Colunistas
Establishment
Muitos andam se perguntando sobre o fenômeno Bolsonaro. O que fez desse homem um presidenciável que quase alcançou no primeiro turno 50% dos votos dos eleitores brasileiros? Trata-se de uma boa pergunta. Como Bolsonaro teve tanta ascensão depois de ser um mero deputado federal com sete mandatos no Congresso, onde nunca teve protagonismo a não ser na defesa de seus valores? Vale lembrar que na última eleição para deputado há dois anos, Bolsonaro fez quase 500 mil votos pelo Rio de Janeiro. Aquela já foi uma antevisão do que viria por aí.
LINGUAGEM
O grande mérito de Bolsonaro é falar a linguagem do povo. O grito de socorro que está atravessado na garganta da maioria das pessoas está expressado nele. Ele fala por elas. Quando se posiciona contra a violência e o combate inclemente aos bandidos e a fragilidade das leis brasileiras, as suas palavras soam como música aos ouvidos da maioria do povo. Este é apenas um dos aspectos e que hoje é um dos mais caros para a população. O famoso Prende e Solta, Prende e Solta, que todos nós conhecemos, ninguém aguenta mais. A polícia prende e a Justiça solta. A insegurança nas ruas é total. Bolsonaro promete combater esta epidemia sem tréguas, enquanto que, do outro lado, sabe-se que a política do PT é mais chegada ao vitimismo, de achar que todo criminoso é vítima da estrutura social do País. Como ninguém mais aguenta tanta violência, com 60 mil homicídios no Brasil por ano, o discurso de Bolsonaro cai que nem uma luva para as pessoas. Ele tem outra coisa que as pessoas se identificam. Ele fala o que pensa, enquanto os outros políticos não falam o que pensam. Ou seja, não são sinceros em sua grande maioria. O resto é puro antipetismo.
PARADIGMA
<10>Tem outra. Uma palavra establishment também simboliza a ascensão de Bolsonaro. Esta palavra quer dizer sistema vigente, como funcionam as coisas em Brasília e Bolsonaro se coloca contra tudo isso. Ele é a favor da Lava-Jato. Nenhum outro partido dos grandes afora o PT podem até dizer que são a favor da Lava-Jato, mas no fundo pensam o contrário. Se eles pudessem enterrar a Lava-Jato de vez o fariam. Todos estão com o rabo preso, menos Bolsonaro e seu partideco que ficou grande depois do primeiro turno. Portanto, ninguém encarna tanto a mudança quanto Bolsonaro. As pessoas enxergam nele a verdadeira mudança que o Brasil precisa. Todos os demais candidatos de certa forma são quase iguais, menos ele. Com 8 segundos de televisão, fora de combate por quase um mês, com centavos para gastar perto dos demais, com a grande imprensa comprometida com seu adversário Haddad, mesmo assim ele conseguiu ser o favorito para o segundo turno. O povo não é burro e viu mais méritos do que defeitos nele.
DEMOCRACIA
Quem acompanha a campanha escuta muito o uso da palavra democracia no lado do Haddad. Democracia e fascismo. Como estratégia de campanha é válido, pois o objetivo é colar em Bolsonaro a pecha de antidemocrático e fascista. Maduro na Venezuela vive repetindo que o seu regime é democrático. E quem vive de namoro com ditaduras fascistas espalhadas pelo mundo é o partido de Haddad.