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A mão invisível trata de ajustar os preços
Existe na economia um mecanismo que o pai da economia liberal, Adam Smith, chamou de “mão invisível” no século 18. Isto acontece todos os dias nos mais diversos segmentos da economia, desde que não exista monopólio ou oligopólio. No mercado de combustíveis, onde a Petrobras detém 95% do refino de petróleo, a benfazeja mão invisível não funciona. Mas nos postos de gasolina, sim. Vocês se lembram quando a imprensa toda foi pra cima dos postos de gasolina porque não reduziram o valor do diesel em 46%, valor acordado entre o governo e os caminhoneiros. Em primeiro lugar isto não é coisa para governo se meter. Quando o governo se mete tudo vai por água abaixo. Mas teve que se meter porque a Petrobras detém praticamente o monopólio do refino do petróleo. E por outra. Os produtores de etanol são obrigados a vender para a Petrobras. É um negócio que dá nojo, só para proteger a estatal que deveria ser vendida imediatamente ou abrir o mercado numa tacada só e deixar a Petrobras competir com os demais competidores. O governo não faz isso porque sabe que, nestas condições de mercado, a Petrobras vai para o ralo. E com ela os bilhões de impostos que o governo arrecada no mercado de combustíveis, tanto o federal quanto o estadual e o municipal. Ou melhor, manipula. Para proteger uma empresa sacrifica toda a população. É um negócio meio criminoso, que se sustenta por aqui.
AJUSTE
Mas voltando ao mercado de combustíveis, que é a ponta do sistema que são os impostos. A margem que eles têm é muito pequena, mas há competição entre os postos. Logo em seguida da formalização do acordo, toda imprensa foi para a rua ver se os postos tinham reduzido a gasolina em 46%. Queriam que isto acontecesse em 24 horas. É óbvio que os postos se aproveitaram da crise e faturaram. Isto é do sistema. Seriam burros se não fizessem isso. No entanto, lá pelas tantas, coisa de duas semanas, a mão invisível de Adam Smith entrou em ação. O preço dos combustíveis foi se reduzindo até praticamente chegar nos 46%. Este processo leva um tempo para ajuste, que se chama mão invisível. São centenas de milhares de postos de gasolina atuando num mercado cuja margem é pequena, mas o mercado os conduz para o preço que conseguem praticar. Não em 24 horas, mas a partir de duas semanas aproximadamente.
MÃO INVISÍVEL
Este mecanismo de ajuste é a tal da mão invisível de Adam Smith. Num mercado livre, segundo ele, o próprio mercado age para ajustar os preços num patamar justo. Quando o negócio é bom, todos sobem o preço. Foi o que aconteceu num primeiro momento. Perdeu-se inclusive a referência do preço no mercado da ponta, que são os postos. Depois, com o tempo, a mão invisível entrou em ação e tratou de estabelecer o preço justo. Sem que ninguém interviesse, os preços foram caindo até chegar ao patamar atual. Não é o tipo de mercado certo para explicar melhor a mão invisível, mas tem a ver. Em suma, a mão invisível trata de ajustar preços entre vendedores e compradores até o ponto em que o lucro dos vendedores seja o mínimo que necessitam para sobreviver. É o que acontece hoje, dois meses depois da paralisação dos caminhoneiros. O governo não precisou tabelar o preço. O próprio mercado o fez. Em outro artigo explico com exemplo melhor a mão invisível e como funciona mais claramente.