Polícia
Casos de violência doméstica dobram em dois anos em Dois Irmãos e acendem alerta
Por Cleiton Zimer
O número de registros de violência doméstica em Dois Irmãos apresentou um crescimento expressivo nos últimos anos, acendendo um alerta para as forças de segurança e para a rede de proteção. Em 2023, o município registrou cerca de 100 casos. Em 2024, o número saltou para aproximadamente 150 ocorrências — um aumento de 50%. Já em 2025, os registros chegaram a cerca de 200 casos, representando um crescimento de aproximadamente 33% em relação ao ano anterior e de 100% na comparação com 2023.
Os dados foram repassados pela Polícia Civil e refletem uma mudança importante no cenário local. Para o delegado Felipe Borba, apesar dos números elevados, é necessário cautela na interpretação. Segundo ele, a violência doméstica é um fenômeno complexo, marcado por histórias individuais e contextos distintos. “Como o fenômeno da violência doméstica é extremamente complexo, na medida em que cada caso tem sua história e suas peculiaridades, é difícil afirmar que tenha ocorrido um aumento efetivo no número de casos. É mais seguro sustentar que o que está aumentando é o número de mulheres que buscam auxílio”, afirmou.
O delegado destaca que muitas denúncias envolvem situações que se estendem por longos períodos. “Exemplo disso são as inúmeras situações em que as vítimas relatam que sofrem violência doméstica há mais de duas ou três décadas por parte de seus companheiros, e que agora decidiram não mais tolerar as repetidas agressões, tanto físicas quanto psicológicas”, relatou.
De acordo com Borba, alguns padrões têm sido observados com frequência pelas autoridades, especialmente em casos relacionados ao término de relacionamentos. “Alguns padrões, entretanto, são percebidos, principalmente em relação à dificuldade que muitos homens possuem de aceitar o fim do relacionamento, passando a reagir de forma agressiva, com insultos, ataques patrimoniais e ofensas físicas quando a mulher expõe seu interesse em desfazer o vínculo ‘amoroso’”, explicou.
O delegado ressaltou ainda que a redução dos crimes mais graves passa por mudanças culturais e educacionais. “Há muitos fatores envolvidos, mas certamente o número de crimes graves envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher seria sensivelmente reduzido se os homens tivessem mais controle emocional, com mínimo equilíbrio, diante do indesejado fim da relação. E, como isto depende de cultura e de educação, ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca por uma realidade menos violenta contra as mulheres”, concluiu.
