Coluna Nova Petrópolis

A ERS-235 não será mais duplicada

29/10/2019 - 11h00min

Atualizada em 29/10/2019 - 14h54min

Seguindo o tema da coluna de ontem, sobre a concessão da ERS-235 à iniciativa privada. Na necessária atenção que a comunidade terá que dar ao contrato, muito se falará em duplicação. Afinal, tudo indica que o contrato será de 30 anos. Considerando a tarifa atual da EGR (R$ 7,90 no nosso trecho) e o prazo de 30 anos, a duplicação seria um investimento bastante plausível. Não só no trecho urbano de Nova Petrópolis, mas integralmente até Gramado.

COMPARAÇÃO

No interior de São Paulo os pedágios são muito mais comuns e os investimentos em estradas, imensamente maiores. Lá uma estrada como a ERS-235, com pedágio a R$ 7,90, já estaria devidamente duplicada. Ou estaria em obras. E o mais importante: pista, acostamento, acessos, sinalização, suporte, tudo de primeira qualidade.

NA DÚVIDA

E então, será que com a próxima concessão ERS-235 vai ser duplicada? Eu já estou começando a duvidar. Primeiro porque a concessionária pode até prever recursos para a obra. Mas teria que gastar também com desapropriações. E aí a conversa é outra. Já há políticos locais falando que o sonho da duplicação está perdendo força.

O OUTRO MOTIVO

Mas não é só o motivo financeiro que está tirando o peso do projeto de duplicação no trecho urbano da ERS-235. Está crescendo um movimento popular que prega justamento o oposto. Ou seja, há gente querendo obras que desestimulem o uso do automóvel. E, além de menos carros nas ruas, o que buscam é um trânsito menos veloz, especialmente nas áreas mais habitadas. Por este ponto de vista, em vez da duplicação, que daria mais fluidez ao trânsito motorizado, a rodovia receberia investimentos em urbanização, com largas calçadas, ciclovia, estacionamento e itens de jardinagem.

MENOS AUTOMÓVEIS

Importante notar que não são grupos isolados que defendem este tipo de posição. Percebe-se tal tendência inclusive nos resultados do Nova 2050. Alguns poderão dizer que esse tipo de ideia é um absurdo, que os investimentos em infraestrutura de tráfego são imperiosos, etc, etc, etc. Quando estou ao volante de um automóvel, parado na tranqueira comum em determinados horários de nossa cidade, também sou levado a pensar assim. Que se construam mais estradas! Mas a verdade é que o pensamento oposto faz sentido. É preciso ter menos automóveis dentro das cidades e isso incluiu uma mudança de hábitos, que obviamente será complicada para a maioria das pessoas no curto prazo. Mas o primeiro passo precisa ser dado.

MUDANÇA DE HÁBITOS

Iniciativas que visam menos carros nas cidades e a redução forçada da velocidade nas rodovias em áreas urbanas assemelham-se à ideia do estacionamento rotativo. Ainda não se sabe se ele irá melhorar o turismo e o comércio de um modo geral. Mas a dinâmica urbana certamente irá melhorar, com muitas pessoas deixando de usar o carro no dia a dia.

VELHOS HÁBITOS

Por causa desta benéfica mudança de hábitos que o estacionamento rotativo provoca é que eu me oponho à liberação daquele pátio atrás da Prefeitura para o funcionalismo municipal. Ou melhor, para parte dele. Para este grupo não haverá qualquer mudança de hábitos. E o pior é que isso custa dinheiro público. Na quinta-feira passada a Prefeitura comprou 110 vigotas de concreto para demarcar as vagas no pátio. Custo: R$ 2.464,00. Teria sido muito mais proveitoso investir este valor em bicicletários, que estão sendo prometidos há bastante tempo. Bicicletários sim incentivam a mudança de hábitos para melhorar a cidade!

Copyright© 2020 - Grupo o Diário