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Gramado produzirá 1,2 milhão de kg de chocolate em 2018

26/03/2018 - 15h44min

As fábricas de chocolate de Gramado preveem um volume de negócios mais gordo neste ano. De acordo com a Associação das Indústrias de Chocolate do município (Achoco), as principais empresas do segmento vão gerar mais de 1,2 milhão de quilos da guloseima em 2018. O montante representa incremento de 12% frente ao resultado do ano passado. E grande parte desta produção, em torno de 500 mil quilos, é destinada para atender à demanda da Páscoa.

Na cidade responsável por liderar a produção de chocolate artesanal no Brasil, as mais de 30 empresas do setor nutrem expectativas positivas quanto à data festiva. O presidente da Achoco, Altanisio Ferreira, estima que, em média, 40% do faturamento anual das companhias provêm da Páscoa. Há casos em que o peso é ainda maior.

A conta leva em consideração em torno de 10 empresas. Dessas, oito são associadas da Achoco, entidade que reúne as maiores fabricantes do município.

– A Páscoa gera entre 60% e 70% do nosso faturamento. É um período curto de vendas, mas no qual as pessoas sempre compram chocolate. Já em datas como o Natal temos que disputar espaço com outros tipos de presentes – afirma Cibele Marcon, gerente de marketing da Florybal.

A Florybal espera incrementar em 10% os negócios em relação a 2017. Para se preparar para a data, o trabalho foi intensificado na fábrica. Um terceiro turno foi criado em janeiro e, desde então, os doces são feitos 24 horas por dia.

Ainda que muitas marcas do município tenham lojas e franquias espalhadas pelo Rio Grande do Sul e em outros Estados brasileiros, a maior fatia das vendas é realizada para os turistas que visitam Gramado nesta época. Não é para menos. A prefeitura espera aproximadamente 400 mil visitantes até a primeira semana de abril.

A competição pelos clientes é acirrada. Para atrair a atenção do público, as empresas investem na decoração. Não faltam coelhos de pelúcia dentro das lojas e nas ruas do município. Outra aposta é cobrir ovos, barras e bombons com embalagens alusivas à data.

Páscoa da retomada

Se nas últimas temporadas, marcadas pela recessão, os chocolateiros de Gramado viram as vendas baixarem, em 2018 a Páscoa deve consolidar a retomada do segmento.

– A expectativa é de aumentar as vendas, com a recuperação da economia. Nossas lojas de Gramado e Canela não sofreram tanto com a crise, mas fora daqui foi significativa a queda nas vendas – diz Jader Souza, gerente de produção da Caracol, que agora prevê aumento de 12% a 15% nas vendas.

Na crise, o consumidor se tornou mais seletivo, analisa a gerente de produção da Prawer, Natália Diehl. Com a diminuição do poder de compra, a população não deixou de comer chocolate, mas reduziu a quantidade. Neste sentido, o doce de Gramado, caracterizado pelo acabamento manual e pelo preço mais elevado do que a média, perdeu espaço.

– Diminuiu o consumo principalmente do chocolate mais gourmet, mais caro, como é o de Gramado. Se antes uma pessoa comprava 10 bombons, ela passou a comprar três – exemplifica Natália.

Algumas empresas, entretanto, acreditam que será possível reverter essa situação ainda neste ano. É o caso da Lugano, que teve queda de 20% na produção nos últimos dois anos, mas aposta na recuperação ao longo deste 2018.

– Começamos a nos recuperar no segundo semestre de 2017. Neste ano, vamos aumentar a produção para 500 mil quilos – calcula o diretor-executivo Augusto Schwingel Luz.

Cerca de 400 temporários

A indústria do chocolate figura entre os maiores empregadores de Gramado. Segundo a Achoco, o setor emprega mais de 2 mil pessoas em aproximadamente 30 empresas. Nos meses que antecedem a Páscoa, esse contingente é reforçado por funcionários temporários em uma série de companhias. Para atender à demanda da data, são geradas cerca de 400 vagas extras em lojas e fábricas.

O processo de contratação na indústria é feito com antecedência. Geralmente antes do Natal os primeiros reforços são incorporados à linha de produção. Isso porque na cidade há intensa disputa por mão de obra entre hotéis, restaurantes e outros negócios voltados ao turismo.

– Muitas vezes mantemos o funcionário durante o ano, mesmo com ociosidade na fábrica, pois vamos precisar dele na produção em épocas sazonais. Em Gramado não falta emprego – aponta Altanisio Ferreira, presidente da Achoco.

Sabendo da necessidade de reforço na produção no município da Serra, muitas pessoas costumam vir de diferentes regiões do Rio Grande do Sul e até de outros Estados em busca de emprego. Neste grupo está Matheus Marcos, 24 anos, que cruzou o Brasil em busca de colocação. Vindo de Fortaleza, no Ceará, ele chegou a Gramado em dezembro do ano passado e em fevereiro começou como auxiliar na fábrica da Florybal.

Do Ceará Marcos conseguiu emprego como auxilia

– Na minha cidade, a crise está muito grande, então me mudei para Gramado. Estou gostando da experiência. Pretendo continuar trabalhando com chocolate – conta Marcos.

Apenas a Florybal contratou 60 temporários, que se integraram à equipe de 350 funcionários, entre lojas e fábrica. Porém, nem todas as empresas optam por aumentar o quadro de funcionários no período. Algumas marcas preferem distribuir a produção ao longo do ano, mantendo a equipe habitual e optando por realizar horas extras, conforme o volume de pedidos dos clientes.

A Prawer costuma aumentar em torno de 10% a produção nos meses que antecedem à Páscoa, mas mantém inalterado o número de funcionários. Apenas são feitas algumas horas extras a partir de dezembro. Segundo a gerente de produção, Natália Diehl, a intenção é alongar o período produtivo, fugindo de picos das datas festivas.

– Trabalhamos com quadro fixo e planejamento antecipado, até porque a Páscoa é um evento curto – salienta.

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