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Coluna Estância Velha

Indicadores criminais exigem coragem política, justiça eficaz e mais efetivo nas ruas – Coluna de opinião (Por Geison Concencia)

01/07/2025 - 19h33min

Atualizada em 01/07/2025 - 20h15min

INDICADORES

O município apresenta queda nos indicadores criminais em razão de diversas ações adotadas para combater o crime. Em todos os municípios da Encosta da Serra, a curva declinou em alguns delitos ou se manteve estável. Porém, mesmo com os indicadores que deixaram de crescer, os números atuais ainda preocupam. Mas como combater isso?

Em primeiro lugar, não basta acreditar que somente a Polícia resolverá. O Legislativo e o Executivo precisam fazer a sua parte. Na verdade, os indicadores só não melhoram, infelizmente, por causa de uma parcela da política brasileira. Sim, amigo leitor: a culpa dos indicadores criminais não é da polícia. Ela prende. Mas quem solta? Nossa legislação não é rigorosa, tampouco há vagas no sistema penal para manter os criminosos encarcerados. Crimes de menor potencial dificilmente geram prisão e até condenação. A impunidade alimenta a própria impunidade. Reforço ainda: a responsabilidade por esses indicadores estarem nesse patamar é exclusivamente dos nossos tão amados políticos. Não quero generalizar. Há pessoas que desejam promover a mudança — são raras, mas existem. O problema é que representam uma pequena parcela diante da maioria, acomodada em assentos pomposos da Assembleia e do Congresso. Para os indicadores retrocederem, é necessária uma ampla política de punição. O Brasil não prende; logo, os criminosos voltam a cometer crimes.

44
Na semana passada, por exemplo, a BM do Caí prendeu um homem que já possuía 44 registros policiais por arrombamentos e que voltou a delinquir. Esse é um exemplo clássico que se repete em todo o Brasil. Também acontece em Estância Velha, onde o policial prende, leva à delegacia e, depois, o detido é encaminhado à audiência de custódia, na qual é solto — quando não antes. Já vi, com meus próprios olhos, acusados de furto saírem das delegacias sorrindo, debochando da Justiça. Engana-se quem acha que a culpa é do delegado. Se ele não soltar, corre o risco de responder por abuso de autoridade e perder o emprego.

EFETIVO
Muito se fala em efetivo: quanto mais policiais, melhor. Nesse aspecto, a culpa, novamente, recai sobre nossos excelentíssimos legisladores — aqueles que, no próximo ano, pedirão teu voto. Quando têm oportunidade de aumentar o efetivo policial, sobretudo na União, preferem aumentar outro efetivo: o deles. O projeto que aguarda sanção presidencial elevará o número de assentos: deputados federais passarão de 513 para 531. O Brasil não precisa de mais deputados ou senadores; precisa de mais policiais, médicos, professores, entre outros — aqueles que estão na ponta, resolvendo problemas na rua. Portanto, na próxima eleição, confira os nomes de quem votou favoravelmente ao aumento de cadeiras no Congresso. Eles são responsáveis por tirar a tua segurança.

Por isso, o voto do próximo ano precisa ser informado e consciente. O eleitor deve procurar, com lupa, quais foram os parlamentares que aprovaram a ampliação de cadeiras. Eles carregam, sim, parcela de responsabilidade por cada turno de serviço que fica descoberto, por cada viatura sucateada, por cada arma não adquirida. A segurança pública não é obra de um só braço; é resultado de um tripé indissociável: Polícia que prende, Justiça que mantém e Política que prioriza. Falhando qualquer perna, o sistema tomba.

Em síntese, o Brasil prende pouco, prende mal e ainda reduz seus próprios meios de prender. Enquanto não houver coragem para rever leis lenientes, expandir vagas prisionais com critério e direcionar recursos para quem realmente protege a população, comemoraremos quedas pontuais de estatísticas — sabendo, lá no fundo, que elas se sustentam sobre terreno instável. O relógio da violência continua correndo, e o tempo da boa política, infelizmente, insiste em chegar atrasado.

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