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Nicolás Maduro toma posse na Venezuela sob acusações de fraude e promete “paz”
Reconduzido para mais seis anos, presidente enfrenta denúncias de golpe e isolamento internacional, mas mantém apoio militar e propõe reforma constitucional.
Nicolás Maduro tomou posse nesta sexta-feira (10), em Caracas, para seu terceiro mandato consecutivo como presidente da Venezuela. Em meio a acusações de fraude eleitoral e isolamento internacional, ele recebeu a faixa presidencial em uma cerimônia na Assembleia Nacional e prometeu um período de “paz”. Apoiado pelas Forças Armadas, Maduro enfrenta oposição interna e sanções externas, enquanto propõe mudanças na Constituição.
Cerimônia e promessas
Durante o juramento, Maduro reafirmou seu compromisso com a paz nacional. “Eu juro que este novo período presidencial será o período de paz. Juro pela história, juro pela minha vida e assim irei cumpri-la!”, declarou o líder venezuelano. Ele classificou a posse como uma vitória democrática. “Diga o que quiser, faça o que quiser, mas esta posse não puderam impedir e é uma grande vitória para a democracia venezuelana”, disse.
A cerimônia ocorreu um dia após uma marcha da oposição que terminou com relatos de detenção breve da líder María Corina Machado, o que foi negado pelo governo. Enquanto isso, a tentativa de Edmundo González Urrutia, líder opositor apoiado pelos Estados Unidos, de assumir o cargo presidencial enfrenta obstáculos crescentes.
Fechamento de fronteiras e denúncias
Em resposta a supostas ameaças, o governo venezuelano anunciou o fechamento temporário da fronteira com a Colômbia. Freddy Bernal, governador do estado de Táchira, afirmou que a medida foi tomada devido a “informações sobre uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos”.
Denúncias de planos para derrubar Maduro são recorrentes. A Colômbia e os Estados Unidos frequentemente aparecem como acusados dessas conspirações, mas Washington nega envolvimento. González Urrutia, reconhecido por Donald Trump como “presidente eleito”, visitou a Casa Branca nesta semana, aumentando tensões diplomáticas.
Apoio militar e proposta de reforma
Maduro mantém apoio das Forças Armadas, que declararam “lealdade absoluta” ao presidente. Segundo Mariano de Alba, especialista em relações internacionais, o setor militar é fundamental para a manutenção ou transição do governo. “O setor militar é ainda mais crucial do que era antes das eleições para decidir se o governo de Maduro permanece ou se uma transição é possível”, analisou.
A oposição, por sua vez, pediu apoio das Forças Armadas para reconhecer González Urrutia como presidente legítimo. No entanto, não houve adesão. Enquanto isso, Maduro anunciou uma “grande reforma” constitucional para os próximos anos, que inclui mudanças legais criticadas por especialistas por reduzir liberdades no país.
Crise econômica e críticas
Durante os 12 anos no poder, Maduro enfrentou recessão, inflação elevada e escassez de produtos básicos. A crise levou mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país, segundo a ONU. Com a chegada de novas sanções norte-americanas, o presidente prometeu focar na recuperação econômica.
Nesta sexta-feira, o partido oposicionista Plataforma Unitária classificou a posse como um golpe. “Com a usurpação do poder por Nicolás Maduro, apoiado pela força bruta e ignorando a soberania popular expressada com força em 28 de julho, um golpe de Estado foi consumado”, afirmou em comunicado.