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‘Estamos morrendo de fome’ relatam venezuelanos que desafiam fronteira fechada e fogem para o Brasil

22/02/2019 - 14h43min

Carregando o filho de apenas 2 anos, o venezuelano Gregório Rodriguez, de 33 anos, se arriscou na manhã desta sexta-feira (22) a cruzar a fronteira Brasil – Venezuela de forma clandestina apesar do fechamento imposto por Nicolás Maduro.

“Estamos morrendo de fome. Tentamos atravessar e não conseguimos pela aduana e viemos por aqui. Vamos comprar comida”, disse Gregório.

Além dele, muitos outros se arriscam a entrar ou sair da Venezuela por caminhos em meio à mata, uma alternativa ao bloqueio na BR-174, onde fica a passagem oficial entre os dois países.

“Havíamos nos planejado quase três meses para viajar para o Brasil e nunca pensamos que isso iria ocorrer nessa data. Fomos pegos de surpresa”, disse Wilmer Rodriguez, 40, que fez o mesmo caminho.

Gregorio Rodriguez, 33, com o filho de 2 anos — Foto: Alan Chaves/G1 RR

No início da manhã, não havia fiscalização no lado venezuelano além do bloqueio na BR-174. Mais tarde, no entanto, os guardas venezuelanos também passaram a patrulhar o entorno da rodovia, no intuito de barrar as rotas clandestinas, mas ainda assim muitas pessoas burlam a fiscalização e ingressam tanto no Brasil quanto na Venezuela.

“É mais de um quilômetro de caminhada até o lado brasileiro para atravessar a fronteira totalmente. Estou vindo em busca de emprego, porque em Santa Elena não há energia nem para ligar equipamentos e sobrevivo de diárias”, disse o brasileiro João Batista, 58, que há 16 anos mora em Santa Elena de Uiarén.

Junto com a família, Carlos Muñoz, 40, também cruzou a fronteira. Ele empurrava um carrinho com o filho mais novo, um bebê de oito meses.

Venezuelanos levam até crianças por rotas clandestinas que ligam Brasil – Venezuela — Foto: Jackson Félix/G1 RR

“Já viemos de tão longe e não podemos perder viagem”, contou o venezuelano que relatava apenas querer comprar comida no Brasil. “Se na volta a fronteira ainda estiver fechada, teremos que passar por aqui novamente”.

Na quinta (21), em meio à ameaça de fechamento da fronteira, venezuelanos correram para comprar mantimentos no Brasil. Temendo que a fronteira fique fechada muito tempo, eles adquiriam estoques de comida.

Ao anunciar o fechamento da fronteira, Nicolás Maduro disse que ela ficará “fechada total e absolutamente até novo aviso”.

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