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Casal afirma que negligência pode ter causado aborto de gêmeos em Herval; Prefeitura contradiz
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval | O casal Liane Frohlich, 42 anos, e Sildonei Kroetz, 46, de Boa Vista do Herval, procurou a reportagem na quarta-feira (26) para fazer uma denúncia. Liane estaria grávida de sete semanas, de gêmeos, e perdeu os bebês. De acordo com eles, teria ocorrido negligência médica no Ambulatório 12 de Maio.
Segundo relatado por ambos, na noite de sábado (22), estavam no Baile da Linguiça na Sociedade Atiradores, de Boa Vista do Herval. Liane conta que notou um sangramento e, imediatamente, ela e o marido foram até o Ambulatório. Não recordam certo a hora, mas, teria sido volta de 22h.
Ao chegar não teriam sido atendidos de imediato, mesmo não tendo outros pacientes. “Tivemos que esperar cerca de 15 minutos”, disse Sildonei.
O enfermeiro não teria acionado o médico. “Estava no celular”, complementa.
Liane contou que ela mesma foi atrás do plantonista, afirmando que estava dormindo. “Bati na porta e ele acordou”, disse, pontuando ainda que viu panelas no fogo e fumaça onde o médico estava.
Só depois disso teria ocorrido o atendimento. “Ele veio reclamando. Mas não na sala do médico, na sala da enfermagem. Não colocou um dedo nela”, comentou o marido.
Depois disso, Sildonei teria ido para casa buscar roupas e documentos para internação no Hospital Geral em Novo Hamburgo e, ao retornar, teriam dito para ele mesmo ir de carro. O casal teria insistido, e, por fim, os levaram num carro da Saúde. “Mas tinham que ter levado de ambulância e dado soro.”
Ao chegar em Novo Hamburgo, ainda teria faltado o encaminhamento por parte de Herval, e, com isso, teriam perdido mais uma hora. Por fim, ocorreu a internação. No domingo pela manhã, no entanto, aconteceu o aborto.
Eles já tem dois filhos, de 15 e 20 anos. Afirmaram que estavam felizes com os dois gêmeos a caminho. “Essa chance não vamos ter mais”, lamenta Liane, questionando, ao mesmo tempo, se os minutos na demora no atendimento não poderiam ter salvo os bebês.
CONTRAPONTO DA PREFEITURA
A reportagem contatou a Prefeitura. Segundo a Administração, pelo sistema de monitoramento das câmeras internas do Ambulatório “Liane entra pela recepção às 21h38; o marido vem logo depois. Ela vai direto para a enfermaria. O enfermeiro aparece às 21h40, faz a ficha e o médico comparece no mesmo momento. 21h41 ela é atendida, de fato, na enfermaria. O tempo de chegada, até o atendimento médico, é de três minutos. Sildonei sai às 21h47 para buscar as roupas e documentações. Dez minutos depois, um motorista da Saúde já estava a postos esperando o marido retornar. 22h21 Sildonei volta e 22h25 eles saem em direção a Novo Hamburgo.”
Responsável pela equipe médica se manifesta
O atendimento foi prestado pelo plantonista Rafael. O médico Mauro Nor Billodre, responsável, emitiu uma nota:
“Quando abordamos a questão do aborto, estamos diante de um momento extremamente delicado, representando uma perda significativa para toda a família. Estatisticamente, entre 10 a 15% das, gestações confirmadas resultam em aborto espontâneo, e mais de 80% desses ocorrem no primeiro trimestre, período em que se deu o incidente relatado.
A paciente chegou ao atendimento sem qualquer documento relacionado à gestação, incluindo a carteira de pré-natal e exames como ecografias, o que dificultou a avaliação inicial. Durante o atendimento, foi observado um sangramento leve e foram realizados procedimentos padrão como a verificação da pressão arterial, medição da temperatura e avaliação dos batimentos cardíacos, todos indicando estabilidade nos sinais vitais da gestante.
Importante ressaltar que, sem informações sobre o tempo de gestação e sem exames complementares, a equipe se deparou com um desafio considerável ao tentar compreender a causa do sangramento agudo. Além disso, a ausência dos documentos pessoais da paciente contribuiu para a demora, visto que foi necessário que um familiar retornasse ao domicílio para buscá-los, processo que levou mais de 30 minutos, enquanto o transporte para o hospital referência já estava à espera.
O Hospital Geral, nosso centro de referência para gestações gemelares e de alto risco, recebe todos os casos emergenciais de acordo com as normativas da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Não posso responder por eventuais atrasos na triagem dessa unidade.
É importante destacar que, no contexto da idade gestacional em questão, a medicina ainda enfrenta limitações quanto a tratamentos que possam alterar desfechos trágicos como esse. A equipe médica agiu prontamente, com o atendimento sendo iniciado em menos de três minutos após a chegada da paciente, contradizendo as reclamações sobre a demora.
Compreendo que, em momentos de luto, frequentemente buscamos respostas ou culpados que possam ter alterado o desfecho. No entanto, posso assegurar que não houve atraso no atendimento e o transporte foi realizado pelo veiculo da prefeitura sendo encaminhada a paciente imediatamente para um hospital referência para uma avaliação com obstetra.”