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Tarifaço dos EUA pode causar danos irreversíveis às exportações de calçados da região, alerta Abicalçados

30/07/2025 - 18h10min

Atualizada em 31/07/2025 - 09h44min

Setor calçadista teme fechamento de empresas e perda de 8 mil empregos diretos após sobretaxa de 50% determinada pelo governo norte-americano

Por Cleiton Zimer

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% os produtos importados do Brasil pode representar um golpe irreparável para a indústria nacional de calçados. A ordem executiva foi assinada nesta quarta-feira (30) e entrará em vigor no próximo dia 6 de agosto.

Alguns produtos ficaram de fora da mira de Trump, como petróleo, suco de laranja, minério de fero e outros – totalizando 694 insetos. No entanto, a medida afeta diretamente um dos setores mais relevantes da pauta exportadora regional: o calçado.  O impacto deve afetar milhares de trabalhadores, impactando na competitividade internacional das empresas.

 EUA como principal exportador

A repercussão foi imediata por parte da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Segundo o presidente-executivo da entidade, Haroldo Ferreira, a sobretaxa deverá inviabilizar as exportações brasileiras de calçados aos Estados Unidos, hoje o principal destino internacional da produção nacional.

Temos empresas cuja produção é integralmente voltada ao mercado externo, principalmente o norte-americano. Com a nova tarifa, os produtos brasileiros ficarão mais caros do que os da China, que pagam apenas 30% de sobretaxa. Estimamos, neste primeiro momento, a perda de aproximadamente 8 mil empregos diretos”, lamentou Ferreira.

A Abicalçados informa que vinha tentando manter diálogo com o governo norte-americano e mobilizou empresários e o corpo diplomático brasileiro na tentativa de barrar a medida, mas os esforços não surtiram efeito. Com a confirmação da tarifa, o foco agora passa a ser a adoção de ações emergenciais para minimizar os prejuízos.

Medidas para evitar colapso

Entre as iniciativas propostas pela entidade ao governo federal e aos estados, estão a criação de linhas de crédito com juros internacionais para cobrir o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), a ampliação do Reintegra para exportadores, a liberação imediata de créditos acumulados de ICMS e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), criado durante a pandemia de Covid-19 para reduzir demissões em massa. “Agora, o Poder Público terá um papel fundamental para a preservação das empresas e dos milhares de empregos gerados por elas”, afirmou Ferreira.

Importância estratégica dos EUA

Os Estados Unidos representam historicamente mais de 20% do faturamento obtido com exportações de calçados brasileiros. Apenas no primeiro semestre de 2025, o Brasil enviou ao país 5,8 milhões de pares, totalizando US$ 111,8 milhões – aumento de 7,2% em valor e de 13,5% em volume em relação ao mesmo período de 2024.

Essa retomada, porém, está ameaçada. “Mesmo em um cenário internacional adverso, o setor vinha mostrando recuperação. Agora, com a tarifa de 50%, todo esse ciclo será interrompido, com efeitos econômicos e sociais importantes para o Brasil”, conclui a Abicalçados.

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