Coluna de Estância Velha – 24/11/2025

CARTINHAS E ALERTA

Na semana passada, moradores de Estância Velha procuraram a redação do Diário após encontrarem cartinhas deixadas em suas caixas de correspondência pedindo doações para crianças de Novo Hamburgo. Ninguém sabia quem havia distribuído os bilhetes nem se a história era verdadeira. Em um cenário em que golpes se multiplicam diariamente, a reação foi imediata: desconfiança. A repercussão se espalhou rápido, e moradores buscaram orientação temendo cair em fraude.

A MORADORA E A EXPLICAÇÃO

Após a publicação, uma das responsáveis pelas cartinhas procurou a reportagem. Disse que a ação ocorre há anos entre famílias do bairro Santo Afonso e que enfrenta dificuldades após perder o emprego. Relatou criar cinco filhos, entre eles um adolescente autista que exige cuidados especiais, e afirmou que, apesar de sempre deixar pedidos nas campanhas dos Correios, seus filhos nunca foram beneficiados. Por isso, decidiu buscar outras formas de pedir ajuda. O grupo solicita itens básicos como mochilas, alimentos, materiais escolares e produtos essenciais.

VULNERABILIDADE E LIMITES

O caso expôs uma realidade dura: há famílias que dependem de iniciativas comunitárias porque os caminhos formais não as alcançam. Mesmo participando de projetos públicos e campanhas oficiais, muitas mães seguem com demandas urgentes não atendidas. Quando a necessidade cresce e o apoio oficial não chega, surgem métodos improvisados como as cartinhas, que, embora bem-intencionadas, geram ruído e insegurança.

DESCONFIANÇA NATURAL

A forma como as cartas foram deixadas acabou se tornando o principal problema. Bilhetes anônimos, entregues em outro município, inevitavelmente levantam suspeita. Hoje, dados são clonados e golpes usam nomes reais e histórias convincentes. Mesmo quando alguém se identifica depois, a incerteza permanece. A boa-fé existe, mas o medo também, e ninguém pode ser cobrado por desconfiar. É a lógica de 2025.

POSICIONAMENTO

O Diário entrou em contato com a Prefeitura de Estância Velha. A assessoria informou que a ação das cartinhas não possui relação oficial com programas municipais, nem existe cadastro ou iniciativa ligada ao caso. Trata-se de uma mobilização informal entre famílias. O episódio reacende um debate necessário: como ajudar com segurança e transparência? De um lado, famílias necessitadas; do outro, moradores que tentam se proteger de golpes. Entre ambas as pontas está a vida real, complexa e humana.

REFERÊNCIA

Estância Velha segue referência em políticas para a primeira infância. Na última semana, 30 estudantes do Instituto Ivoti estiveram no Município para conhecer iniciativas como praças e pátios naturalizados. No Parque Naturalizado Encosta do Sol, vivenciaram o periscópio invertido, que simula a visão de uma criança de 95 centímetros. A coordenadora do projeto Cidade das Crianças, Jaqueline Hansen, apresentou o trabalho da Rede Urban95. A visita seguiu para a EMEI Raios do Sol Nascente, onde foi implantado o primeiro pátio naturalizado escolar.

NATAL

Encerrando a semana, o espírito natalino tomou conta da cidade com o 5º Natal Família. A Casa Móvel do Noel percorreu bairros levando música, luzes e interação. A iniciativa descentraliza a programação, antecipando o clima natalino. A ação é da Prefeitura e da AGE, com apoio da Lei Rouanet e patrocínio local, reforçando o vínculo comunitário.