por psicólogos, assistentes sociais e representantes da secretaria de Educação. A partir desses boletins, é feita uma busca ativa das vítimas, e oferecemos todo o suporte que precisam”, comenta.

Atendimento aos agressores

A coordenadoria também conta com grupos de reflexão de gênero para os agressores, visto que, estatisticamente conforme Liriane, está comprovado que, a violência é geralmente causada pelo uso de substâncias, como drogas ou álcool. Mediante ordem judicial, o agressor precisa participar. “Não é só a vítima que sofre a violência, mas também os filhos. Por isso fazemos o acompanhamento familiar. Se as crianças precisam de acompanhamento, temos o Espaço Multiprofissional de Atenção à Infância e Adolescência”, complementa.

Por fim, Liriane conclui dizendo que muitas crianças vêm de uma família onde a violência existe e, por isso, acham que é uma prática comum, passando esse problema de geração em geração. “Por isso, precisamos trabalhar a violência doméstica nas escolas. Nova Petrópolis está crescendo cada vez mais na promoção de políticas públicas que acompanham as vítimas de violência, o que é positivo para a comunidade e para o acolhimento das pessoas que precisam de ajuda”, finaliza.

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