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“Parece que estão brotando da terra”; javalis estão destruindo plantações na região

16/01/2025 - 09h36min

Lavouras de um produtor de Herval foram destruídas em São Franciso

Produtores relatam perdas financeiras e dificuldades para combater os animais invasores

São Francisco de Paula / Santa Maria do Herval  | Produtores rurais de toda a região estão registrando prejuízos significativos devido aos danos causados por javalis em diversas culturas, em São Francisco de Paula.

Luciano Weiler, agricultor de Santa Maria do Herval, bairro Morro dos Bugres Baixo – que produz no campo – relata perdas de R$ 18 mil somente em uma parte de sua produção. Segundo ele, os animais têm devastado plantações de batata, soja e milho, agravando o problema pela rápida proliferação.

Luciano, que planta na região desde 1995, explica que os ataques começaram a ocorrer há mais de uma década, mas a situação piorou recentemente. “Ano passado foi mais tranquilo, mas agora parece que estão brotando da terra”, diz ele, destacando a gravidade do impacto.

Presas dos javalis, que podem matar outros animais e ferir humanos

Reprodução desenfreada

Luciano estima que os animais destruíram 120 sacos de batata em apenas uma de suas propriedade. Ele acrescenta que um vizinho precisou replantar toda a soja após os ataques.

A reprodução acelerada é um fator crítico: “Uma porca pode ter duas crias por ano, com até 10 filhotes em cada gestação. Em um ano, eles já começam a procriar. Quando infestam uma área, controlar fica quase impossível”, alerta.

O produtor também menciona a dificuldade de conter os animais em regiões de mata densa. “Na colônia, quando infestar, será muito complicado caçar esses porcos no meio dos peraus”, afirma Luciano, reforçando a necessidade de medidas preventivas.

Além de causarem prejuízos materiais nas lavouras, os animais também são um risco: com suas presas, eles podem matar outros bichos, como cães, além de ferir humanos.

Obstáculos no controle da espécie

A caça, adotada por muitos agricultores como solução emergencial, apresenta desafios. Luciano aponta que as propriedades pequenas e próximas dificultam o uso de armas de fogo. “Mesmo avisando os vizinhos, é arriscado disparar. Além disso, esses animais são resistentes, e armas menos potentes já não funcionam”, comenta.

Outro problema citado é a demora no processo de licenciamento para caçadores. Luciano relata que, em determinados períodos, como no ano passado, houve interrupções na emissão de documentos, o que contribuiu para o aumento da população de javalis. “Enquanto aguardamos, eles continuam se reproduzindo e os prejuízos só aumentam”, conclui.

Preocupação com o futuro

A presença dos javalis tem levado agricultores a reduzir o cultivo de culturas vulneráveis, como milho e batata. Luciano teme que, caso não haja soluções eficazes, a agricultura local sofra impactos irreversíveis. “Quando os javalis chegam, é como acender uma lâmpada. Em pouco tempo, está tudo destruído. Eles reviram o solo e destroem tudo”, afirma.

A situação também ameaça a sustentabilidade das atividades rurais na região. Pequenos produtores enfrentam dificuldades para manter a produção, enquanto os animais continuam avançando sobre novas áreas.

Para minimizar os danos, grupos de agricultores e caçadores têm se organizado para monitorar e caçar os javalis – sempre de forma licenciada. Luciano destaca a importância de políticas públicas para o controle populacional e de maior conscientização sobre o impacto causado pela espécie invasora. “Sem apoio e medidas mais efetivas, será cada vez mais difícil lidar com esse problema”, ressalta.

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