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Com fronteira fechadas, venezuelanos e brasileiros usam rotas clandestinas
A fronteira da Venezuela com o Brasil segue fechada na manhã desta sexta-feira (22), após Nicolás Maduro determinar o bloqueio por tempo indeterminado. Normalmente, a passagem é fechada à noite e reabre por volta das 7h do dia seguinte (horário local, às 8h de Brasília), o que não aconteceu nesta manhã.
Venezuelanos não podem atravessar a fronteira a pé e nem de carro. No entanto, no início desta manhã, o G1 conseguiu observar grupos de venezuelanos usando rotas alternativas, as chamadas trincheiras para entrar no país,uma delas muito próxima ao posto oficial de controle dos dois países.
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Guardas venezuelanos tentam coibir passagem em rotas clandestinas na fronteira com o Brasil — Foto: Jackson Félix/G1 RR
Por volta das 8h30, guardas venezuelanos passaram também a reforçar a fiscalização pelos caminhos no entorno da fronteira fechada. Eles abordam quem tenta cruzar a fronteira a pé pelo lado venezuelano e impedem a passagem pela mata.
Do lado brasileiro, na BR-174, o trânsito é liberado, mas quem tenta entrar na Venezuela não consegue autorização de militares do país vizinho. Por volta das 8h20, um grupo de cerca de 50 pessoas e três carros tentou passar na aduana, mas foi impedido de entrar na Venezuela.
A bandeira da Venezuela, que normalmente é hasteada por volta das 6 horas, também não foi erguida por oficiais na fronteira. A barreira brasileira, no entanto, foi reaberta normalmente.
Diana Astudillo (de casaco azul claro), com grupo de venezuelanos que atravessou para o lado brasileiro por um caminho alternativo, as chamadas trincheiras — Foto: Alan Chaves/G1
“Vim com meus amigos e não sabíamos que a fronteira seria fechada como foi hoje. Totalmente. Como nós não queríamos perder a viagem, viemos pelas trincheiras”, afirmou a venezuelana Diana Astudillo, de 23 anos. Ela saiu a cidade de Maturín e viajou 48 horas até a fronteira com um grupo de sete amigos venezuelanos. Ela afirmou que pretende ir até Boa Vista, mas que deve ficar em Pacaraima até conseguir a documentação necessária para ficar no Brasil.
Na quinta-feira, grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário definido por Maduro. Na noite da quinta-feira (21), pedestres conseguiam cruzar a fronteira, mas a passagem de veículos estava proibida.
Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a Santa Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.
O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana.