Coluna Nova Petrópolis

Nova Petrópolis: cofre cheio, três motivos, austeridade e vereadores

28/01/2021 - 07h54min

Atualizada em 28/01/2021 - 07h57min

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Raul Petrópolis – colunistas@odiario.net
COFRE CHEIO

O ex-prefeito Lelo entregou o cargo a Darlei dizendo que estava lhe deixando R$ 13 milhões em caixa. O novo governo fez as contas e descobriu que eram R$ 14,2 milhões. Um bom valor para um município como Nova Petrópolis. Mas a sobra de recursos é um contexto que abrange a maioria dos municípios. Ivoti e Hortêncio, aqui do lado, também estão com os cofres bem recheados.

TRÊS MOTIVOS

O secretário da Fazenda, Jorge Loesch, apontou duas justificativas para o superávit. Ambas relacionadas à pandemia: as despesas não realizadas, especialmente com as escolas e os eventos, e a chegada de dinheiro extra de Brasília. Só para fazer frente às perdas com o FPM, que é o principal repasse federal, Nova Petrópolis recebeu R$ 2,5 milhões. E não se tem muita notícia de que ao longo de 2020 esses repassem tenham caído significativamente. Pelo menos não na proporção que se imaginava no início da pandemia. Então além de não gastar e de receber um reforço, o município continuou arrecadando quase que normalmente.

AUSTERIDADE

Jorge Loesch usou uma palavra muito querida dos gestores para se referir ao resto do ano de 2021: austeridade. E ele tem razão, é claro. Vai ser preciso ter cautela. As escolas vão reabrir, os eventos vão voltar e Brasília está com o tacho raspado. E o pior: os eventuais efeitos da crise sobre a arrecadação ainda estão por vir. Estes efeitos nem sempre são imediatos. No caso do ICMS, que é um repasse estadual, o retardo é de dois anos. A participação que o município tem hoje no bolo total do ICMS é o resultado de índices medidos lá em 2018. Então não é nenhum exagero afirmar que a conta dessa crise ainda pode chegar.

PRUDÊNCIA

É inegável que Lelo tem méritos no superávit que deixou disponível para o início do governo de Darlei. No mínimo ele foi prudente e evitou a gastança diante do cofre cheio.

VEREADORES

Parte dessa prudência Lelo deve aos vereadores do mandato anterior, entre os quais o próprio Darlei e o atual secretário de Turismo, Rodrigo Santos, que também era vereador. Se dependesse só do Executivo, na metade do ano passado o funcionalismo teria tido um belo aumento de salário. Só com o vale alimentação, a despesa teria aumentado em R$ 100 mil por mês. Mas a Câmara rejeitou.

14 POR 14

Quem olha só para os números resumidos corre o risco de concluir que o empréstimo de R$ 14 milhões está resolvido. Afinal, o mesmo valor emprestado da Caixa ficou disponível para o próximo prefeito. Mas este não é um caso de “elas por elas”. Para pagar o dinheiro emprestado, a Prefeitura gastará muito mais. Os juros beiram a agiotagem e farão o valor da dívida total passar longe da casa dos R$ 20 milhões. E aí vem a pergunta que não quer calar: será que ao longo de 2020 Lelo e sua equipe não podiam prever que haveria essa sobra de dinheiro e deixar o empréstimo de lado?

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