Conecte-se conosco

Cadernos

A diversificação na terra da kartoffel: os pioneiros no cultivo de morangos em Santa Maria do Herval

19/05/2024 - 05h15min

Algemiro na sua estufa onde produz morangos em Padre Eterno Ilges (FOTOS: Cleiton Zimer)

 

Por Cleiton Zimer

Inicialmente o Teewald era a terra da batata. Tanto que deu origem a uma das festas mais famosas da região: a Kartoffelfest. As famílias, por muitas décadas, apostavam todos os seus recursos no cultivo e, assim, o município foi se desenvolvendo.

No entanto, com o passar dos anos e a centralização na produção nos grandes produtores – que foram migrando para os campos -, isso começou a mudar e, quando se viu, o pequeno agricultor foi perdendo suas forças. Isso fez com que muitos começassem a diversificar.

Exemplo disso é o casal Algemiro Kasper, 58, e Maria Anelise Dieter, 51. Casados há 33 anos, foram uns dos pioneiros no cultivo de morangos no município, na localidade de Padre Eterno Ilges.

Algemiro sempre foi agricultor, desde criança. Casou e seguiu na lida. Quando gradativamente as batatas foram se tornando um negócio menos vantajoso, passou a aprimorar o cultivo de verduras.

Por muito tempo trabalharam destinando para os varejistas. Até que, há cerca de 15 anos, decidiram empreender e eles mesmos vender os próprios produtos.

E há 10 anos também passaram a plantar morangos. Se especializou através de cursos, construiu uma estufa, fez um sistema de irrigação e começou a cultivar.

Algemiro conta que gosta do que faz. Passa os dias se dedicando aos morangos, desde a poda, colheita e plantio de novas mudas.

O auge sempre é entre setembro e dezembro.” Mas o trabalho nunca para. “Nos demais meses também tem, mas, aí, é menos”, explica.

Neste ano foi um pouco complicado. O calor prejudicou a floração até mesmo dentro da estufa”, afirma.

Colono raiz

Algemiro, além da lavoura, também cria seus animais para consumo próprio. “É bom saber o que se põe na mesa”, conta. Para isso também cultiva milho em sua propriedade. Para ele, faz bem ficar na roça, manter os costumes ensinados pelos pais e levar alimento para as mesas de diversas famílias.

Levando alimento para os estudantes do Teewald e Campo Bom

 

Anelise e Algemiro no preparo do varejo

O trabalho deles sempre é em equipe. Enquanto Algemiro está na lavoura, Anelise está no galpão preparando tudo para dar o destino final.

Difícil é dizer quando os dois tem uma folga. A rotina sempre é intensa.

Há muitos anos são eles a destinar parte dos alimentos para as creches, escolas municipais e estadual do Herval. Além daqui, também levam para quatro colégios de Campo Bom.  Os alimentos que são destinados às escolas são variados, desde verduras, hortaliças, frutas e, claro, os moranguinhos.

Mas para que tudo isso seja possível é preciso um trabalho intenso, sobretudo organizado. “É um compromisso. Tudo precisa estar nas creches na segunda de manhã e, terças, na Prefeitura que leva para as escolas”, afirma Algemiro. Sendo assim, as manhãs de domingo são sempre dedicadas ao preparo.

E detalhe: todos os sábados Algemiro está na Feira do Produtor no Centro de Herval. E, agora, também durante dois finais de semana na festa da batata.

Já Anelise, além de ajudar na organização, faz o varejo. Nas quintas-feiras vai para Dois Irmãos e sábado Nova Hartz. Há três anos ela está nas ruas levando alimentos para as pessoas.

Levanto às 3h da manhã, preparo as coisas da câmara fria, depois vou tomar um banho, tomar um chimarrão, comer algo, e pouco antes das 6h eu saio.” De meio-dia almoça rápido e segue seu caminho. “Tem praticamente horário marcado para chegar em cada cliente, se atrasar, eles ficam preocupados.”

Além disso, segundas, terças e quartas, das 6h às 7h, ainda faz academia há sete anos. “Ali que se tira a motivação”, pontua.

Frutas, verduras e legumes são preparados com muita dedicação para os clientes

Confiança

Durante a pandemia Anelise também elaborou um sistema eficiente. Muitos clientes fazem as encomendas por WhatsApp e já fazem o pagamento via Pix. Em muitos prédios ela tem acesso através da digital e deixa os produtos nas portas dos moradores. “Tem pessoas que não vejo por um mês, e levou coisas toda a semana.

Quando mais jovem trabalhou em fábrica de calçados. Depois atuou um tempo como agente de saúde. Agora é aposentada, mas mesmo assim, não para de trabalhar. “Eu gosto, não troco por outra coisa.

 

 

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.