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Esporte

Marlei Willers, de Morro Reuter, é a primeira atleta gaúcha a subir no pódio da Volta da Pampulha

17/12/2022 - 17h49min

Atualizada em 18/12/2022 - 16h31min

Preta, 44 anos, é destaque em todas as competições que participa (FOTOS: divulgação)

Por Cleiton Zimer 

Morro Reuter / Dois Irmãos / Minas Gerais – Que 2022 foi o ano da Marlei não restam dúvidas. Onde pôs os pés se destacou. Sua mais recente façanha foi a quarta colocação na 23ª Volta Internacional da Pampulha que aconteceu no dia 11 de dezembro em Belo Horizonte.

Marlei Willers, 44 anos, não esteve tão somente entre as melhores da corrida [o que por si só já é uma conquista]. Muito mais do que isso, deixou seu marco na história: é primeira gaúcha a ir para o pódio da competição que é considerada uma das mais importantes e tradicionais do país, reunindo os melhores do Brasil e do mundo.

Preta, como é carinhosamente conhecida na região, largou no Pelotão de Elite e concluiu os 18, 077 quilômetros em 1h 09min 29seg. São menos de três minutos de diferença da grande campeã, a queniana – e única estrangeira no pódio – Vivian Kiplagat, que terminou o percurso em 1h 06min 48 seg. Em segundo veio Amanda de Oliveira que fechou em 1h 07min 40 seg. Em terceiro Larrisa Quintão, 1h 08min 02 seg.

Marlei no pódio com as melhores.

A garotinha assistindo TV realizou seu sonho de ir lá e fazer acontecer

Desde garotinha Marlei assistia à competição na televisão – mesmo antes de se imaginar como atleta. “Eu via o pódio e pensava o quão grandioso seria poder estar ali.

Não é a primeira vez que ela esteve na Pampulha; em 2018 ficou 11º lugar na vigésima edição. Neste ano largou no Pelotão de Elite – o que conquistou através da sua trajetória –, e portanto, pôde largar em certa “vantagem” em meio àquela multidão de aproximadamente 17 mil atletas.

Uma prova deste calibre possui um peso enorme para o currículo de um corredor e, para Marlei, foi a realização de um sonho. “Era uma das minhas metas largar no Pelotão de Elite. Me doei muito depois que fiz a primeira prova. E juntos, com apoiadores e patrocinadores, com o Julio Pauletti (treinador) conseguimos este resultado de largar na frente.”

Além dela, mais sete corredores de Dois Irmãos participaram da competição.

O momento da chegada.

“Têm superações que valem mais que vitórias, da Marlei e todos que ajudaram a construir a Marlei”

Marlei conta que o percurso não foi fácil. O próprio clima de Minas Gerais, quente, úmido e pegajoso, foi um entrave. Além disso a atleta veio de recentes maratonas – o que também gera desgastes.

Consegui me manter num ritmo bom até o 14 km, depois, tive que lutar para me manter e subir um pouco,” disse, mencionando que já estavam prevendo isso dada a experiência que possuem neste universo das corridas. “Às vezes a gente fala em vitórias, mas têm superações que valem mais que vitórias, da Marlei e todos que ajudaram a construir a Marlei,” disse.

O sentimento dos últimos 600 metros

Você já parou para pensar no que passa na cabeça de um atleta naqueles momentos finais de uma prova desta proporção? Marlei respondeu:

Nos últimos 600 metros, que eram de uma subida forte, quando estava correndo no meio daquela multidão, todo mundo ovacionando, gritando meu nome, primeiramente pensei em Deus por me dar saúde e a oportunidade de viver este momento. Lembrei de todos os meus apoiadores, patrocinadores, do Julio, de todas as pessoas que torcem por mim.

Marlei frisou que, naquele instante, percebeu que estava fazendo isso não somente por ela mesma, mas, por todos ao seu redor. “Eu sei que acabamos levando essa emoção para as pessoas, que acabam acreditando não só em mim, mas nas coisas boas que acontecem; que a vida pode ser dura, pode ter um monte de coisas, mas há esperança de um amanhã melhor. Não foi um primeiro lugar, mas um quarto lugar de muita honra, entrega, determinação, de querer e de muito amor pelo que a gente faz. O amor vem em primeiro lugar, porque se eu não amasse o que estou fazendo, não teria tanta força e coragem para chegar até aqui.

Marlei concluiu a prova em 1h 09min 29seg.

Um ano marcante

Desde o início da sua trajetória profissional no esporte, há cerca de cinco anos, Preta somou diversas conquistas no mundo das corridas, destacando-se em todas elas [sem exceção]. Até metade de 2022 estava condicionada às meias maratonas mas, em agosto deste ano deu um passo além: se consagrou campeã na sua primeira maratona, da Fila, em São Paulo. No dia 20 de novembro deu Marlei novamente: foi a grande vencedora da Maratona de Curitiba (uma das mais disputadas do país).

E o que ela tem a dizer sobre isso?

Preta responde que o ano foi uma verdadeira montanha-russa de sentimentos, em que viveu momentos cruciais de tomadas de decisões, tendo inseguranças, medos, angústias e, até mesmo, descrenças.

Entretanto, pontua que tudo a fortaleceu para seguir em frente, o que também resultou em momentos de euforia, conquistas, glórias, vitórias e muita, mas muita emoção. “Posso dizer que este ano vai ficar marcado, foi dos extremos à calmaria. Intenso, de muita entrega e aprendizado. Agradeço, pois pude contar com muita gente e isso é muito importante.

Marlei fala da satisfação de, a cada etapa da sua caminhada, ver o carinho, admiração e respeito das pessoas. “Que entendem que, para chegar até aqui, para ter este ano tão grandioso, tivemos muito trabalho e paciência.

Sobre ser a primeira gaúcha no pódio da Pampulha, Marlei transparece a alegria. “Eu fui a primeira, e tenho orgulho de dizer isso e dividir isso com vocês.

Marlei, o treinador Julio e demais atletas de Dois Irmãos que participaram da competição.

Foco em 2023

A atleta conta que, agora, dará uma parada de alguns dias. “Vamos olhar para trás, avaliar tudo o que aconteceu e planejar um 2023 tão bom quanto foi 2022. Levar não só a Marlei, mas o nome de Morro Reuter, Dois Irmãos, do Rio Grande do Sul, do atleta amador, a força das pessoas que acreditam e que querem fazer a diferença neste mundo.

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