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Região

João Becker, de Dois Irmãos, apostou na produção de pães e bolos da sua mãe, Dona Loni

20/06/2024 - 09h03min

Hoje, a padaria é referência e fabrica o “produto de exportação” de Dois Irmãos: a cuca da Becker

Por Nicole Pandolfo

Dois Irmãos – Aos 12 anos de idade, quando decidiu interromper os estudos, João Becker já tinha claro o que queria fazer. Ele percorria a cidade a pé durante a semana entregando os pães que a mãe fazia em casa para vender. A família havia se mudado de Sapiranga para Dois Irmãos e morava na casa construída pelo pai, onde hoje funciona a Secretaria Municipal da Saúde. Dona Loni Roessler Becker produzia pães, cucas e “alguma coisa de torta” com uma habilidade natural, como lembra João: “A mãe tinha um dom, acho que ela aprendeu com a minha avó também.”

Moinho Collet

A farinha que ela utilizava vinha do antigo Moinho Collet, hoje patrimônio histórico de Dois Irmãos. O moinho de pedra movido a água fornecia uma farinha de milho de alta qualidade, um dos segredos da Vó Loni: “A mãe fazia um pãozinho de milho puro, ia bem pouca farinha de trigo, ele ficava bem amarelo por dentro”, conta João. A produção era um sucesso e a Padaria Becker reunia os primeiros clientes na garagem da antiga casa da família.

“O cliente sumiu!”

Determinado a desenvolver o negócio da mãe, João encabeçou o papel de empresário. Sem formação acadêmica, ele administra a padaria com a perspicácia de quem aprendeu o ofício na prática, na “escola da vida”, como ele diz. Há 10 anos, decidiu construir o ponto na Av. Porto Alegre, com estacionamento e espaço para os clientes consumirem os produtos na loja. Mas a princípio, o investimento se tornou um dos piores momentos da história da empresa: “Se no primeiro meio ano eu pudesse ter voltado, eu teria. O cliente sumiu! Nós estávamos apavorados, com uma loja nova montada, bonita e o pessoal não vinha. Não mexi em preço, não mexi em nada. Seguramos o preço até mais ou menos um ano, mas não foi fácil.”

Hoje, João interpreta a relutância do cliente em aderir ao novo ponto como uma característica local: “Numa cidade pequena, o pessoal tem muito costume e o costume era ir lá”, diz ele referindo-se ao antigo ponto.

Crescimento

Apesar da dificuldade, a visão apurada do empreendedor apostou no que ele acreditava ser um nicho com espaço para crescer. 3 anos depois, a produção foi transferida para a loja nova e o seu desenvolvimento acompanhou a evolução da região: “A Av. Porto Alegre era deserta. Hoje, 80% do público do final de semana vem de fora, que frequenta o Parcão.” Há 2 anos, a padaria abriu mais um novo espaço, a loja Vó Loni, no bairro Travessão, às margens da BR 116, uma oportunidade que surgiu e que se mostrou um bom negócio. “Agora vamos cuidar disso e tentar viver um pouco. São 45 anos nesse ramo, sem férias, folga, fim de semana”, diz João sobre a rotina desgastante que é administrar uma padaria.

Essência familiar

Para o futuro da Padaria Becker, João diz que a ideia é crescer aos poucos, mas com os pés no chão e atribui ao filho e ao sobrinho a continuidade do negócio que tem a essência familiar: “Em 45 anos de empresa, se passa por momentos muito bons, mas também pelos péssimos, então tem que saber administrar em tempo bom e em tempo ruim”, diz o empresário lembrando dos erros e acertos que fazem parte da trajetória: “Já passei muita dificuldade, mas graças a Deus, com muito trabalho, honestidade, humildade, não precisa ter muito dinheiro, nem estudo.”

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