Colunistas
A multa pode ser salgada
Não faz muito tempo e me lembro do levantamento que uma rádio da qual sou ouvinte fazia todos os fins de semana. Eram mais ou menos 20 mortos por fim de semana violentos e outros 20 no trânsito. Na média o total dava em torno de 40 a 50 mortos por fim de semana somando os crimes com as mortes no trânsito. São números trágicos para um Estado como o Rio Grande do Sul, que tem cerca de 11 milhões de habitantes. A gente sabe que o número é bem maior. Este número aí é o que a polícia e outros órgãos passavam para a rádio. Hoje em dia eles não informam mais o número de mortos, mesmo porque ele diminuiu bastante. Tanto na área criminal quanto as mortes no trânsito são números bem mais palatáveis. O que aconteceu nos últimos anos? Nada mais do que o endurecimento da legislação, além da presença maior do Estado onde ele precisa estar. Estamos longe do ideal, muito longe mesmo. Entretanto, qualquer melhora é sempre uma melhora.
DEMORA
Demorou para o governo aumentar as multas que eram ridiculamente baixas para os infratores do trânsito. Menos mal que aumentaram bastante e foi unicamente isto que reduziu o número de acidentes no trânsito. Uma ultrapassagem em local proibido custa caro para quem infringiu a legislação do trânsito. Hoje em dia você pensa duas vezes antes de fazer uma ultrapassagem perigosa. Primeiro tem que pensar na sua vida e na dos outros. Em segundo lugar, você pensa também no seu bolso porque pode custar muito caro. Foi exatamente isto que eu sempre preguei aqui nesta coluna. Em vez de entupir as ruas de quebra-molas, quero a presença do Estado, através da fiscalização presencial e do valor alto das multas. Só metendo a mão no bolso dos maus motoristas é que vamos diminuir os acidentes de trânsito. E eles diminuíram muito.
FALTA A OUTRA PARTE
O que falta ainda é a presença mais forte do Estado onde ele deve estar através da polícia. Nos últimos anos e décadas só tem diminuído o número de policiais, tanto brigadianos quanto civis. E a população só aumenta. Isto significa que pioramos quanto à segurança pública da população. Bem, isto não é novidade para ninguém. O Estado está falido e isto se reflete diretamente no cotidiano da população. Se tivéssemos o número suficiente de policiais quanto preconiza o pessoal do ramo, o número de mortes seria menor ainda. Na noite de sexta-feira uma blitz realizada pela polícia municipal de Novo Hamburgo com bafômetro pegou vários motoristas que estavam acima do limite tolerado. Nem sabia qual era o valor da multa nestes casos. Ela chega perto de R$ 3 mil. E o motorista ainda pode perder a carteira por um período de 12 meses. Portanto, beber hoje em dia e dirigir não é um bom negócio, nem mesmo se o sujeito não se envolve em um acidente. Muitos acham que haverá alguma consequência somente em caso de envolvimento em acidente. Mas não é bem assim. Se o sujeito cai numa blitz não tem escapatória. O carro pode ser levado por um motorista indicado e que não esteja sob efeito de álcool. Mas a carteira do motorista fica e a multa é salgada. Assim é que se combate o trânsito violento. Não com pardais caça-níqueis instalados no meio do mato e que só têm o objetivo de arrecadar.