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Polícia

Estância Velha: um dos crimes mais brutais dos últimos anos terá seu desfecho amanhã com júri de César Velho

23/10/2024 - 14h21min

Elaine e César Velho (FOTO: Arquivo O Diário)

Estância Velha – Um dos crimes mais brutais dos últimos anos terá seu desfecho amanhã, com o júri de César Velho, acusado de assassinar sua esposa, Elaine Maria Tretto, em 2017. O crime que chocou a comunidade, aconteceu durante uma aula de catequese, tornando aquilo que deveria ser um local de paz e reflexão, em uma cena macabra de um crime.

No dia 31 de agosto de 2017, por volta das 19 horas, Cesar Luís Velho teria entrado na Paróquia Nova Estância, onde sua esposa Elaine Maria Tretto, de 55 anos, ministrava uma aula de catequese. Ele possuía uma cópia da chave do local, o que permitiu seu acesso. Armado, ele surpreendeu Elaine e os alunos, amarrando e amordaçando as crianças antes de voltar sua atenção para a esposa, dizendo as outras pessoas que não era nada com elas.

O assassino vendou os olhos de Elaine, amordaçou-a e atou seus punhos com anilhas plásticas. Em seguida, arrastou a mulher até o banheiro da paróquia, onde a espancou brutalmente com inúmeros golpes no rosto, tórax e membros. A violência culminou na asfixia de Elaine, quando ele utilizou um laço de corda para estrangular a vítima, pendurando uma corda na armação de madeira da porta do banheiro.

Depois do crime, ele foi até as alunas que estavam na sala e disse que não era nada com elas, e que catequista merecia tamanha brutalidade. Velho saiu, fechou a porta e se pôs em fuga. As alunas que foram feitas de reféns, ao perceber que o criminoso havia saído, conseguiram se desamarrar e correram para pedir socorro.

Não demorou até que todos soubessem do crime brutal. Notícias se espalharam rápido pela cidade. Naquele momento, ocorria a Feira do Livro, que foi interrompida devido ao assassinato da catequista. Uma cantora que se apresentava no palco, chegou a parar a execução de sua apresentação, dizendo que algo grave havia acontecido.

Diante das informações que foram chegando, grande número de pessoas se aglomeram em frente à capela, ainda sem acreditar no que havia acontecido. Enquanto era feito a perícia no local, era possível ver os choros de professores e colegas da catequista.

Desde o início, Velho era o principal suspeito
As investigações da Polícia Civil de Estância Velha logo apontaram Velho como o principal suspeito do crime. Segundo os investigadores, Elaine havia manifestado o desejo de se divorciar, e César, temendo a partilha do patrimônio comum do casal, decidiu assassiná-la de maneira cruel e premeditada.

Entre os pontos chaves que determinaram o seu envolvimento, foi o fato do autor do crime ter a chave da paróquia. Esse detalhe ficou evidenciado após o levantamento do local pelos policiais, pois não encontraram marcas de arrombamento na porta. Além disso, as alunas da professora revelaram que o criminoso entrou sem fazer esforço.

O criminoso chaveou a porta novamente, deixando a chave que pertencia a Elaine no miolo da fechadura, para o lado de dentro.

Outro fato que evidenciou que o autor do homicídio conhecia muito bem a professora Elaine surgiu com o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP). O exame criminalístico feito no corpo concluiu que ela não se defendeu das agressões que estava sofrendo. A perícia afirmou que não havia ferimentos de defesa (luta) no corpo da professora, ou seja, ela conhecia o autor e não reagiu às agressões.

Os investigadores também ficaram intrigados com o fato de a catequista, segundo as testemunhas que foram amarradas, terem ouvido Velho dizer “Pede perdão” à vítima. Além disso, notaram que somente Elaine não teve as mãos algemadas, ao contrário das testemunhas.

A Polícia também desconfiou de somente a catequista ter os olhos vendados, enquanto as outras, não. Para os investigadores, o motivo seria que ela conhecia seu algoz.

Com informações que evidenciavam o envolvimento do marido da catequista como principal suspeito de sua morte, o delegado representou pela prisão preventiva do suspeito em 12 de setembro. No dia seguinte, o pedido de prisão teve parecer favorável do Ministério Público e o Poder Judiciário expediu mandado de prisão contra ele.

A Polícia Civil também iniciou as buscas para efetuar sua prisão. Porém, não o encontraram. Dias seguintes, os policiais seguiram as diligências para localizar o empresário, mas as ações também
não tiveram êxito. Com isso, pessoas do círculo de amizade e familiar foram levadas à Delegacia para prestar depoimento. Todos os depoimentos levavam a crer que Velho havia fugido da cidade, à época.

Depois de cinco anos, Velho é preso no Amazonas
Velho, atualmente com 60 anos, está preso no Amazonas desde outubro de 2022, quando foi capturado pela Polícia Civil local enquanto tentava emitir uma carteira de identidade falsa. Na ocasião, ele apresentou documentos sob o nome de Celso Bernardo de Oliveira, mas a fraude foi descoberta por um policial civil que desconfiou das inconsistências nas informações. A captura de Velho no Amazonas ocorreu apenas cinco anos após o crime.

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