Região
Dois Irmãos – 66 anos: as origens, quem são o rei e a rainha do Kerb?
Por Mauri M.T.Dandel
A história de Celso e Carmen Schneider, rei e rainha do Kerb
O casal rei e rainha se conheceu em um Baile do Colono, na Sociedade Santa Cecília. Pois vejam, só (rsrsrs). O Celso vestido de colono e a Carmen, não (ainda morava em NH); e não entendeu por que ele estava vestido daquele jeito –achou que ele era mesmo um colono – e na verdade ele nunca deixou de ser um colono – isso está “no sangue” (rsrsrs). Pois inda hoje o rei encara uma enxada, racha lenha com machado, corta com motosserra, roça com foice e roçadeira, planta e também cria animais.
AMOR PELA TRADIÇÃO
O amor pelas festas (bailes) típicas e pela tradição germânica veio se fortalecendo ao longo dos anos. Nossa, e como nós gostávamos dos bailes de Kerb (Atiradores e Santa Cecília). Mas foi a partir dos anos 1990 que o nosso Kerb ganhou as ruas da cidade, com o poder público assumindo a organização do evento. Desde lá, o casal vem participando dos festejos do Kerb, todos os anos, sem falta.
LEMBRANÇAS
Ninguém naqueles primeiros anos do Kerb de rua vestia traje típico germânico. Exceto os grupos culturais de danças folclóricas. Isso começou a mudar de modo mais “visível” a partir de 2010. Pois as pessoas já passaram também a frequentar as Oktoberfest da região e nelas já era mais comum ver pessoas vestindo trajes. E quem tinha o traje passou a também usá-lo no Kerb, mas ainda eram poucos.
Na primeira viagem à Alemanha, sozinhos, em 2012, o casal rei e rainha trouxe trajes típicos (dirndl e lederhosen), incluindo blusinhas, camisas, meias, polainas, chapéus, charivaris, gambsbart etc. (trajes completos). E depois disso nunca mais foram ao Kerb sem os seus trajes típicos. E ano a ano vão incrementando os trajes com mais acessórios. Se pode até dizer que o casal influenciou muitas pessoas a também usarem trajes no Kerb. Atualmente, muitos vão trajados às festividades, mas ainda não são a maioria.
ALEMANHA
Em maio deste ano foram visitar a Alemanha mais uma vez; também França e Áustria. Mas desta vez foi diferente. Foram num grupo guiado pelo historiador e autor de mais de 30 livros sobre o tema da imigração germânica, Sr. Felipe Kuhn Braun. E nesta viagem, “Pelos Caminhos dos Nossos Antepassados” conheceram as regiões e lugares de maior representatividade histórica, para nós que descendemos dos que de lá vieram. Conhecemos a região do Hunsrück, dentre outras, com grande importância geográfica e histórica. Castelos, palácios e igrejas. Povoados (Dorf) com construções em técnica enxaimel preservados, com mil anos de idade. Foi inesquecível.

Celso e Carmen na Ponte de Pedra
QUEM SÃO?
Celso Emídio Schneider, rei do Kerb, filho de Oswino e Erica Schneider (sobrenome Edinger, quando solteira); natural de Dois Irmãos. Carmen Regina Krentz Schneider, rainha do Kerb, filha de Edmundo e Nair Krentz (sobrenome Trein, quando solteira), natural de Novo Hamburgo.
O rei tem mais 4 irmãos (dois falecidos) e 5 irmãs na família (10 ao todo). Todos trabalharam na roça e mais tarde nas indústrias de calçados, que se desenvolveram bstante a partir da década de 1970, e buscavam por mão-de-obra. O rei, até os 15 anos de idade, trabalhou na roça com os pais e irmãos; depois disso no comércio e na indústria. Se formou no ensino médio como Técnico em Contabilidade e depois como Técnico em Segurança no Trabalho e por último como Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Unisinos. Como hobby, mas também dava para ganhar “uns pilas” foi DJ entre 1982 e 1995, na Boate Express que funcionava na Sociedade Atiradores, ficando muito conhecido na região por causa disso. “Ainda hoje me abordam, ao me reconhecerem, inclusive noutras cidades, para relembrar daqueles anos incríveis da Express. ” Atualmente é advogado, com consultório no centro da cidade, juntamente com os filhos, Marvin e Luíse.
A rainha tem mais duas irmãs. Todas naturais de Novo Hamburgo e lá seguem vivendo. Trabalharam na indústria e no comércio. Uma das irmãs foi professora aqui no município. A rainha teve uma vida profissional mais urbana (indústria e comércio). Trabalhou por mais de 30 anos como Gerente Administrativa e Financeira numa mesma indústria. Estudou Administração na Feevale e depois se formou como Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Unisinos. Atualmente auxilia a família em todas as demandas imagináveis.
Casaram em 1989 e tem dois filhos, Marvin Vinícius e Luíse Gabriela.
SER REI E RAINHA DO KERB.
Nós sempre víamos o então rei e a rainha do Kerb (Sr. Darci e Sra. Lori) como um casal que representava Dois Irmãos magnificamente. Foram perfeitos durante os seus 14 anos de reinado. A sua aprovação pela comunidade era praticamente uma unanimidade. Fizeram história. São inesquecíveis.
Mas quis o destino e nosso Deus, levar a D. Lori para fazer parte do seu coro de anjos. Com isso, a escolha de um novo casal de rei e rainha do Kerb foi anunciada e decidimos nos inscrever como candidatos. Nem foi preciso pensar muito, pois gostamos, genuinamente, da nossa tradição e das nossas origens. O concurso veio e tivemos a honra de sermos os escolhidos pelos jurados. Fez um ano em 02 de agosto. Este será apenas o nosso segundo Kerb como rei e rainha.
E como é ser rei e rainha?
É maravilhoso ser rei e rainha. As pessoas, principalmente os visitantes de outras cidades, te abordam e querem tirar fotos e saber mais sobre o Kerb. As pessoas daqui, claro, também, mas em Dois Irmãos já estão todos mais acostumados a nos ver participando dos festejos. As crianças são as que mais nos encantam. Nada se compara ao sorriso e abraço sinceros de uma criança.
É “puxado”?
Não é puxado; é tranquilo.
Tem muitos compromissos?
Tem mais compromissos em setembro, não só nos dias do Kerb, mas também antes, na sua divulgação, com entrevistas nos meios de comunicação, gravação de material para divulgação, visitas e caminhadas promocionais. O mês de setembro, em Dois Irmãos, é diferente. Participamos do desfile cívico no dia 7; da festa de aniversário (emancipação) no dia 10 e do Kerb no último final de semana do mês. E na semana que antecede o Kerb participamos do Kerb nas Escolas; e este é um dos momentos mais emocionantes, pois ficamos entre crianças (3ª e 4ª séries), e apresentamos danças e respondemos as perguntas dos pequeninos, que aliás, são saudavelmente curiosos sobre a vida de reis, rainhas e princesas (rsrsrs).
Quanto vocês ganham?
Nada! O nosso “trabalho” é 100% voluntário.
São bem tratados?
Muitíssimo bem tratados. O município por meio de todo o seu staff administrativo, especialmente as secretarias de Turismo e Cultura e de Educação, por meio das pessoas que ali desempenham um trabalho intenso; além do prefeito e vice-prefeito, nos tratam muito bem. Estão sempre disponíveis para nós e nos acompanham e auxiliam em tudo. Temos pessoas maravilhosas trabalhando incansavelmente para “entregar” um Kerb cada vez melhor e mais completo para a comunidade e para os visitantes.
MENSAGEM
Nada nos emociona mais que ver e ouvir uma bandinha típica tocando. Diz-se que a música tocada por uma bandinha típica é a mais alegre do mundo. Nós concordamos.
O mês de setembro transforma Dois Irmãos. Nenhum outro mês se compara; nem mesmo dezembro. Quando vemos as ruas sendo decoradas com bandeiras, flores e enfeites; as lonas e os pavilhões sendo erguidos, já sentimos o clima de Kerb no ar. E de lambuja ainda surge a primavera com seus dias ensolarados, o seu clima agradável e os seus aromas de flores. É mágico.
Temos orgulho e nos sentimos honrados em representarmos a mais querida festa de Dois Irmãos: O Kerb de São Miguel. Enquanto estivermos rei e rainha, nos dedicaremos e nos empenharemos para entregar o melhor de nós para a comunidade. E fazemos isso com muito prazer, pois nos sentimos felizes em poder retribuir à Dois Irmãos um pouco do tanto que ela nos deu.
*Por Celso e Carmen Schneider, rei e rainha do Kerb






