Coluna Estância Velha
Coluna de Estância Velha – 23/12/2025
Por Anna Bezerra
Chegada
O governador Eduardo Leite pegou um helicóptero e veio de Porto Alegre até Estância Velha para a inauguração da nova Unidade Básica de Saúde do bairro Bela Vista. A cena chamou atenção antes mesmo do discurso. Helicóptero pousando, comitiva formada, autoridades alinhadas. A agenda era oficial: entrega de obra, anúncio de recursos e reforço político-institucional. Tudo dentro do protocolo. Mas o detalhe do transporte acabou roubando parte do foco do que, de fato, estava sendo entregue à comunidade.
Entrega
A UBS Bela Vista é uma obra relevante. São mais de 640 metros quadrados, duas equipes de Saúde da Família, saúde bucal, profissionais como nutricionista, psicólogo e psiquiatra, além de estrutura acessível e moderna. O investimento total foi de R$ 2,4 milhões: R$ 2 milhões do Governo do Estado e R$ 400 mil do Município. Durante o ato, o governador garantiu recursos para a nova maternidade do Hospital Getúlio Vargas e destacou o aumento no custeio anual do hospital, que passou de R$ 200 mil para R$ 3,7 milhões.
Ruído
Nas redes sociais, porém, o assunto era outro: “e a estrada?”, “quanto custa um sobrevoo desses?”, “precisava mesmo?”. Em um Rio Grande do Sul que ainda vive perrengues devido os estragos ainda das alagações, com rodovias que possibilitam deslocamentos, o sobrevoo soou excessivo para muita gente. O debate não foi sobre a presença do governador ou sobre a importância da obra de saúde, foi sobre prioridade e percepção do gasto público. Em um cenário em que novos pedágios foram anunciados, em que estradas pedem atenção urgente e onde ainda há comunidades em situação de perrengue, a escolha entre voar ou rodar com recursos públicos vira questão legítima de prioridade para quem paga a conta.
Custo
Não dá pra falar de helicóptero sem falar de números, porque eles saltam à vista. No Brasil, alugar um helicóptero pode custar em média entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por hora de voo, dependendo do modelo e da capacidade da aeronave, com versões mais caras chegando a R$ 7 mil ou mais por hora em alguns casos. E isso sem contar despesas extras como combustível, taxas de pouso e equipe de apoio, que também pesam. Quando se trata de dinheiro público, esse tipo de gasto chama atenção.
E viva!!!
Estância Velha encerrou o 5º Natal Família como o maior da sua história. Foram mais de 70 mil pessoas circulando pela cidade, numa programação gratuita que ocupou ruas, praça e Vila de Natal.
Marca
O ponto alto foi o show de Fernandinho, reunindo mais de 30 mil pessoas na Avenida Presidente Vargas. Casa do Papai Noel, Fábrica de Bolachas e até neve artificial completaram o cenário. Independente de gosto musical, o recado foi claro: quando a cidade se organiza, o público responde. Evento também é política pública.
